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as selas e arreios, o chicote que o pai lhe dera quando se fizera

um homem, o arakh que usara para matar Khal Ogo e o filho,

um grande arco de osso de dragão. Aggo queria juntar também

as armas que os companheiros de sangue de Drogo tinham

dado a Dany como presentes de noivado, mas ela o proibiu.

- Essas são minhas - disse-lhe - e quero ficar com elas - outra

camada de arbustos foi depositada em volta dos tesouros do

khal, e feixes de mato seco foram espalhados sobre eles.

Sor Jorah Mormont puxou-a de lado quando o sol se

aproximava do zénite.

- Princesa... - começou.

- Por que me chama assim? - desafiou Dany. - Meu irmão

Viserys era seu rei, não é verdade?

- Era, senhora.

- Viserys está morto. Eu sou sua herdeira, o último sangue da

Casa Targaryen. O que quer que fosse dele é agora meu.

- Minha... rainha - disse Sor Jorah, caindo sobre um joelho. -

Minha espada, que era dele, é sua, Daenerys. E o meu coração

também, que nunca pertenceu a vosso irmão. Sou apenas um

cavaleiro, e nada tenho a oferecerdhe exceto o exílio, mas

escute-me, suplico-lhe. Esqueça Khal Drogo. Não estará só.

Prometo-lhe que nenhum homem a levará para Vaes Dothrak a

menos que deseje ir. Não tem de se juntar às dosh khaken.

Venha para o leste comigo, Yi Ti, Qarth, o Mar de Jade, Asshai

da Sombra. Veremos todas as maravilhas que ainda há para

ver, e beberemos os vinhos que os deuses achem por bem nos

oferecer. Por favor, khakesi. Sei o que pretende fazer. Não o

faça. Não o faça.

- Tenho de fazê-lo - disse-lhe Dany. Tocou-lhe o rosto, com

carinho, com tristeza. - O senhor não compreende.

- Compreendo que o amava - disse Sor Jorah com uma voz

carregada de desespero. - Há tempos amei a senhora minha

esposa, mas não morri com ela. É a minha rainha, a minha

espada é sua, mas não me peça para me afastar enquanto sobe

para a pira de Drogo, Não a verei arder.

- É isso o que teme? - Dany deu-lhe um leve beijo na testa

larga. - Não sou assim tão infantil, querido sor.

- Não planeja morrer com ele? Jura, minha rainha?

-Juro - disse ela no Idioma Comum dos Sete Reinos que por

direito eram seus.

O terceiro nível da plataforma foi tecido com ramos que não

eram mais grossos que um dedo, e coberto com folhas e

raminhos secos. Dispuseram-nos de norte a sul, do gelo ao

fogo, e em cima colocaram uma grande pilha de suaves

almofadas e sedas de dormir. O sol começava a bai xar em

direção a oeste quando terminaram. Dany chamou os

dothrakis. Restavam menos de uma centena. Com quantos

começara Aegon?, perguntou ela a si mesma. Não importava.

- Serão o meu khalasar - disse-lhes. - Vejo os rostos de

escravos. Liberto-os. Tirem as coleiras. Partam se quiser,

ninguém lhes fará mal. Se ficarem, serão como irmãos e irmãs,

maridos e esposas - os olhos negros observavam, cautelosos,

sem expressão. - Vejo crianças, mulheres, os rostos enrugados

dos idosos. Ontem era uma criança. Hoje sou uma mulher.

Amanhã serei velha. A cada um de vocês digo: deem-me suas

mãos e os seus corações, e haverá sempre lugar para todos -

virou-se para os três jovens guerreiros do seu khas. - Jhogo, a

você ofereço o chicote de cabo de prata que foi meu presente

de noivado, nomeio-o ko e peço que jure que viverá e morrerá

como sangue do meu sangue, cavalgando ao meu lado para me

manter a salvo do mal.

