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O grupo encaminhou-se para o elevador. O porteiro e o ascensorista se entreolharam, sem

nada dizer.

A segunda mulher, uma loura oxigenada miúda, com um sotaque sulista, disse então:

- Foi uma tarde maravilhosa! Muito obrigada a vocês dois!

Ela estava despachando os homens!

O segundo homem soltou um resmungo de protesto.

- Não vai querer que a gente se vá antes de tomar um último drinque de despedida, não é?

- Já é muito tarde, George - disse a primeira mulher, sorrindo.

- Mas lá fora está abaixo de zero! Vocês têm que nos dar um anticongelante.

O outro homem suplicou também:

- Só um drinque e depois iremos embora.

- Bem…

Judd estava perdendo a respiração.

- Por favor!

A loura oxigenada terminou concordando.

- Está bem. Mas só um, entenderam?

Rindo, o grupo entrou no elevador. Judd entrou rapidamente com eles. O porteiro ficou

parado lá fora, sem saber o que fazer, olhando para o irmão. O ascensorista deu os ombros, fechou a porta e acionou o elevador. O apartamento de Judd ficava no quinto andar. Se o grupo saltasse antes, ele estaria perdido. Se saltasse depois, ele teria a possibilidade de entrar em seu apartamento, armar uma barricada e telefonar pedindo socorro.

- Qual é o andar?

A loura miúda soltou uma risada.

- Não sei o que meu marido diria se soubesse que convidei dois estranhos para o apartamento.

Ela virou-se para o ascensorista e acrescentou:

- Décimo.

Judd soltou a respiração e disse, rapidamente.

- Quinto.

O ascensorista lançou-lhe um olhar paciente e malicioso, abrindo a porta no quinto andar. A

porta do elevador se fechou.

Judd avançou para seu apartamento, quase cambaleando de dor. Tirou a chave do bolso, abriu

a porta e entrou. O coração batia-lhe descompassadamente. Tinha cinco minutos no máximo antes que eles viessem matá-lo. A corrente soltou-se em sua mão! Examinou-a e viu que tinha sido cortada da tranca de segurança. Jogou-a longe e encaminhou-se para o telefone. Foi dominado por uma tontura súbita. Ficou parado, lutando contra a dor, os olhos fechados. Seu precioso tempo se escoava. Com grande esforço, recomeçou a caminhar em direção ao telefone, movendo-se lentamente. A única pessoa para quem ele conseguia se lembrar de telefonar era Angeli, mas este estava em casa, doente. Além disso, o que poderia dizer? "Temos um novo porteiro e um novo ascensorista e acho que eles estão querendo me matar?" Judd percebeu de repente que estava segurando o telefone, paralisado, aturdido demais para fazer qualquer coisa! "Conclusão", pensou ele. Boyd poderia tê-lo matado, afinal de contas. Eles entrariam no apartamento e o encontrariam inteiramente impotente. Judd recordou-se da expressão nos olhos do grandalhão. Tinha que ser mais esperto do que eles, fazer algo que não esperassem. Mas o quê, meu Deus?

Ligou o pequeno receptor de TV que focalizava o saguão. Estava deserto. A dor voltou, em

ondas sucessivas, fazendo-o sentir-se fraco. Ele forçou a mente cansada a concentrar-se no problema.

Estava numa emergência… Isso mesmo. Uma emergência. Tinha que tomar medidas de emergência.

Isso mesmo… Sua visão estava nevoada. Os olhos focalizaram o telefone. "Emergência"… Ele

aproximou o dial dos olhos, a fim de conseguir ler os números. Lentamente, dolorosamente, ele discou. Uma voz atendeu ao quinto toque da campainha. Judd falou, as palavras enroladas, meio indistintas. Seus olhos foram atraídos por um movimento na tela de TV. Os dois homens, em roupas comuns, estavam atravessando o saguão, seguindo para o elevador.

Seu tempo se esgotava.

