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Fiquei chocado. E totalmente arrasado. Mas, acima de tudo, fiquei chateado por ela ter usado “inho” para se referir a mim… Idiotinha egoísta, para ser mais exato. A Duquesa sabia que eu era muito sensível sobre minha altura!

Mas eu me recusei a ficar com raiva. Em vez disso, peguei seu rosto com as duas mãos e a beijei, mantendo meus lábios sobre os dela e tentando desesperadamente conseguir algum ritmo. Mas foi difícil. Ela estava mexendo a cabeça loira de um lado para o outro, como se fosse uma criança recusando uma colher de óleo de rícino, e ficava desviando os quadris em um exagerado movimento circular.

Com um pouco da minha raiva já transbordando, reclamei:

– Fique quieta, Nadine! O que há de errado com você?

Sua resposta venenosa foi:

– Foda-se! Eu odeio você, eu odeio você! – disse e agarrou meu rosto, completando: – Olhe em meus olhos, Jordan. Olhe em meus olhos agora.

Eu olhei. Ela continuou:

– Nunca se esqueça do que se passou com este casamento, nunca se esqueça dessa porra. – Seus olhos azuis eram como raios da morte vítreos. – Esta é a última vez que você vai me foder. É isso, você pode guardar minhas palavras. Você nunca mais vai transar comigo novamente, então é melhor aproveitar enquanto dura. – E ela começou a se esfregar em mim com estocadas profundas, rítmicas, como se ela estivesse tentando me fazer gozar bem ali, naquele exato momento e pronto.

Caralho!, pensei. Ela realmente tinha exagerado em seu pileque de tequila. Ela não estava mesmo querendo dizer tudo aquilo que acabara de expressar em palavras, estava? Como um rosto tão bonito como aquele podia despejar tanto veneno? Não fazia sentido… Eu sabia que a coisa certa a fazer era pular para fora dela, para não lhe dar a satisfação de me fazer gozar enquanto me dizia que me odiava… Mas ela estava absolutamente linda sob aquela luz cor de damasco do abajur. Então, foda-se!, pensei. Era impossível compreender as mulheres, e se ela estava de fato falando a verdade sobre ser minha última vez, então seria melhor que eu fizesse valer a pena ou que pelo menos eu gozasse rapidamente, antes que ela mudasse de ideia e dissesse que a última vez… Tinha sido a última vez… Então, com uma estocada profunda, tentei ao máximo chegar na base do colo do útero e… Bang! Assim, do nada, eu gozei dentro dela.

– Eu te amo, Nae…

Ela gritou em resposta:

– Eu odeio você, seu idiota!

Então eu saí de cima dela.

Lá ficamos os dois, deitados, pelo que pareceu um longo período, que na verdade não passou de 5 segundos, no que ela me empurrou e começou a chorar histericamente. Seu corpo tremia vulcanicamente, enquanto falava entre soluços terríveis e angustiantes:

– Ah, meu Deus! O que foi que eu fiz? O que foi que eu fiz?

Ela continuou repetindo essas mesmas palavras enquanto fiquei ali, deitado ao lado dela, congelado de horror.

Tentei passar o braço ao redor dela, mas Nadine o afastou.

E então vieram mais soluços, e ela me disse uma coisa que jamais irei esquecer, pelo resto de minha vida:

– Era dinheiro manchado de sangue! – soluçou ela. – Era tudo manchado de sangue! – Ela mal conseguia pronunciar as palavras em meio a todos aqueles soluços. – Eu sabia disso o tempo todo e não fiz nada. As pessoas perderam seu dinheiro e eu gastei tudo. Ah, Deus, o que foi que eu fiz?

De repente, eu me descobri ficando intensamente raivoso. Foi a referência ao dinheiro manchado de sangue, o pensamento de que tudo aquilo que compartilhamos, incluindo meu próprio sucesso, estava de alguma forma maculado por isso. Foi como se nosso casamento inteiro tivesse sido uma farsa, como se nada daquilo que existia a minha volta fosse real e genuíno. Eu era um homem feito de partes, e a soma delas não era igual a um todo. Eu estava cercado por riqueza, beleza e ostentação, mas ainda assim me sentia pobre, feio e irremediavelmente sem graça. Eu ansiava por dias mais simples. Eu ansiava por uma vida mais simples. Eu ansiava por uma mulher mais simples.