Jhogo aceitou o chicote de suas mãos, mas o rosto mostrava

confusão.

- Khakesi - disse hesitantemente -, isto não se faz. Seria uma

vergonha ser companheiro de sangue de uma mulher.

- Aggo - chamou Dany, sem prestar atenção às palavras de

Jhogo. Se olhar para trás, estou perdida. - A você ofereço o

arco de osso de dragão que foi meu presente de noivado -

tinha dupla curvatura, era de um negro brilhante e requintado,

mais alto que ela. - Nomeio-o ko, e peço que jure que viverá e

morrerá como sangue do meu sangue, cavalgando ao meu lado

para me manter a salvo do mal,

Aggo aceitou o arco com os olhos baixos.

- Não posso dizer essas palavras. Só um homem pode liderar

um khalasar ou nomear um ko.

- Rakharo - disse Dany, virando as costas à recusa -, você ficará

com o grande arakh que foi meu presente de noivado, com

ouro incrustado no cabo e na lâmina. E também o nomeio ko,

e peço que jure que viverá e morrerá como sangue do meu

sangue, cavalgando ao meu lado para me manter a salvo do

mal.

- É khaleesi - disse Rakharo, recebendo o arakh. - Cavalgarei

ao seu lado até Vaes Dothrak sob a Mãe das Montanhas, e a

manterei a salvo do mal até ocupar o seu lugar com as

feiticeiras do dosh khaleen. Não posso prometer mais.

Ela acenou, tão calmamente como se não tivesse ouvido sua

resposta, e virou-se para o último de seus campeões.

- Sor Jorah Mormont - disse -, primeiro e maior dos meus

cavaleiros, não tenho presente de noivado para lhe oferecer,

mas juro que um dia receberá das minhas mãos uma espada

longa como o mundo nunca viu outra igual, forjada por um

dragão e feita de aço valiriano. E quero pedir também seu

juramento.

- É seu, minha rainha - disse Sor Jorah, ajoelhando-se para

depositar a espada aos pés dela. -Juro servi-la, obedecê-la,

morrer pela senhora se for necessário.

- Aconteça o que acontecer?

- Aconteça o que acontecer.

- Lembrarei desse juramento. Rezo para que nunca se

arrependa de tê-lo feito - Dany o fez se levantar. Pondo-se na

ponta dos pés para lhe chegar aos lábios, deu um leve beijo no

cavaleiro e disse: - É o primeiro da minha Guarda Real.

Conseguia sentir os olhos do khalasar postos nela ao entrar na

tenda. Os dothrakis resmungavam e lançavam-lhe estranhos

olhares de soslaio com seus olhos escuros e amendoados. Dany

compreendeu que a julgavam louca. Talvez estivesse. Saberia

em breve. Se olhar para trás, estou perdida,

O banho estava escaldando quando Irri a ajudou a entrar na

banheira, mas Dany não vacilou nem gritou. Gostava do calor.

Fazia-a sentir-se limpa. Jhiqui aromatizara a água com os óleos

que Dany encontrara no mercado em Vaes Dothrak; o vapor

subia úmido e odorífero. Doreah lavou-lhe os cabelos e os

escovou, soltando os nós e os desembaraçando. Irri escovou -lhe

as costas. Dany fechou os olhos e deixou que o cheiro e a

tepidez a envolvessem. Sentia o calor ensopando a região

machucada entre as coxas. Estremeceu quando a penetrou, e

sua dor e rigidez pareceram se dissolver. Flutuou.

Quando ficou limpa, as aias ajudaram-na a sair da água. Irri e

Jhiqui secaram-na, enquanto Doreah lhe escovava os cabelos

até deixá-los como um rio de prata que lhe descia pelas costas.

Perfumaram-na com florespeciaria e canela; uma gota em cada

pulso, atrás das orelhas, na ponta dos seios pesados de leite. O

último salpico destinava-se ao sexo. O dedo de Irri foi tão