lo.
- Fiz por Bran tudo o que podia fazer - ela disse, pousando sua mão
ferida sobre o braço do filho. - Sua vida está nas mãos dos deuses e
de Meistre Luwin. Tal como você mesmo me lembrou, Robb, tenho
agora outros filhos em que pensar.
- Minha senhora vai precisar de uma forte escolta - lembrou Theon.
- Enviarei Hal com um pelotão de guardas - disse Robb.
- Não - Catelyn respondeu. - Um grupo grande atrai atenções
indesejadas. Não quero que os Lannister saibam que estou a
caminho.
Sor Rodrik protestou.
- Minha senhora, deixe-me pelo menos acompanhá-la. A estrada do
rei pode ser perigosa para uma mulher só.
- Não irei pela estrada do rei - ela retrucou. Pensou por um
momento e consentiu com a cabeça. - Dois cavaleiros podem
deslocar-se tão depressa como um, e bastante mais depressa do que
uma longa coluna sobrecarregada com carroças e casas rolantes.
Aceito sua companhia, Sor Rodrik. Seguiremos o Faca Branca até o
mar e alugaremos um navio em Porto Branco. Com cavalos fortes e
ventos vivos, deveremos chegar a Porto Real bem antes de Ned e dos
Lannister - e então, pensou, veremos o que tivermos de ver.
S a n sa
Septã Mordane informou Sansa, durante o desjejum, que
Eddard Stark partira antes da madrugada.
- O rei mandou chamá-lo. Outra caçada, creio. Dizem que
ainda há auroques selvagens nes tas terras.
- Nunca vi um auroque - disse Sansa, dando uma fatia de
bacon a Lady por baixo da mes a. A loba selvagem a tirou
da mão tão delicadamente como uma rainha.
Septã Mordane fungou, desaprovando.
- Uma senhora nobre não alimenta cães à mesa -
repreendeu a menina, partindo outro bo cado de favo e
deixando o mel pingar em sua fatia de pão.
- Ela não é um cão, é um lobo selvagem - Sansa a corrigiu
enquanto Lady lhe lambia os dedos com uma língua
áspera. - Seja como for, meu pai disse que podíamos
mantê-los conosco se quiséssemos.
A septã não estava satisfeita.
- Você é uma boa moça, Sansa, mas, juro, no que toca a
essa criatura, é tão teimosa como a sua irmã Arya -
franziu a sobrancelha. - E onde está Arya hoje?
- Ela não tinha fome - Sansa respondeu, sabendo
perfeitamente que a irmã tinha prova velmente se
esgueirado até a cozinha horas antes e convencido algum
ajudante de cozinheiro a dar-lhe um café da manhã.
- Lembre-a de que hoje deve se vestir bem. Talvez o
vestido de veludo cinza. Estamos todas convidadas para
acompanhar a rainha e a Princesa Myrcella na casa rolante
real, e devemos apresentar nossa melhor aparência.
Sansa já apresentava sua melhor aparência. Escovara os
longos cabelos ruivos até deixá-los brilhando e escolhera
suas melhores sedas azuis. Esperava aquele dia havia mais
de uma semana. Acompanhar a rainha era uma grande
honra e, além disso, Príncipe Joffrey talvez lá estivesse. O
seu prometido. Só de pensar nisso sentia uma estranha
agitação no peito, ainda que não pudes sem se casar antes
de se passarem anos e anos, Sansa ainda não conhecia
realmente Joffrey, mas já estava apaixonada por ele. Era
tudo como sonhara que seu príncipe poderia ser: alto,
bonito e forte, com cabelos que pareciam ouro. Eram -lhe
preciosas as oportunidades de passar algum tempo com
ele, por poucas que fossem, A única coisa que a assustava
naquele dia era Arya. Arya tinha tendência para estragar
tudo. Nunca se sabia o que ela poderia fazer.
- Eu vou lhe dizer - disse Sansa, em voz incerta -, mas ela
vai vestir o mesmo de sempre - esperava que não fosse
muito embaraçoso. - Com a sua licença.
- Com certeza - Septã Mordane serviu-se de mais pão e
mel, e Sansa ergueu-se do banco. Lady a seguiu de perto
quando saiu correndo da sala de estar da estalagem.
Lá fora, parou por um momento entre os gritos e pragas e
o ranger de rodas de madeira e a confusão dos homens
desmontando as tendas e pavilhões e carregando as
carroças para mais um dia de marcha. A estalagem era
uma vasta estrutura de pedra clara, com três andares, a
maior que Sansa já vira, mas mesmo assim só tivera lugar
para menos de um terço da comitiva do rei, que
aumentara para mais de quatrocentas pes soas com a
adição da comitiva do pai e os cava leiros livres que a eles
se juntaram na estrada.
Encontrou Arya na margem do Tridente, tentando manter
Nymeria quieta enquanto limpava seu pelo de lama seca
com a ajuda de uma escova. A loba gigante não pareci a
gostar. Arya vestia os mesmos couros de montar que
vestira no dia anterior e no outro antes desse.
- É melhor que vista alguma coisa bonita - disse-lhe
Sansa. - Foi Septã Mordane que disse. Hoje vamos viajar
na casa rolante da rainha com a Princesa Myrcell a.
- Eu não vou - disse Arya, tentando desfazer um nó no
emaranhado pelo cinzento de Ny meria. - Mycah e eu
vamos subir a corrente e procurar no vau por rubis.
- Rubis - disse Sansa, pensativa.
- Que rubis?
Arya a olhou como se ela fosse muito estúpida.
- Os rubis de Rhaegar. Foi aqui que o Rei Robert o matou e
conquistou a coroa. Sansa olhou sua magricela irmã mais
nova, incrédula,
- Não pode ir à procura de rubis. A princesa nos espera. A
rainha nos convidou a ambas.
- Não me importa - disse Arya. - A casa rolante nem
sequer tem janelas, não se pode ver nada.
- O que você poderia querer ver? - perguntou Sansa,
aborrecida. Ficara excitada com o con vite, e a estúpida da
irmã ia estragar tudo, tal como temera. - Só há campos,
fazendas e castros.
- Não, não é só - Arya teimou. - Se viesse às vezes
conosco, você veria.
- Detesto andar a cavalo - Sansa respondeu com fervor. -
Tudo o que isso faz é nos encher de terra, poeira e dores.
Arya encolheu os ombros.
- Fica quieta - ordenou a Nymeria -, não estou te
machucando - depois se dirigiu a Sansa: - Quando
atravessamos o Gargalo, contei trinta e seis flores que
nunca tinha visto antes, e My cah me mostrou um lagarto -
leão.
Sansa estremeceu. Tinham levado doze dias para
atravessar o Gargalo, chacoalhando por um talude torto
ao longo de um lodaçal preto sem fim, e ela detestara
cada momento da travessia. O ar era úmido e pegajoso, o
talude tão estreito que sequer podiam fazer um
acampamento digno deste nome à noite, e tiveram de
parar na própria estrada do rei. Densas matas de árvores
meio submersas apertavam -se contra eles, com os ramos
pingando sob o peso de cortinas de fungos pálidos.
Enormes flores desabrochavam na lama e flutuavam em
poças de água parada, mas havia areias movediças à
espera para apanhar quem fosse suficient emente estúpido
para deixar o talude e ir apanhá-las, e serpentes à
espreita nas árvores, e lagartos -leões a flutuar, meio