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Sempre que conheço alguém especial – e nunca deixo uma oportunidade assim escapar –, tento perguntar como essa pessoa chegou aonde está e entender a estratégia que funcionou para ela. Sei que existem milhares de segredos para o sucesso e adoro criar novas regras a partir da minha experiência e da delas. Assim sendo, aqui estão 10 princípios que gostaria de transmitir:

1. NUNCA DEIXE O ORGULHO ATRAPALHAR SEU CAMINHO. Muhammad Ali e eu participamos de vários programas de entrevistas juntos. Sempre o admirei por ser um campeão com uma personalidade incrível, generoso, sempre atencioso com os outros. Se todos os atletas fossem iguais a ele, o mundo seria um lugar melhor. Nós nos encontrávamos antes de entrar no ar e ficávamos fazendo graça. Certa vez, ele me desafiou a jogá-lo contra a parede, se fosse capaz. Acho que alguém no mundo do boxe devia ter lhe dito para começar a fazer musculação como George Foreman, porque Ali era mais conhecido por sua velocidade e pelo uso da psicologia. Ele estava pensando em acrescentar “forte como um touro” a “leve como uma borboleta, com o ferrão de uma abelha”, e queria sentir a verdadeira potência de um fisiculturista. Consegui empurrá-lo contra a parede, e ele comentou: “Caramba, a musculação funciona de verdade. Legal. Muito legal mesmo.”

Em nosso encontro seguinte, ele estava acompanhado de alguns amigos e falou: “Vejam só isso. Ei, Arnold, tente me empurrar.”

“Deve ser uma armadilha”, pensei. “Ninguém quer ser empurrado na frente dos amigos.”

Comecei a fazer o que ele havia pedido e consegui imprensá-lo outra vez contra a parede. “Não falei? Não falei?”, disse ele. “Esse cara é forte mesmo. Esse negócio de musculação é realmente muito bom.”

Ali não se importava em perder uma disputa. Tudo o que ele queria era mostrar aos amigos que o treino com pesos funcionava. As pernas e os quadris mais fortes proporcionados pela musculação poderiam ser úteis no boxe.

2. NÃO PENSE DEMAIS. Se você passa o tempo todo pensando, a mente não consegue relaxar. O mais importante é deixar tanto a cabeça quanto o corpo flutuarem. Então, quando tiver que tomar uma grande decisão, você terá toda a sua energia disponível. Isso não significa que não deva usar o cérebro, mas parte de nós precisa saber agir de forma instintiva. Quando para de analisar tudo, você se livra de todo o lixo que o sobrecarrega e impede seu avanço. Desligar a mente é uma arte, uma forma de meditação. O conhecimento é algo extremamente importante ao tomarmos decisões, e a razão disso não é necessariamente evidente. Quanto mais informações temos, mais livres nos tornamos para confiar nos próprios instintos. Na maioria dos casos, porém, as pessoas que detêm o conhecimento ficam atoladas, imobilizadas. Quanto mais sabem, mais hesitam, e é por isso que até os indivíduos mais inteligentes passam por grandes fracassos. Um boxeador sobe ao ringue levando uma imensa quantidade de conhecimento – em que momento se esquivar, atacar, contra-atacar, recuar, bloquear. No entanto, se fosse pensar em tudo isso na hora de levar um golpe, estaria acabado. Ele precisa usar tudo o que sabe em um décimo de segundo. Quando você não confia no seu processo de tomada de decisões, ele pode prejudicar seu avanço.

