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– E sobre Grunfeld? – perguntou TOC.

Eu balancei a cabeça.

– George ficou de fora. Na verdade, foi a primeira questão levantada por Lester. Ele não servia a nenhum propósito útil, guinchou Lester. Era um cara bom e coisa e tal, mas era um peso morto. Mike e eu tínhamos tudo o que era necessário para tocar uma empresa. De qualquer forma, eu disse a Lester que iria pensar sobre o assunto, embora, lá no fundo, realmente não tivesse nenhuma intenção de seguir adiante. Ainda estava abalado pela história da empresa de carnes, e percebi que era preferível esperar por um tempo para ver.

– Onde estamos agora na linha do tempo? – perguntou o Canalha.

– Início de setembro – respondi –, que foi quando as coisas começaram realmente a esquentar. Primeiro, Danny passou no teste para ser corretor, e eu o chamei até meu apartamento para uma sessão de treinamento. Sentado no meu sofá da sala de estar, comecei. “Muito bem”, disse eu, “aqui está a questão: a primeira chave para vender uma ação é aprender a ler a partir de um roteiro sem soar como se estivesse lendo um roteiro. Você entendeu?”. “Sim”, disse ele, confiante, “não há problema algum”. “Bom”, respondi. “Finja que você é um ator em um palco: você levanta a voz e abaixa a voz, você acelera e, em seguida, vai mais devagar. Você deve manter os clientes interessados, vidrados em cada palavra sua. E nem pense em pegar o telefone até que saiba todas as respostas para todas as objeções potenciais. Você nunca pode parecer perplexo, Danny… Nunca!”. Ele acenou com a cabeça, confiante de novo. “Entendi, amigo. Você não tem que se preocupar com Danny Porush. Ele pode vender gelo para um esquimó e petróleo para um árabe!”. “Eu tenho certeza de que ele pode fazer isso,” concordei. “Mas, lembre-se, você tem que conhecer esse script como a palma de sua mão. Você não pode gaguejar, que é o primeiro sinal de um vendedor novato, pois o cliente vai sentir o cheiro direto através do telefone”.

E continuei:

– Eu sorri para ele, enquanto Denise olhava com ansiedade. Eu tinha contado a ela que achava Danny um tremendo vendedor, apesar de nunca tê-lo ouvido vender alguma coisa. Mas ele tinha uma atitude muito arrogante, por isso eu sabia que ele seria ótimo. Com a cafeteira na mão, Denise sorriu para Danny e disse: “Você quer que eu vá para a cozinha, para não deixá-lo nervoso?”. Danny acenou para ela: “Ora, Denise, para um cara como eu isso é como dar tiros em peixes num barril…”. Denise encolheu os ombros e disse: “O.k., então eu vou ficar aqui e ouvir você”. Danny assentiu, enquanto eu lhe entregava o script da Arncliffe National. “Muito bem”, disse eu, “vamos fingir que você está me ligando e a gente interage um pouco”. Ele concordou, pegou o script das minhas mãos, limpou a garganta com uma série de uhums e uhus. Por fim, com grande confiança, ele disse: “Alô, Jordan está?”. “Sim”, respondi rapidamente, “estou bem aqui. Como posso ajudar?”. Danny estalou o pescoço, como se fosse um lutador antes de entrar no ringue: “Oi, Jordan, aqui quem fala é Danny Porush, ligando do… Ligando de… ãh… Er… Investors’ Center. Como… Como está passando?”, e então ele fez uma pausa, suando em bicas. Denise disse que iria para a cozinha “para deixar vocês dois sozinhos” e um Danny de repente humilde respondeu “Sim, eu, uh, acho que é uma boa ideia, Denise. Isso é um pouco mais difícil do que parece”, e então ele limpou uma gota de suor da testa.

– Pare com isso – disse TOC. – Você está exagerando, ele não pode ter ido tão mal assim.

Eu comecei a rir.

