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– O homem esfolado do Forte do Pavor – Bran confirmou.

Verão uivou e afastou-se correndo.

– O bosque sagrado – Meera Reed correu atrás do lobo gigante, com o escudo e o tridente na mão. Os outros seguiram-na, abrindo caminho por entre fumaça e pedras caídas. O ar estava mais limpo sob as árvores. Alguns pinheiros nos limites do bosque tinham ficado chamuscados, mas, mais para o interior, o solo úmido e a madeira verde tinham derrotado as chamas.

– Há poder num bosque vivo – Jojen Reed disse, quase como se soubesse o que Bran estava pensando –, um poder tão forte quanto o fogo.

Na margem da lagoa negra, sob o abrigo da árvore-coração, Meistre Luwin jazia de bruços na terra. Um rastro de sangue serpenteava pelas folhas úmidas sobre as quais se arrastara. Verão encontrava-se a seu lado, e, a princípio, Bran pensou que o meistre estava morto, mas quando Meera lhe tocou na garganta, ele gemeu.

– Hodor? – disse Hodor em tom fúnebre. – Hodor?

Com delicadeza, viraram Luwin de costas. Tinha olhos e cabelos cinzentos, e um dia suas vestes também tinham sido cinzentas, mas agora estavam mais escuras onde o sangue as ensopara.

– Bran – ele disse em voz baixa quando o viu sentado bem alto nas costas de Hodor. – E Rickon também – sorriu. – Os deuses são bons. Eu sabia…

– Sabia? – Bran perguntou, com voz incerta.

– As pernas, conseguia-se ver… a roupa servia-lhe, mas os músculos nas pernas… pobre moço… – tossiu, e sangue veio de seu interior. – Desapareceram… na floresta… mas como?

– Não chegamos a ir – Bran respondeu. – Bem, fomos só até o limite da floresta, e depois voltamos. Mandei os lobos em frente para deixar um rastro, mas nos escondemos na sepultura do meu pai.

– As criptas – Luwin soltou um risinho, com uma espuma ensanguentada nos lábios. Quando o meistre tentou se mover, soltou um vivo arquejo de dor.

Lágrimas encheram os olhos de Bran. Quando um homem estava ferido, era levado a um meistre, mas o que se podia fazer quando era o meistre quem estava ferido?

– Vamos ter de fazer uma liteira para levá-lo – Osha disse.

– Não vale a pena – Luwin respondeu. – Estou morrendo, mulher.

– Não pode – Rickon quase gritou, zangado. – Não, não pode – ao seu lado, Cão Felpudo mostrou os dentes e rosnou.

O meistre sorriu.

– Caladinho, filho, eu sou muito mais velho do que você. Posso… morrer se quiser.

– Hodor, para baixo – Bran pediu. Hodor se ajoelhou ao lado do meistre.

– Escute – Luwin se dirigiu a Osha –, os príncipes… herdeiros de Robb. Não… juntos, não… está ouvindo?

A selvagem apoiou-se na lança.

– Sim. É mais seguro separados. Mas levá-los para onde? Tinha pensado que talvez aqueles Cerwyn…

Meistre Luwin balançou a cabeça, embora fosse fácil ver que o esforço lhe era penoso.

– O rapaz Cerwyn está morto. Sor Rodrik, Leobald Tallhart, a Senhora Hornwood… todos mortos. Bosque Profundo caiu, Fosso Cailin, em breve a Praça de Torrhen. Homens de ferro na Costa Pedregosa. E a leste o Bastardo de Bolton.

– Então, para onde? – Osha perguntou.

– Porto Branco… os Umber… não sei… guerra por todo lado… cada homem contra o vizinho, e o Inverno chegando… que loucura, que negra loucura… – Meistre Luwin ergueu uma mão e agarrou o braço de Bran, fechando os dedos com uma força desesperada. – Tem de ser forte agora. Forte.

– Serei – Bran prometeu, embora fosse difícil. Sor Rodrik morto, e também Meistre Luwin, todos, todos…

– Ótimo – o meistre respondeu. – Um bom rapaz. O filho… o filho do seu pai, Bran. Agora .