Os dois homens avançavam em silêncio para o apartamento de Judd e prostraram-se dos dois

lados da porta. O maior deles, Rocky, experimentou a maçaneta. A porta estava trancada. Ele tirou o cartão de celulóide e inseriu-o cuidadosamente na fechadura. Fez um gesto com a cabeça para o irmão e ambos sacaram os revólveres munidos de silenciadores. Rocky comprimiu o cartão de celulóide contra a fechadura e depois empurrou a porta, que se abriu lentamente, sem oferecer qualquer resistência. Entraram na sala de estar, os revólveres em punho. Tinham diante de si três portas fechadas. E não havia o menor sinal de Judd. O irmão menor, Nick, experimentou a primeira porta. Estava trancada. Ele sorriu para o irmão, encostou a boca da arma na fechadura e apertou o gatilho. A porta se abriu lentamente, sem qualquer barulho. Era de um quarto. Os dois homens entraram, os revólveres percorrendo o quarto de um lado ao outro.

Não havia ninguém lá dentro. Nick verificou os armários, enquanto Rock voltava para a sala

de estar. Agiam sem qualquer pressa, sabendo que Judd estava escondido no apartamento, impotente.

Havia um prazer quase deliberado nos movimentos vagarosos deles, como se estivessem saboreando os movimentos que antecediam o assassinato de Judd.

Nick experimentou a segunda porta. Estava trancada também. Ele deu um tiro na fechadura

e entrou. Era o escritório. Estava vazio e encaminharam-se para a terceira porta. Rocky segurou o braço do irmão ao passarem diante do monitor de TV. Podiam ver na tela três homens que entravam apresadamente no saguão. Dois deles usavam jalecos de internos e empurravam uma maca sobre rodinhas. O terceiro carregava uma maleta preta de médico.

- Mas que diabo!

- Fique calmo, Rocky. É só alguém doente. Deve haver, pelo menos, cem apartamentos neste

prédio.

Ficaram olhando para a tela de TV, fascinados, vendo os dois internos empurrarem a maca

para dentro do elevador. A porta do elevador se fechou.

- Vamos esperar alguns minutos - disse Nick. - Pode ter sido algum acidente. Neste caso a

polícia estará lá fora.

- Mas que azar!

- Não se preocupe, Rocky. Stevens não irá a lugar nenhum.

A porta do apartamento abriu-se inesperadamente e o médico e os dois internos entraram,

empurrando a maca. Rapidamente os dois assassinos guardaram as armas nos bolsos.

O médico aproximou-se de Rocky.

- Ele está morto?

- Ele quem?

- A vítima de suicídio. Ele está morto ou vivo?

Os dois assassinos se entreolharam, aturdidos.

- Acho que vieram ao apartamento errado.

O médico passou por eles e experimentou a porta fechada do quarto.

- Está trancada. Ajudem-me a arrombá-la.

Os dois irmãos ficaram observando, desolados, o médico e os internos arrombarem a porta.

O médico entrou no quarto.

- Tragam a maca.

Ele aproximou-se da cama, onde Judd estava deitado.

- O senhor está bem?

Judd levantou os olhos, procurando focalizar o rosto à sua frente. E murmurou:

- Hospital…

- Está a caminho de lá.

Frustrados, os dois assassinos observaram os internos colocarem Judd sobre a maca,

envolvendo-o em lençóis.

- Vamos embora - disse Rocky.

O médico ficou observando os dois homens se retirarem. Depois virou-se para Judd, que

estava estendido na maca, o rosto pálido e ansioso:

- Você está bem, Judd?

Sua voz denotava uma profunda preocupação. Judd esboçou um sorriso.

- Estou ótimo.

Ele quase não podia ouvir a própria voz.

- Obrigado, Peter.

Peter olhou para o amigo, depois fez um gesto com a cabeça para os dois internos.

- Vamos indo.

Capítulo 18

O quarto do hospital era outro, mas a enfermeira a mesma. Tinha um olhar feroz de

desaprovação. Ela foi a primeira coisa que Judd viu sentada à cabeceira de sua cama, assim que abriu os olhos.

- Então já acordamos - disse ela rispidamente. - O Dr. Harris quer vê-lo. Vou informá-lo de

que já acordou.

Ela saiu do quarto, toda empertigada.

Judd sentou-se cautelosamente. Os reflexos dos braços e das pernas estavam um pouco

lentos, mas intactos. Ele tentou localizar uma cadeira do outro lado do quarto, com um olho de cada vez. A visão estava meio enevoada.