Por pensarem demais as pessoas não conseguem dormir à noite: sua mente não para e elas não conseguem desligá-la. O excesso de análise é prejudicial. Em 1980, quando Al Ehringer e eu quisemos revitalizar um quarteirão na Main Street, em Santa Monica, os investidores com os quais estávamos disputando os imóveis deixaram que suas preocupações os impedissem de agir. Nós tínhamos feito as mesmas pesquisas que eles e vimos que havia algumas incertezas que poderiam limitar o potencial de valorização da área. O terreno era uma antiga servidão para bondes e não estava disponível para venda, apenas para um leasing de longo prazo. Além disso, os terrenos vizinhos estavam contaminados com resíduos químicos. E se nossa parte também tivesse problemas? A propriedade transpunha a fronteira entre Santa Monica e Venice, então não estava claro que impostos e regulamentos locais deviam ser aplicados. Não nos prendemos a esses problemas, mas nossos concorrentes sim, e depois de algum tempo tudo o que conseguiam ver eram os riscos. Assim, eles desistiram do negócio quando aumentamos nosso lance, e acabamos arrematando os imóveis. Em dois anos, conseguimos converter o leasing em compra e nossa aposta começou a render frutos – o número 3.100 da Main Street revelou-se um investimento fenomenal. No cinema, muitos contratos são fechados sob pressão. Se você vacilar, está fora. No caso de Irmãos gêmeos, tínhamos um prazo: a Universal precisava saber se Danny, Ivan e eu estávamos todos dentro. Não houve tempo para os agentes se falarem, então nós três fechamos o acordo em um guardanapo de papel durante o almoço. Simplesmente assinamos e nos levantamos da mesa. Posteriormente, Danny mandou emoldurar o guardanapo.

3. ESQUEÇA O PLANO B. Para se desafiar e crescer, você precisa abrir mão da rede de segurança. No início de 2004, os números da opinião pública em relação às minhas propostas recém-anunciadas de votação popular eram muito ruins; estávamos pedindo aos eleitores a permissão para refinanciar uma dívida de 15 bilhões de dólares. Nossos especialistas em orçamento já estavam se descabelando.

– O que vamos fazer se as propostas forem rechaçadas? Precisamos de um plano B – disseram eles.

– Por que assumir uma atitude derrotista? – indaguei. – Se não houver plano B, o plano A vai ter que funcionar. Nós acabamos de anunciar as propostas. Existe muita coisa que podemos fazer para chegar mais perto do objetivo.

Se estiver ansioso, em vez de traçar planos de emergência, pense no pior que pode acontecer se o que está tentando fazer não der certo. Qual seria a gravidade disso? Logo vai descobrir que na verdade não tem importância nenhuma. Se perder uma eleição para governador, pode ficar humilhado, mas isso é o pior que pode acontecer. Pense em todos os candidatos presidenciais que perdem eleições. As pessoas entendem que é assim que funciona. Considerei que, se perdesse a disputa para governador, simplesmente voltaria a fazer filmes e continuaria a ganhar muito dinheiro. Seria um cara livre, comeria bem, andaria de moto e passaria mais tempo com minha família. Assim, fiz tudo o que podia para conseguir o cargo – reuni a melhor equipe, arrecadei dinheiro, fiz uma excelente campanha. Se não tivesse dado certo, eu teria dito: “Não deu certo desta vez e pronto.” Quando perdi todas as propostas de votação popular que apresentei em 2005, não morri por causa disso. A vida seguiu seu curso e liderei uma missão comercial fantástica à China. Um ano depois, fui reeleito.

A imagem da infelicidade para mim são os caras que trabalhavam nas minas de diamante da África do Sul quando estive lá, nos anos 1960. As minas ficavam a quase meio quilômetro de profundidade, fazia um calor de 43oC, os trabalhadores ganhavam um dólar por dia e só podiam voltar para casa e visitar a família uma vez por ano. Isso, sim, é estar profundamente na merda. Qualquer coisa melhor do que isso significa que você está bem.

4. É POSSÍVEL DIZER BARBARIDADES BEM-HUMORADAS PARA UM ACERTO DE CONTAS. Em 2009, meu amigo Willie Brown, ex-prefeito de São Francisco e presidente da Assembleia que ocupou o cargo por mais tempo em toda a história da Califórnia, estava organizando um evento beneficente para o Partido Democrata no estado no hotel Fairmont, em São Francisco, e nós dois pensamos que seria engraçado se eu desse uma passada lá.

Apareci sem ser anunciado e dei um grande abraço em Willie na frente de todo mundo, o que fez metade dos democratas surtar e a outra metade cair na risada. Então um membro da Assembleia recém-eleito chamado Tom Ammiano, também de São Francisco, levantou-se de sua cadeira e começou a gritar na minha direção, apontando para si mesmo: “Este gay aqui quer que o senhor vá se ferrar!” Saiu até na imprensa. Além de político, Ammiano era humorista profissional. Não fiz nenhum comentário. Muito engraçado, hahaha. Mas pensei com meus botões: “Vai chegar uma hora em que terei o poder de aprovar leis, e um dia vou receber uma lei defendida por ele...”