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Era uma potranca jovem, espirituosa e magnífica. Dany sabia apenas

o suficiente sobre cavalos para reconhecer que aquele não era um

animal vulgar. Havia algo nela que cortava a respiração. Era cinzenta

como o mar de inverno, com uma crina que parecia fumo prateado.

Hesitante, estendeu a mão e afagou o pescoço do cavalo, fazendo

correr os dedos pelo prateado da crina. Khal Drogo disse qualquer

coisa em dothraki e Magíster Illyrio traduziu.

- Prata para o prateado de vossos cabelos, disse o khal.

- É belíssima - murmurou Dany.

- É o orgulho do khalasar - disse Illyrio. - O costume decreta que a

khaleesi deve conduzir uma montaria digna de seu lugar ao lado do

khal.

Drogo avançou e pôs-lhe as mãos na cintura. Levantou-a com tanta

facilidade como se fosse uma criança e a pousou sobre a fina sela

dothraki, muito menor do que aquelas a que estava acostumada.

Dany ficou ali sentada, por um momento, incerta. Ninguém lhe falara

daquela parte.

- O que devo fazer? - perguntou a Illyrio.

Foi Sor Jorah Mormont quem respondeu.

- Pegue nas rédeas e cavalgue. Não precisa ir longe.

Nervosa, juntou as rédeas nas mãos e fez deslizar os pés para os

pequenos estribos. Não passava de uma cavaleira razoável; passara

muito mais tempo viajando em navios, carroças e liteiras do que

sobre o dorso de cavalos. Rezando para não cair e envergonhar-se,

deu à potranca o mais tímido dos toques com os joelhos.

E pela primeira vez nas últimas horas esqueceu-se de ter medo. Ou

talvez pela primeira vez desde sempre.

A potranca cinzenta prateada avançou com um porte suave e sedoso,

enquanto a multidão abria alas para deixá-la passar, com todos os

olhos postos nelas. Dany deu por si avançando mais depressa do que

tencionara, mas isso, de algum modo, era excitante, em vez de

aterrador. O cavalo pôs-se a trote e ela sorriu. Os dothrakis

precipitavam-se para abrir caminho. A mais ligeira pressão com as

pernas, ao menor toque de rédeas, a égua respondia. Dany a colocara

a galope, e agora os dothrakis assobiavam, gargalhavam e gritavam-

lhe enquanto saltavam para longe do seu caminho. Quando virou

para regressar, uma cova de fogueira surgiu-lhe à frente, diretamente

em seu caminho. Estavam cercadas de ambos os lados, sem espaço

para parar. Uma coragem que nunca conhecera encheu então

Daenerys e ela deu liberdade à potranca.

O cavalo prateado saltou sobre as chamas como se tivesse asas.

Quando refreou o animal junto a Magíster Illyrio, disse:

- Diga a Khal Drogo que me ofereceu o vento - o gordo pentoshi

repetiu as palavras em dothraki enquanto afagava a barba amarela, e

Dany viu o novo marido sorrir pela primeira vez.

A última fatia de sol desapareceu por trás das grandes muralhas de

Pentos, para oeste. Dany perdera por completo a noção das horas.

Khal Drogo ordenou aos companheiros de sangue para lhe trazerem

o cavalo, um esguio garanhão vermelho. Enquanto o khal selava o

cavalo, Viserys esgueirou-se até junto de Dany, enterrou os dedos em

sua perna e disse:

- Dê-lhe prazer, minha doce irmã, senão juro que verá o dragão

acordar como nunca acordou antes.

O medo regressou com as palavras do irmão. Sentiu-se de novo uma

criança, apenas com reze anos e completamente só, mal preparada

para o que estava prestes a lhe acontecer.

Cavalgaram juntos sob as estrelas que surgiam, deixando para trás o

khalasar e os palácios de erva. Khal Drogo não lhe dirigiu uma

palavra, mas fez o garanhão atravessar a penumbra que se

aprofundava num trote duro. As minúsculas campainhas de prata na

longa trança ressoavam baixinho enquanto cavalgava.

