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Capítulo 15

Dois meses mais tarde, Zipo Bibrok 5 x IO8 havia transformado seus jeans do Estado Galáctico em bermudas e estava gastando parte dos enormes honorários que cobrava por seus julgamentos deitado em uma praia de areia de pedras preciosas, e aquela mesma bela participante do júri estava massageando suas costas com Essência de Qualactina. Ela era uma garota soolfiniana, vinda de trás dos Neblimundos de Yaga. Sua pele parecia seda de limão e ela se interessava profundamente por corpos jurídicos.

― Você ouviu o noticiário?

― Aaaiiuuuauuu! ― disse Zipo Bibrok 5 x IO8, e somente estando lá para entender por que ele disse isso. Nada foi gravado na fita de Ilusões Informacionais e tudo se baseia em boatos.

― Não ― respondeu depois que a coisa que o havia feito dizer "Aaaiiuuuauuu!" tinha parado de acontecer. Ele virou o corpo ligeiramente para pegar os primeiros raios do terceiro e maior dos sóis primevos de Vod, que subia agora pelo horizonte de inefável beleza enquanto o céu brilhava com uma das maiores forças bronzeadoras jamais encontradas.

Uma brisa de aroma suave levantou-se do mar, passeou pela praia e retornou ao mar, pensando aonde iria depois. Em um impulso súbito, retornou à praia, depois voltou para o mar.

― Espero que não sejam boas notícias ― murmurou Zipo Bibrok 5 x IO8 ―, porque acho que não suportaria.

Sua sentença no caso de Krikkit foi executada hoje – disse a garota suntuosamente. Não havia necessidade de dizer uma coisa tão simples suntuosamente, mas ela foi em frente e disse asim mesmo porque combinava com o jeitão do dia. – Ouvi no rádio ― disse ela ―

quando voltei à nave para pegar a loção.

― Ahn ― murmurou Zipo, descansando sua cabeça na areia de pedras preciosas.

― Aconteceu algo.

― Mmrnm?

― Logo depois do envoltório de Tempolento ser trancado ― disse ela, interrompendo sua massagem ―, uma nave de guerra Krikkit, que achavam que estava

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desaparecida e possivelmente destruída, estava apenas desaparecida mesmo. Ela reapareceu e tentou se apoderar da Chave.

Zipo sentou-se com um gesto brusco.

― Como assim?

― Está tudo bem ― continuou ela, num tom de voz que acalmaria até mesmo o Big Bang. ― Parece que houve uma rápida batalha. A Chave e a nave foram desintegradas e desapareceram no contínuo espaço-temporal. Aparentemente, ambos se perderam para sempre. Ela sorriu e deixou cair um pouco mais de Essência de Qualactina nos dedos. Ele relaxou e deitou-se de costas.

― Faça de novo o que você fez agora há pouco.

― Isso? ― perguntou ela.

― Não, não ― respondeu ele. ― Isso.

Ela tentou novamente.

― Isso? ― perguntou.

― Aaaiiuuuauuu!

Novamente, só mesmo estando lá.

A brisa de aroma suave levantou-se do mar outra vez.

Um mágico vagava pela praia, mas ninguém precisava dele.

Capítulo 16

Nada está perdido para sempre ― disse Slartibartfast, seu rosto tremeluzindo com a luz da vela que o garçom robô estava tentando levar ― a não ser a Catedral de Chalesm.

― A o quê? ― perguntou Arthur.

― A Catedral de Chalesm ― repetiu Slartibartfast. ― Foi durante o tempo em que eu estava fazendo pesquisas para a Campanha pelo Tempo Real que eu...

― A o quê? ― perguntou Arthur novamente.

O velho parou e reuniu seus pensamentos, para aquele que ele esperava ser o último ataque à sua história. O garçom robô moveu-se pelas matrizes espaçotemporais conseguindo combinar, de forma espetacular, uma rispidez malhumorada com uma gentil graça, voou sobre a vela e conseguiu pegá-la. Eles já tinham recebido a conta, tinham discutido convincentemente sobre quem havia comido o canelone e quantas garrafas de vinho eles tinham tomado e, como Arthur havia percebido vagamente, através disso tudo haviam manobrado com sucesso a nave para fora do espaço subjetivo em uma órbita estacionária em torno de um planeta estranho. O garçom estava agora ansioso para completar sua parte nesta confusão e limpar o bistrô.

