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esconde-se nesta frase, meritíssimo."

G O T O s a t a n + & S E A R C H O V E R S A T A N ' S T O M B .

Axel Seth fez a careta de um leigo a quem pediam que lesse em voz alta Os hieróglifos da pedra de Roseta.

"O que raio é isto?"

"É a identificação do paradeiro do DVD. Queria solicitar-lhe que me concedesse o resto da tarde para quebrar esta mensagem críptica.

Sugiro que o tribunal se reúna amanhã, altura em que acredito estar em condições de apresentar o material em causa."

O juiz fez Uma careta reticente.

"Não sei se isto é regular", observou, a voz a deixar transparecer a relutância. "Além do mais, tenho amanhã à tarde um importantíssimo conselho europeu em Roma c..."

"Meritíssimo, o regimento que regula este tribunal prevê o prolongamento das sessões preliminares por vinte e quatro horas quando solicitado pela acusação", lembrou a procuradora-chefe, folheando já o dito regimento. "Está aqui na cláusula décima quarta, alínea..."

"Eu sei, eu sei", concedeu Seth. Bufou de impaciência e pegou de novo no martelo. "Muito bem, esta sessão preliminar fica agora suspensa e será retomada amanhã pelas nove da manhã neste mesmo salão. Se o dito DVD não aparecer, no entanto, ficam já avisados de que não mais será admitido neste processo. A acusação teve plena oportunidade para reunir as provas de que necessitava e está na altura de concluirmos esta fase de inquérito e passarmos ao julgamento. Está encerrada a sessão."

Bateu com o martelo na mesa.

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A primeira coisa em que Tomás pensou foi que, devido à diferença horária, a hora em que o processo seria reatado no dia seguinte, nove da manhã em Florença, eram oito da manhã em Coimbra, precisamente a hora a que a mãe seria expulsa do lar. O

pensamento bateu-lhe no coração e ensombrou-lhe o espírito. O

tempo esgotava-se e precisava de resolver o assunto em Itália o mais depressa possível de modo a ficar livre para lidar com o problema da mãe.

Quando o historiador virou as costas e se preparou para sair, a mente mergulhada nesta dificuldade, um movimento estranho de homens que o observavam com ar suspeito chamou-lhe a atenção.

Estudou o movimento e apercebeu-se de que eles assumiam posições estratégicas no Salone dei Cinquecento, preparando-se para o interceptar junto à saída. Tomou nesse instante consciência de que, considerando os altos interesses que o processo punha em causa, as pessoas visadas no DVD que ele se comprometera a trazer a público no dia seguinte não recuariam perante nada, nem perante o escândalo de o assassinarem diante daquela multidão e de toda a imprensa. A realidade pura e dura era que, custasse o que custasse, a pessoa que tudo poderia pôr em perigo tinha de ser travada. Essa pessoa era ele próprio.

Teria pois de lutar pela vida.

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LXIII

O caminho para a porta principal estava vigiado pelos homens que tomavam posição entre a multidão que nesse momento abandonava o Salone dei Cinquecento, pelo que Tomás hesitou. O que deveria fazer? Pedir ajuda à procuradora-chefe? A tentação era grande, mas percebeu que isso de nada serviria se aqueles indivíduos o quisessem mesmo neutralizar. A sua única verdadeira hipótese era escapar da armadilha.

Sentindo o cerco a fechar-se, varreu o espaço com o olhar e a sua atenção recaiu numa porta que ainda não estava vigiada. Parecia-lhe evidente que os homens suspeitos que se aproximavam tinham acabado de chegar e improvisavam o cerco; claramente não haviam notado a existência daquela porta, e muito menos que ela conduzia a outro sector do Palazzo Vecchio.

Sem perda de tempo, convergiu naquela direcção e mergulhou na porta. Apercebeu-se de que a sua fuga desencadeou um rebuliço repentino atrás dele, com empurrões e vozes a protestarem, e presumiu que eram os homens suspeitos a abrir caminho à força no meio da multidão para chegarem à porta e o perseguirem.