- Sou do sangue do dragão - murmurou ela enquanto o seguia,

tentando manter a coragem. Sou do sangue do dragão. Sou do

sangue do dragão - o dragão nunca tinha medo.

Mais tarde não soube dizer até que distância ou durante quanto

tempo cavalgaram, mas a noite tinha já caído por completo quando

pararam num gramado junto a um pequeno riacho. Drogo saltou do

cavalo e a tirou do dela. Sentiu-se frágil como vidro nas mãos dele,

com membros tão fracos como a água. Ficou ali, desamparada e

tremendo sob as sedas nupciais enquanto ele prendia os cavalos.

Quando Drogo se virou para olhá-la, ela começou a chorar. Khal

Drogo ficou olhando as lágrimas, com o rosto estranhamente vazio

de emoção.

- Não - disse. Ergueu uma mão e limpou rudemente as lágrimas com

um polegar calejado.

- Fala o Idioma Comum - disse Dany, espantada.

- Não - disse ele de novo.

Talvez soubesse apenas aquela palavra, pensou ela, mas era uma

palavra, mais do que podia Kipor, e de algum modo a fez sentir-se

um pouco melhor. Drogo tocou-lhe levemente os cabelos, fazendo

deslizar as madeixas louras prateadas entre os dedos e murmurando

suavemente em dothraki. Dany não compreendeu as palavras, mas

havia calor na entoação, uma ternura que nunca esperara daquele

homem.

Pôs um dedo sob seu queixo e ergueu-lhe a cabeça, para que ela o

olhasse nos olhos. Drogo erguia-se acima dela como se erguia acima

de toda a gente. Pegando-a agilmente por baixo dos braços, ergueu-a

e sentou-a numa rocha arredondada ao lado do riacho. Depois,

sentou-se no chão na frente dela, de pernas cruzadas sob o corpo,

com os rostos por fim ao mesmo nível.

- Não - disse ele.

- Esta é a única palavra que conhece? - ela perguntou.

Drogo não respondeu. Sua longa e pesada trança estava enrolada na

terra ao seu lado. Puxou-a por sobre o ombro direito e começou a

remover as campainhas do cabelo, uma a uma. Depois de um

momento, Dany inclinou-se para a frente para ajudar. Quando

terminaram, Drogo fez um gesto. Ela compreendeu. Devagar, com

cuidado, começou a desfazer-lhe a trança.

Levou muito tempo. E durante todo o tempo, ele ficou ali sentado

em silêncio, observando-a. Quando acabou, ele abanou a cabeça e o

cabelo espalhou-se pelas costas como um rio de escuridão, oleoso e

cintilante. Nunca vira cabelos tão longos, tão negros, tão espessos.

Depois foi a vez dele. Começou a despi-la.

Seus dedos eram hábeis e estranhamente ternos. Removeu-lhe as

sedas, uma por uma, com cuidado, enquanto Dany permanecia

sentada, imóvel, silenciosa, a olhá-lo nos olhos. Quando desnudou

seus pequenos seios, não conseguiu evitá-lo. Desviou o olhar e

cobriu-se com as mãos.

- Não - disse Drogo. Puxou-lhe as mãos para longe dos seios, com

gentileza, mas firmemente, e depois ergueu-lhe de novo o rosto para

fazer com que o olhasse. - Não - ele repetiu.

- Não - ela ecoou.

Então, ele a pôs de pé e a puxou, a fim de remover a última de suas

sedas. Sentia o ar noturno frio na pele nua. Estremeceu, e um

arrepio cobriu-lhe os braços e as pernas. Temia o que viria a seguir,

mas durante algum tempo nada aconteceu. Drogo ficou sentado de

pernas cruzadas, olhando-a, bebendo-lhe o corpo com os olhos.

Um pouco mais tarde, começou a tocá-la. A princípio ligeiramente,

depois com mais força. Ela sentia o feroz poder de suas mãos, mas

ele nunca chegou a machucá-la. Segurou uma mão na dele e afagou-