― Tudo irá se esclarecer ― disse Slartibartfast.

― Quando?

― Breve. Os fluxos temporais estão muito poluídos atualmente. Há um monte de lixo flutuando por eles, refugos e destroços, e cada vez mais essas coisas estão sendo regurgitadas do mundo físico. São zéfiros no contínuo espaçotemporal, sabe?

― É ouvi falar ― disse Arthur.

― Ei, para onde estamos indo? ― disse Ford, afastando sua cadeira com impaciência. ― Queria muito que chegássemos lá.

― Estamos indo ― disse Slartibartfast em uma voz lenta e comedida ― tentar evitar que os robôs de guerra de Krikkit possam reunir toda a Chave de que precisam para

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libertar o planeta de Krikkit do envoltório de Tempolento e, assim, libertar o resto de seu exército e seus Mestres ensandecidos.

― É só ― disse Ford ― que você falou sobre uma festa.

― Falei ― respondeu Slartibartfast, abaixando a cabeça.

Ele percebeu que aquilo havia sido um erro, porque a ideia parecia exercer uma estranha fascinação doentia na mente de Ford Prefect. Quanto mais Slartibartfast revelava a sombria e trágica história de Krikkit e de seus habitantes, maior era o desejo de Ford de beber muito e dançar com garotas.

O velho sentiu que não deveria ter mencionado a festa até o último momento. Mas era tarde, ele já falara e Ford Prefect havia se agarrado à ideia da mesma forma que uma Megalesma Arcturiana se agarra à sua vítima antes de arrancar sua cabeça e sumir com sua nave.

― Quando ― disse Ford, ansioso ― vamos chegar lá?

― Quando eu tiver acabado de lhes contar por que temos que ir lá.

― Eu sei por que estou indo ― disse Ford, e inclinou-se para trás e apoiando a nuca nas mãos. Deu um daqueles seus sorrisos que faziam as pessoas estremecerem. Slartibartfast havia esperado, em vão, que sua aposentadoria fosse ser tranquila. Planejara aprender a tocar o heebiefone octaventral, uma tarefa agradavelmente fútil, pois sabia que tinha o número inadequado de bocas.

Também planejara escrever uma monografia excêntrica completamente incorreta sobre fiordes equatoriais, só para deixar bem obscuras algumas coisas que ele considerava realmente importantes.

Em vez disso, de alguma forma convenceram-no a trabalhar em tempo parcial para a Campanha pelo Tempo Real e ele começou a levar as coisas a sério pela primeira vez em sua vida. Por conta disso lá estava ele, passando seus últimos anos de vida combatendo o mal e tentando salvar a Galáxia.

Achava aquele trabalho exaustivo. Suspirou profundamente.

― Ouçam ― disse ele ― na Camtem...

― O quê? ― disse Arthur.

― A Campanha pelo Tempo Real, que eu explico para vocês mais tarde. Notei que cinco destroços que haviam recentemente sido jogados de volta à

existência pareciam corresponder às cinco partes desaparecidas da Chave. Só consegui determinar com exatidão o destino de duas delas ― o Pilar de Madeira, que reapareceu no seu planeta, e a Trave de Prata, que parece ter ido parar em uma espécie de festa. Precisamos ir até lá pegá-la antes que os robôs de Krikkit a encontrem, senão ninguém sabe o que poderá acontecer.

― Não ― disse Ford com firmeza. ― Precisamos ir à festa para beber muito e dançar com garotas.

― Mas será que você ainda não entendeu tudo que eu...?

― Sim ― declarou Ford, com inesperada veemência ―, entendi tudo perfeitamente bem. É justamente por isso que quero beber tudo o que puder e dançar com todas as garotas que encontrar enquanto elas ainda estão por aí. Se tudo que você nos mostrou é verdade...