Estugou o passo e a marcha acelerada tornou-se, acto contínuo, uma corrida pelos corredores internos do Palazzo Vecchio perante o olhar surpreendido dos vários funcionários camarários com os quais se foi cruzando. Escutou passos desordenados na sua peugada e concluiu que os perseguidores também corriam.

"Stop!", gritou uma voz algures na retaguarda. "Stop!"

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Parar era a última coisa que o português planeava fazer. Invadiu a zona dos aposentos dedicados a Leão X; viu uma escadaria e trepou por ela aos saltos de três em três degraus, as coxas a pesarem-lhe do esforço, o peito a arfar, o coração a ribombar mas o olhar sempre a dardejar em múltiplas direcções numa busca desesperada de alternativas e outras vias de fuga. Como poderia escapar àquela ratoeira?

Foi dar à varanda interna superior do salão e meteu por uma porta discreta. O interior dava para um corredor apertado entrecortado por sucessivos lanços de escadas, mas percebeu que o caminho o conduziria a um beco sem saída algures no telhado e optou por ficar onde estava. Aguardou um instante, até os perseguidores chegarem à varanda sobre o salão c, com cuidado, consciente de que o seu esconderijo acabaria por ser avistado, esgueirou-se para essa varanda interna e correu pelo caminho inverso.

"Stop!"

Esperava escapar-se sem ser detectado, mas não teve sorte. Os perseguidores avistaram-no e foram de imediato no seu encalço.

Como uma lebre de passo ligeiro, Tomás desceu até ao Salone dei Cinquecento e atravessou-o em corrida até sair pela porta principal, para onde a multidão ainda convergia. Desceu as escadas aos encontrões às pessoas e chegou ao átrio, esperando fazer-se à Piazza deita Signoria e fugir assim à armadilha, mas viu o caminho cortado por mais homens com ar ameaçador e, junto às estátuas dos leões, ainda no átrio e sem mais opções, meteu por uma porta e foi dar a uma pequena sala fechada. Estaria de novo encurralado?

Olhou em redor, quase em pânico, e avistou uma saída interna, estreita e escura. Meteu por ela e verificou que era tão apertada que os seus dois ombros roçavam nas paredes, mas avançou porque não lhe restavam alternativas. O corredor foi dar a um lanço acanhado de escadas em espiral, apareceu mais um corredor e novas escadas em 422

espiral, que percorreu sempre aos encontrões às paredes, aflito e ofegante, sem já perceber onde se encontrava mas sempre a avançar e a subir, até que desembocou numa sala com uma porta. Os passos dos perseguidores estavam próximos. Franqueou a porta e foi dar a uma antecâmara sombria, forrada de quadros com temas mitológicos.

Encurralado.

Não viu qualquer saída e, com o som dos passos dos desconhecidos cada vez mais próximo, percebeu que ia ser apanhado, era uma questão de segundos. Que fazer? Precisava de ajuda e foi nesse momento que pensou em Raquel. Onde diabo se havia ela metido? A espanhola era polícia, não era? Então o que esperava para intervir? Ah, aquilo parecia típico da profissão. A polícia nunca estava onde mais era precisa! A agente da Interpol misturara-se com as pessoas que enchiam o salão para acompanhar a sessão preliminar do processo do Tribunal Penal Internacional e nunca mais lhe pusera Os olhos em cima. Será que ela se tinha apercebido da chegada dos suspeitos? A dúvida instalou-se na mente de Tomás enquanto aguardava o desfecho inevitável naquela antecâmara perdida algures no interior do Palazzo Vecchio. Será que os suspeitos que estavam à beira de o capturar já haviam deitado a mão à agente da Interpol? A possibilidade deixou-o inquieto. Seria por isso que Raquel não dava sinais de vida? Teria sido apanhada? E se...