Выбрать главу

No entanto, por mais problemática que fosse a decisão do Chef, ela parecia um distante segundo violino se comparada a meus problemas com Chandler, que desde meados de fevereiro tinha estado fora de si pela emoção. Os 80 dias haviam se passado e eu ainda não tinha acabado de dar minha volta ao mundo. Ela sabia que havia algo errado, e minhas desculpas tinham se esgotado semanas antes.

– Onde você está? – ela continuava choramingando. – Por que você não vem para casa? Eu não entendo! Você prometeu! Você não me ama mais...

Foi então que a Duquesa e eu fizemos as pazes um com o outro. Nós mal tínhamos trocado dez palavras desde aquela terrível manhã de quarta-feira e então eu não tinha mais escolha. O sofrimento de nossa filha eclipsava o desprezo mútuo que sentíamos.

A Duquesa me disse que Chandler estava chateada assim havia meses, não deixando transparecer as emoções ao telefone apenas para meu benefício. Ela chorou no Dia de Ação de Graças e não tinha parado de chorar desde então. Algo tinha que ser feito, disse a Duquesa. Nossa estratégia de proteção tinha saído pela culatra. Sugeri que ela telefonasse para Magnum e contasse a ele o que estava acontecendo, e foi o que ela fez; Magnum foi até o gabinete da Procuradoria implorando que fizessem alguma coisa. Chega de atrasos!, suplicou. Não se tratava mais de Jordan Belfort, era sobre uma criança, uma criança que estava sofrendo.

E foi assim que aconteceu: moções foram feitas, audiências foram realizadas, detalhes foram trabalhados e, na última sexta-feira de fevereiro, o juiz Gleeson assinou uma ordem para minha libertação. A partir daí, Magnum imediatamente avisou a Duquesa, que ligou imediatamente para Gwynne, que imediatamente pegou um avião para a Califórnia. Ela pousou em um sábado, passou duas noites na nova mansão da Duquesa em Beverly Hills e, em seguida, embarcou em um voo de manhã cedo, de volta para Nova York, com as crianças a tiracolo. Ela iria pousar às 5 da tarde, exatamente dali a três horas e meia.

Com esse pensamento, respirei de maneira profunda e ansiosa, e bati na porta brilhante do apartamento 52 C. Eu já tinha estado ali uma vez, e por dentro era absolutamente lindo. Um grande hall de mármore negro levava a uma sala de estar com painéis de mogno e com telas afixadas nas paredes. O teto ficava 6 metros acima do piso de mármore italiano. No entanto, por mais bonito que fosse o lugar, ele era também um dos mais tristes apartamentos de toda Manhattan, porque fora ali, naquele mesmo apartamento, onde o filho de Eric Clapton, de 4 anos de idade, havia acidentalmente caído da janela do quarto. Eu tinha ficado relutante em alugá-lo por causa disso, mas KGB me garantiu que o apartamento tinha sido abençoado por um padre e um rabino.

Então a porta se abriu, mas apenas um pouco. Um momento depois, eu vi aparecer a familiar cabeça loira soviética por entre a fresta. Sorri para minha comunista preferida e disse, com sotaque russo:

– Abrir a porta!

Ela puxou a porta e a abriu totalmente, mas em vez de jogar os braços a meu redor e me regar com beijos, ela só ficou lá com os braços cruzados sob os seios. Ela estava usando um par de calças jeans muito apertados. O brim fora ferozmente pré-lavado e os joelhos e coxas tinham o número apropriado de rasgos e furos neles. Eu não era um especialista em jeans femininos, mas sabia que aqueles custavam uma fortuna. Ela usava uma camiseta branca simples que parecia sedosa como vison. Seus pés estavam descalços e ela estava batendo o pé direito no chão de mármore, como se estivesse se debatendo se ainda me amava ou não.

Fingindo estar insultado, disse:

– Bem, você não vai me dar um beijo? Fiquei preso por quatro meses!

Ela encolheu os ombros.

– Vir pegar se quiser.

– Tudo bem, vou pegar você, sua atrevida!

De repente saí correndo atrás dela, como um touro enfurecido pelos hormônios. Ela desistiu de sua pose e saiu correndo.