Sem fazer nenhum esforço para esconder meu desagrado, inclinei-me rapidamente sobre ela.

– Dinheiro manchado de sangue! – esbravejei. – Ah, dá um tempo, Nadine, porra! Eu trabalho em Wall Street, não sou um filho da puta de um mafioso – balancei a cabeça em desgosto. – Tudo bem, eu tomei alguns atalhos, do mesmo jeito que todo mundo faz, então controle-se, caralho!

Em meio a soluços terríveis, vindos diretamente da boca do estômago, ela continuou:

– Ah, Deus, você corrompeu todo mundo, até minha própria mãe! E eu… Eu… Só fiquei lá… Assistindo… E… E torrando… Esse di… nheiro… man… chado de sangue! – ela estava soluçando tão descontroladamente que suas palavras saíam entrecortadas.

– Sua mãe? – gritei. – Você sabe quão bem tratei sua mãe? Quando eu a conheci ela estava sendo despejada da merda do apartamento por não ter pagado a porra do aluguel! E eu tomei conta do idiota do seu irmão e do idiota do filho da puta do seu pai, e da sua irmã e de você e de todo mundo, caralho! E é isso que eu recebo de volta? – fiz uma pausa, tentando me controlar. Eu também estava chorando agora, mas a raiva era tanta que não havia lágrimas. – Eu não posso acreditar nessa porra! – gritei. – Não posso acreditar nessa porra! Como você pode fazer isso agora? Você é minha mulher, Nadine. Como consegue fazer isso agora, porra?

– Desculpe, desculpe – disse ela, chorando. – Desculpe, eu não tive a intenção de te machucar – ela estava tremendo como uma folha. – Eu não tive intenção… Eu não tive intenção.

E então ela saiu da cama, enrolando-se numa posição fetal sobre o tapete Edward Fields de 120 mil dólares e continuou a chorar incontrolavelmente.

E isso foi tudo.

Eu soube naquele momento que tinha perdido minha esposa para sempre. Qualquer que tivesse sido o vínculo que a Duquesa e eu tínhamos compartilhado um dia, já tinha sido gravemente partido. Se eu iria ou não fazer amor com ela de novo era apenas uma questão semântica, e, na verdade, eu já não me importava tanto com isso. Afinal, eu estava enfrentando problemas muito maiores do que onde ou quando dar uma trepada.

De fato, no final do corredor estavam nossos dois filhos pequenos, vítimas inocentes daquilo tudo, que estavam prestes a acordar para uma das mais cruéis realidades da vida: nada dura para sempre.

CAPÍTULO 5

O TOC E O MÓRMON

Na manhã seguinte, eu estava de volta à limusine.

Dessa vez, no entanto, o terrorista não estava me levando pelos cantos sombrios a oeste do Queens; em vez disso, ele me levava pelos intestinos rançosos do oeste do Brooklyn. Na verdade, estávamos passando pelo pesadelo demográfico conhecido como Sunset Park, uma vizinhança tão etnicamente diversa – carregada de chineses e coreanos e malaios e vietnamitas e tailandeses e mexicanos e porto-riquenhos e dominicanos e salvadorenhos e guatemaltecos, mais um punhado de notáveis e bobos finlandeses, que eram muito lentos para perceber que o resto de seus irmãos tinha fugido 30 anos atrás, quando as hordas étnicas invadiram o lugar – que, olhando pela janela lateral do carro, me senti como se estivesse passando pelo estacionamento da ONU depois de um ataque com mísseis.

Sim, essa parte do Sunset Park era, de fato, uma merda. Era nada mais que uma faixa de terra e asfalto plano pontuada por armazéns em ruínas, lojas desertas, cais apodrecendo e cocô de passarinho. O centro de Manhattan, para onde de fato eu me dirigia naquela manhã, ficava a poucos quilômetros a oeste, do outro lado do poluído East River. Do meu ponto de vista atual, à direita da limusine e no banco de trás, eu podia ver as agitadas águas do rio, o imponente horizonte de Lower Manhattan e o glorioso arco da ponte Verrazano-Narrows, que se estende até o bairro não tão glorioso de Staten Island.