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Ela?, pensei. Mas de que porra Magnum estava falando? Ela quem? Janet? Será que eles estavam querendo pegar Janet? Mas não fazia nenhum sentido. Janet era uma mera assistente, a troco de quê eles iriam atrás dela? Um Magnum visivelmente abalado desligou o telefone e murmurou as seis palavras mais venenosas que eu já tinha ouvido na vida. Ele falou, sem um traço de emoção na voz:

– Eles vão indiciar sua mulher amanhã.

Houve alguns momentos de silêncio aterrador, e então, subitamente, dei um pulo da cadeira onde estava sentado e gritei:

O quê? Mas nem fodendo! Como eles podem fazer isso? Ela não fez nada! Como eles podem indiciar minha Duquesa?

O homem de Yale jogou as mãos para o ar e encolheu os ombros. Então ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas nenhuma palavra saiu. Virei-me para Magnum e disse, em um tom de desespero:

– Caralho, ah, meu Deus! Merda! Mas que porra de merda!

– Acalme-se – disse Magnum. – Você precisa se acalmar. Joel não vai fazer nada por enquanto. Ele prometeu esperar até que eu conversasse com você.

– Falar comigo sobre o quê? Eu… Eu não estou entendendo. Como eles podem acusar minha esposa de alguma coisa? Ela não fez nada!

– De acordo com o que Joel me disse, eles têm uma testemunha que diz que ela estava no quarto com você quando estava contando dinheiro. Mas ouça bem: os fatos não são realmente importantes. Joel não tem interesse em processar Nadine. Ele deixou isso bem claro para mim. Ele quer apenas que você coopere; esse é o começo e o fim de tudo. Se você cooperar, sua esposa fica livre. Caso contrário, eles vão prendê-la amanhã. A decisão é sua.

Dizendo isso, Magnum olhou para seu relógio de pulso. Era um daqueles propositalmente discretos, supercaros, com uma pulseira de couro marrom-chocolate e uma face branco-pérola. Devia ter custado uns 20 mil dólares, calculei, mas era o tipo de relógio que supostamente anunciaria “Eu sou um sujeito tão confiante e bem-sucedido que não tenho necessidade de usar um relógio de pulso de ouro reluzente para projetar uma imagem de sucesso e de confiança”. Magnum acrescentou:

– Ele me deu até as 4 horas para retornar, ou seja, em quatro horas a contar de agora. Diga-me o que você quer fazer.

Bem, estava claramente óbvio que eu não tinha escolha. Eu teria de cooperar agora, independentemente das consequências. Afinal, eu não podia deixar Joel indiciar minha esposa. Nem em um milhão de anos.

Espere um segundo! De uma vez só, uma série de pensamentos deliciosos borbulhou em meu cérebro, começando com: Como a Duquesa poderia me deixar se ela também fosse indiciada? Ela estaria presa a mim, certo? Nós seríamos como duas ervilhas numa vagem. O que quero dizer é: qual homem em seu juízo perfeito iria assumir o ônus de uma mulher indiciada e com duas crianças?

Sim, a Duquesa podia ter uma bunda de categoria internacional, sem dúvida, mas duas crianças novinhas e um processo federal pairando sobre a cabeça dela a tornariam muito menos atraente para a nova mina de ouro.

Na verdade, eu seria obrigado a dizer que praticamente todas as minas de ouro existentes, ou pelo menos as mais produtivas, iriam rapidamente fechar seus veios para uma mulher envolvida em tais circunstâncias terríveis. Ela se tornaria, em si, uma história de advertências, uma jovem mulher com mais bagagem que o depósito de achados e perdidos do aeroporto Kennedy.

Então, sim, essa seria a resposta. Não havia outra maneira: eu deixaria que a Duquesa fosse comigo para o meio do fogo. Deixaria que ela fosse indiciada também. E ela, então, não teria outra escolha a não ser continuar casada comigo. Esse era o único movimento lógico que me restava fazer. Era meu único movimento racional. Olhei Magnum nos olhos, torci os lábios subversivamente e disse:

– Telefone para aquele rato e diga a ele para se foder – fiz uma pausa por alguns instantes e observei cada gota de cor desaparecer de seu bonito rosto comprido. E então acrescentei: – E então, depois de dizer isso, pode contar que eu irei cooperar.