– Socorro! – gritou. – Estou sendo perseguida por capitalista! Socorro, polizia!

Uma escada de mogno curva no centro da sala erguia-se para o andar de cima, e ela subiu os três primeiros degraus como uma corredora olímpica. Eu estava uns bons 4 metros atrás dela, distraído pela pura opulência do lugar. A parede traseira era toda de vidro, mostrando a mais impressionante vista de Manhattan que eu já tinha visto. Excitado como estava, ainda assim eu não podia deixar de admirá-la.

No momento em que cheguei à escada, ela estava sentada lá no alto, as longas pernas escancaradas em completa indiferença. KGB estava recostada casualmente, com as palmas das mãos apoiadas no piso de madeira. Ela não estava nem um pouco sem fôlego. Quando alcancei o degrau logo abaixo dela, caí de joelhos, bufando e resfolegando. Por ter ficado preso durante tanto tempo, estava em más condições físicas. Corri meus dedos pelos cabelos dela, descansando um pouco para recuperar o fôlego.

– Obrigado por esperar – finalmente disse. – Quatro meses é muito tempo.

Ela encolheu os ombros.

– Eu sou menina russa. Quando nosso homem senta-se na prisão ter que esperar – ela se inclinou e me beijou na boca, suavemente, ternamente. E eu ataquei!

– Preciso fazer amor com você agora! – rosnei. – Aqui mesmo, no chão – e antes que ela percebesse o que tinha acontecido, já estava deitada e eu por cima dela, esfregando meus jeans em seus jeans, pelve contra pelve. Beijei-a profundamente, apaixonado!

De repente, ela virou a cabeça para o lado e eu estava beijando seu rosto.

Nyet! – choramingou. – Aqui não! Eu tenho surpresa para você!

Uma surpresa, pensei. Por que ela não podia simplesmente aprender de uma vez a usar os artigos? Ela estava tão perto da perfeição! Quem sabe existisse algum curso que ela pudesse fazer, um livro que pudesse ler...

– Que tipo de surpresa? – perguntei, ainda sem fôlego.

Ela começou a se contorcer por baixo de mim.

– Venha – disse ela. – Eu vou mostrar, está em quarto.

Ela pegou minha mão e começou a me puxar para cima.

O quarto principal ficava a menos de 3 metros da escada. Quando eu o vi, fiquei sem palavras. Dezenas de velas acesas estavam espalhadas por todo o aposento, no carpete escuro... Dos quatro lados da plataforma de laca preta da cama... Na cabeceira de laca preta da cama, com seu suave acabamento curvo com bordas douradas... E depois alinhadas de ponta a ponta no peitoril de quase 6 metros da janela, na parede mais distante. As cortinas vermelhas bloqueavam até a última nesga de luz solar. As luzes estavam apagadas, e as chamas das velas tremeluziam suavemente.

Na cama king-size havia um edredom de seda italiana azul royal estofado com tantas penas de ganso que parecia macio como uma nuvem. Nós mergulhamos nele com uma risadinha e eu manobrei rapidamente para ficar por cima dela. Em menos de 5 segundos estávamos fora de nossos jeans e gemendo apaixonadamente.

Uma hora depois, ainda estávamos gemendo.

PRECISAMENTE ÀS 5 HORAS o porteiro ligou e disse que eu tinha três visitantes no térreo. O adulto estava esperando pacientemente, ele disse com uma risada, mas as crianças não. O menino tinha corrido, passando por ele para apertar o botão do elevador, e ainda o estava apertando naquele exato minuto. A menina, no entanto, não tinha feito isso; ela estava de pé olhando para ele com suspeita. E, pelo som da voz do porteiro, ela parecia deixá-lo nervoso.

– Pode deixar subir – eu disse, alegremente.

Desliguei o telefone, agarrei a mão da KGB e desci as escadas até o andar de baixo, abrindo a porta da frente. Alguns momentos depois, ouvi a porta do elevador se abrir. E depois, a voz familiar de uma menina:

– Papai! Onde está você, papai?

– Eu estou aqui! Siga a minha voz – disse em voz alta, e um momento depois eles viraram a esquina e vieram correndo em minha direção.