– Mas ele foi, Greg. Na verdade, ele foi tão mal que, depois de ele sair do meu apartamento naquela noite, Denise me disse: “Olha, querido, é impossível que ele vá conseguir. Ele parece um retardado. Quer dizer, por que ele ficou resmungando a noite inteira? Por que ele não consegue falar como uma pessoa normal?”. E eu respondi: “Não sei, talvez ele tenha uma rara forma de síndrome de Tourette que só se manifesta quando ele tem de vender alguma coisa”, e Denise concordou. De qualquer forma, fiz questão de ir trabalhar no dia seguinte porque queria testemunhar a carnificina em primeira mão, mas então algo estranho aconteceu, algo muito inesperado. Eu estava sentado a poucos metros de Danny, tentando conter o riso. Ele estava fazendo seu velho “Oi… Ãh… Eu… Da-anny Por-ush… Como… Hã… Vai você” quando, de repente, snap!, aquela gagueira parou completamente e ele começou a falar de maneira inacreditável. Parecia quase tão bom quanto eu, quase..

Pisquei para meus captores e continuei:

– Danny começou a fechar negócios a torto e a direito, e depois de duas semanas, como sinal de companheirismo, perguntei se ele não queria me acompanhar em uma visita a meu contador, na cidade. O dia 15 de outubro se aproximava e eu ainda estava em aberto com meus impostos de 1987. Danny concordou alegremente, e lá fomos nós. Nós pulamos no meu Jaguar branco pérola e fomos para Manhattan em uma quarta-feira à tarde. Agora, vejam vocês, até aquele momento eu achava que Danny fosse um cara completamente normal, porque se vestia de forma conservadora, agia de forma conservadora e vinha de uma família muito boa. Ele tinha crescido na South Shore de Long Island, na cidade de Lawrence, que é uma área muito rica, e seu pai era um nefrologista dos bons. Danny se referia a ele como o Rei do Rim no Brookdale Hospital. No entanto, no front do lar, Denise tinha ouvido alguns rumores muito estranhos sobre Danny: a saber, que ele e sua esposa, Nancy, eram primos de primeiro grau. Claro que eu disse a Denise que ela era louca, porque não havia nenhuma maneira de Danny deixar de me contar isso. Na maior parte do tempo que passamos juntos, ele reclamava da mulher, dizendo que a única missão na vida dela era fazer com que a vida dele fosse a mais miserável possível. Então, pensei, por que ele não me contaria que ele e Nancy eram primos de primeiro grau? Não fazia sentido. Quer dizer, se fosse verdade, isso definitivamente exerceria um papel em tudo. Mas eu nunca descobri uma maneira de abordar o assunto com ele, então eu só deixei isso de lado, descartando a história como sendo apenas um boato maldoso. Em todo caso, depois que terminei meu assunto com o contador, nós dois pulamos no Jaguar e dirigimos para fora da cidade. Estávamos em algum lugar perto da rua 95, nos limites do Harlem, quando a loucura começou. Eu me lembro de Danny gritar: “Pare! Pare! Você tem que parar”. Eu parei o carro e Danny saiu e correu até uma bodega dilapidada com uma placa escrita Groceteria. Ele veio correndo de lá um minuto mais tarde, segurando um saco de papel marrom. Entrou de volta no carro com um sorriso insano no rosto e disse: “Vamos, depressa, para o norte até a rua 125, vamos!”. “Mas que merda está acontecendo com você, Danny?”, murmurei. “Aqui é o Harlem, caralho!” “Está tudo bem”, disse ele, conscientemente, e enfiou a mão no saco, tirando um cachimbo da droga de vidro e uma dúzia de frascos da droga. “Esta coisa aqui vai transformar você em um super-homem. É meu presente para você, por tudo o que tem feito por mim!”. Balancei a cabeça e comecei a dirigir. “Você está realmente louco!”, rosnei. “Eu não vou fumar essa merda, é puro mal!” Mas ele acenou para mim. “Você está exagerando, só faz mal se você tiver acesso constante a ela, e eles não vendem isso em Bayside, portanto estamos bem.” “Olhe”, repliquei, “você é um porra de um retardado de merda!”, gaguejei. “As chances de me fazer fumar crack são abaixo de zero, entendeu? Entendeu, amigo?” “Sim…”, respondeu ele. “Entendi. Agora, vire à esquerda aqui e vá até o Central Park.” “Que porra de cara é esse!”, resmunguei, balancei a cabeça desgostoso e fiz uma curva à esquerda.