Ouvindo isso, Magnum e o rapaz de Yale deixaram escapar um sopro gigante de ar. Continuei:

– O que quero dizer é que realmente não me importo mais, mesmo se eu for para a cadeia por 20 anos. Realmente, não dou mais a mínima.

Foi ironia pura, evidente. Minha mulher tinha me traído e ia me largar em meu momento mais sombrio e desesperado, mas eu ainda estava disposto a desembainhar minha espada para protegê-la. Não venha me falar que o mundo está de cabeça para baixo…

Magnum concordou com a cabeça lentamente.

– Você está tomando a decisão correta, Jordan.

– Está mesmo, e no fim as coisas vão se resolver – acrescentou Nick.

Olhei para o homem de Yale e dei de ombros.

– Pode ser que sim, Nick, mas pode ser que não. Só mesmo o tempo para dizer. Seja como for, sei que estou fazendo a coisa certa. Disso eu sei com certeza. Nadine é a mãe de meus filhos, e eu não vou deixá-la passar nem um dia sequer na cadeia, não se eu puder evitar.

CAPÍTULO 4

UMA RELAÇÃO DE AMOR E ÓDIO

Mais tarde, naquela mesma noite, alguns minutos antes da meia-noite, eu estava deitado sob meu edredom branco de seda, sozinho com meus pensamentos. Eu me sentia completamente sozinho, como se fosse um homem sem país, um homem sem propósito. Também me sentia como alguém à deriva em um vasto oceano de seda chinesa. Ah, sim, a Duquesa tinha decorado o quarto com esmero; de fato, a casa toda havia sido decorada com esmero, mas especialmente aquele aposento, que era digno de um rei e, como tal, um escárnio ao Lobo caído.

O que eu era agora? Quão fundo eu tinha caído? Estava em prisão domiciliar e sendo abandonado por uma Duquesa garimpando ouro: uma duquesa com cidadania britânica nascida no Brooklyn, que tinha o rosto de um anjo, o temperamento do Vesúvio e a lealdade de uma hiena faminta.

Respirei fundo e tentei me recompor. Porra, eu estava arruinado! Sentei-me na cama e olhei em volta do quarto. Estava completamente nu, totalmente exposto. Cruzei os braços, como se estivesse me sentindo envergonhado. Apertei os olhos. Nossa, estava escuro ali dentro. A única luz vinha da tela de TV de tela plana que estava suspensa na parede, acima da lareira de pedra calcária. O volume tinha sido posto no mudo, de forma que o quarto estava estranhamente silencioso. Eu conseguia ouvir o som de minha própria respiração, assim como o tum, tum, tum de meu coração partido.

E onde estava minha querida esposa que partiu meu coração? Bem, isso ainda era um mistério para mim. Supostamente ela estaria em Manhattan, com as amigas. Pelo menos era isso que dizia seu bilhete, alguma coisa sobre ter de participar da festa de aniversário de 30 anos de sua amiga Gigi, que eu me lembrava claramente de ter sido comemorado há três meses, em junho. Ou talvez eu só estivesse sendo paranoico, e a traidora da Duquesa ainda merecesse confiança.

Eu tinha encontrado o bilhete em cima do balcão da cozinha, debaixo de um pote de cerâmica do Ursinho Puff que custara 1.400 dólares (um item de colecionador de algum tipo, comprado em leilão), com as palavras Querido e Amor conspicuamente ausentes da saudação e do encerramento. Era como se fosse um bilhete trocado entre dois estranhos, um chamado Jordan e o outro Nadine, nenhum dos quais amava ou respeitava o outro. Apenas o fato de ler aquelas palavras tinha colocado meu espírito ainda mais para baixo.