Osha fitou o represeiro, a face vermelha esculpida no tronco branco.

– E deixá-lo para os deuses?

– Peço… – o meistre engoliu em seco, arfando. – … um… um pouco de água, e… outro favor. Se pudesse…

– Sim – ela se virou para Meera. – Leve os garotos.

Jojen e Meera levaram Rickon entre os dois. Hodor os seguiu. Ramos baixos chicoteavam o rosto de Bran enquanto avançavam por entre as árvores, e as folhas limpavam as lágrimas. Osha juntou-se a eles no pátio alguns momentos mais tarde. Não disse uma palavra sobre Meistre Luwin.

– Hodor tem de ficar com Bran, para ser as suas pernas – disse a selvagem com vivacidade. – Eu levo Rickon comigo.

– Nós vamos com Bran – Jojen Reed falou.

– Bem, achei que fossem – Osha respondeu. – Acho que vou experimentar o Portão Leste e seguir a estrada do rei a maior parte do tempo.

– Nós vamos pelo Portão do Caçador – Meera avisou.

– Hodor – Hodor concordou.

Pararam primeiro nas cozinhas. Osha encontrou alguns pães queimados que ainda podiam ser comidos, e até um frango assado frio, que partiu ao meio. Meera desenterrou um jarro de mel e uma grande saca de maçãs. Já na parte de fora, despediram-se. Rickon começou a soluçar e agarrou-se à perna de Hodor, até que Osha lhe deu uma pancada com a extremidade romba da lança. Ele, então, seguiu-a com bastante rapidez. Cão Felpudo foi atrás deles. A última coisa que Bran viu dos três foi a cauda do lobo gigante que desaparecia atrás da torre quebrada.

A porta levadiça de ferro, que fechava o Portão do Caçador, fora torcida pelo fogo de tal modo que não podia ser elevada mais do que trinta centímetros. Tiveram de se espremer por baixo dos espigões, um por um.

– Vamos encontrar o senhor seu pai? – Bran perguntou enquanto atravessavam a ponte levadiça entre as muralhas – Para a Atalaia da Água Cinzenta?

Meera olhou para o irmão em busca de uma resposta.

– Nosso caminho é para o norte – Jojen respondeu.

No limite da mata de lobos, Bran virou-se no cesto para um último vislumbre do castelo que tinha sido sua vida. Farrapos de fumaça ainda se erguiam para o céu cinzento, mas não mais do que poderia ter saído das chaminés de Winterfell numa tarde fria de Outono. Manchas de fuligem marcavam alguns dos lançadores de flechas, e aqui e ali via-se uma fenda ou um merlão faltando na muralha exterior, mas parecia muito pouco aquela distância. Para lá da muralha, os topos das fortalezas e torres ainda se erguiam como tinham se erguido ao longo de centenas de anos, e era difícil reconhecer que o castelo tivesse sido saqueado, queimado e tudo o mais. A pedra é forte, disse Bran a si mesmo, as raízes das árvores são profundas, e debaixo do solo os Reis do Inverno ocupam seus tronos. Desde que essas coisas permanecessem, Winterfell permaneceria. Não estava morto, apenas quebrado. Como eu, pensou. Também não estou morto.

Apêndice

Os reis e suas cortes

O Rei no Trono de Ferro

JOFFREY BARATHEON, o Primeiro do Seu Nome, um rapaz de treze anos, filho mais velho do Rei Robert I Baratheon e da Rainha Cersei, da Casa Lannister,

– sua mãe, RAINHA CERSEI, Rainha Regente e Protetora do Reino,

– sua irmã, PRINCESA MYRCELLA, uma menina de nove anos,

– seu irmão, PRÍNCIPE TOMMEN, um garoto de oito anos, herdeiro do Trono de Ferro,

– seus tios paternos:

– STANNIS BARATHEON, Senhor de Pedra do Dragão, autoproclamado Rei Stannis Primeiro,

– {RENLY BARATHEON}, Senhor de Ponta Tempestade, autoproclamado Rei Renly Primeiro,