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A melhor maneira de começar uma briga com um Suástico o era apenas ter nascido. Eles não gostavam disso, ficavam ressentidos. E quando um Armademônio ficava ressentido, alguém ficava machucado. Pode parecer uma forma exaustiva de viver, mas eles pareciam ter energia de sobra.

A melhor maneira de lidar com um Silástico Armademônj era trancá-lo sozinho em um quarto porque, mais cedo ou mais tarde, ele iria começar a se estapear.

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Eventualmente perceberam que teriam que resolver isso então baixaram um decreto de que qualquer um que tivesse que usar armas como parte de seu trabalho normal como Silástico (policiais, seguranças, professores primários, etc.) teria que passar pelo menos 45

minutos por dia esmurrando um saco de batatas para gastar seu excesso de agressividade. Durante algum tempo isso funcionou bem, até que alguém pensou que seria muito mais eficiente e levariam menos tempo se apenas atirassem nas batatas em vez de bater nelas.

Isso trouxe um entusiasmo renovado pela prática de atirar em diversas coisas e todos ficaram muito animados perante a perspectiva da primeira grande guerra em algumas semanas.

Outra grande realização dos Silásticos Armademônios de Striterax foi o fato de terem sido a primeira raça a conseguir chocar um computador.

Tratava-se de um gigantesco computador espacial chamado Hactar, até hoje lembrado como um dos mais poderosos jamais construídos. Foi o primeiro a ser construído como um cérebro orgânico, no sentido de que cada uma de suas partículas celulares carregava consigo o padrão do todo, o que permitia que pensasse de forma mais flexível, mais imaginativa e, aparentemente, também permitia que ficasse chocado. Os Silásticos Armademônios de Striterax estavam envolvidos em outra de suas guerras rotineiras com os Árduos Gargalutadores de Stug, mas não estavam se divertindo tanto quanto de hábito porque esta guerra envolvia muitas caminhadas através dos Pântanos Radioativos de Cwulzenda e também através das Montanhas de Fogo de Frazfaga, terrenos no quais eles não se sentiam confortáveis.

Então, quando os Estiletanos Estrangulantes de Jajazikstak se juntaram à batalha, forçando-os a lutarem em outro front, nas Cavernas Gama de Carfrax e nas Tempestades de Gelo de Varlengooten, decidiram que aquilo havia passado dos limites e ordenaram a Hactar que projetasse para eles uma Arma Definitiva.

― O que vocês querem dizer ― perguntou Hactar ― com Definitiva?

Ao que os Silásticos Armademônios de Striterax responderam:

― Vá procurar num maldito dicionário! ― e depois retornaram à batalha. Então Hactar projetou uma Arma Definitiva.

Era uma bomba muito, muito pequena que era apenas uma matriz de conexões no hiperespaço que, quando ativada, iria conectar o centro de cada um dos grandes sóis com o centro de todos os outros grandes sóis simultaneamente, transformando, assim, todo o Universo em uma gigantesca supernova hiperespacial.

Quando os Silásticos Armademônios de Striterax tentaram usá-la para detonar um depósito de munições dos Estiletanos Estrangulantes em uma das Cavernas Gama, ficaram profundamente irritados porque a coisa não funcionou e expressaram sua opinião para Hactar. Hactar ficou chocado com a idéia.

Tentou explicar-lhes que tinha pensado muito sobre essa coisa toda de Arma Definitiva e que concluíra que nenhuma conseqüência possível decorrente da não-explosão da bomba Poderia ser pior do que a conseqüência bem conhecida de sua explosão. Sendo assim, ele tinha tomado a liberdade de introduzir uma pequena falha no projeto da bomba e esperava que todos os envolvidos, ao pensarem mais claramente sobre o assunto, entendessem que...

Os Silásticos Armademônios não concordaram e pulverizaram o computador. Mais tarde eles pensaram um pouco mais no assunto destruíram a bomba defeituosa também.

Então, parando apenas para dar um couro nos Árduos Gargalutadores de Stug e nos Estiletanos Estrangulantes de Jajazikstak, continuaram pensando e encontraram uma forma

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totalmente nova de explodirem a si mesmos, o que foi um grande alívio para todos os outros povos da Galáxia, em especial os Gargalutadores, os Estiletanos e, claro, as batatas. Trillian havia assistido a tudo isso, assim como à história de Krikkit. Saiu pensativa da Sala de Ilusões Informacionais, bem a tempo de descobrir que haviam chegado tarde demais.

Capítulo 25

Assim que a Espaçonave Bistromática tremeluziu de volta à existência objetiva no topo de um pequeno penhasco no asteróide de dois quilômetros de largura que descrevia uma eterna e solitária órbita em torno do sistema estelar trancafiado de Krikkit, sua tripulação soube que tinha chegado a tempo apenas de testemunhar um evento histórico que não poderiam impedir.

Não sabiam que iriam assistir a dois eventos.

Ficaram lá, gélidos, solitários e sem ação na borda do penhasco, olhando a atividade abaixo. Feixes de luz descreviam arcos sinistros contra o vazio, vindos de um ponto que estava apenas cerca de 100 metros abaixo e à frente deles.

Olharam para o evento ofuscante.

Uma extensão do campo da nave permitia que ficassem ali, de pé, mais uma vez explorando a predisposição da mente de aceitar que a enganassem: os problemas da baixa gravidade gerada pela pequena massa do asteróide ou o fato de não serem capazes de respirar passavam a ser de Outra Pessoa.

A nave de guerra de Krikkit estava parada entre os rochedos acinzentados do asteróide, alternadamente brilhando sob potentes holofotes ou desaparecendo nas sombras. A escuridão das sombras cortantes projetadas pelas rochas nuas dançava com a nave numa coreografia exótica enquanto os holofotes giravam em torno delas. Onze robôs brancos estavam levando, em procissão, a Chave de Wikkit para o centro de um círculo de luzes oscilantes.

A Chave de Wikkit fora reconstruída. Seus componentes brilhavam e reluziam: o Pilar de Aço (ou perna de Marvin) da Forca e Poder; o Pilar Dourado (ou Coração do Motor de Improbabilidade) da Prosperidade; o Pilar de Acrílico (ou Cetro da Justiça de Argabuthon] da Ciência e da Razão; a Trave de Prata (ou Troféu Rory pelo Uso Mais Desnecessário da Palavra "Foda-se" em um Roteiro Sério) e a Trave de Madeira, agora reconstruída (ou Cinzas de uma trave queimada significando a morte do críquete inglês), da Natureza e Espiritualidade.

― Suponho que não haja nada que possamos fazer agora? ― perguntou Arthur, nervosamente.

― Não ― lamentou Slartibartfast.

A expressão de desapontamento que cruzou o rosto de Arthur foi um completo fracasso e, como estava obscurecido pela sombra, deixou que se transformasse em uma expressão de alívio.

― Pena ― disse ele.

― Não temos armas ― disse Slartibartfast. ― Uma estupidez.

― Droga ― disse Arthur baixinho. Ford não disse nada.

Trillian também não disse nada, mas o fez de uma forma distinta e pensativa. Ela estava olhando para a escuridão do espaço para além do asteróide. O asteróide orbitava a Nuvem de Poeira que cercava o envoltório de Tempolento

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que mantinha trancado o mundo no qual viviam o povo de Krikkit, os Mestres de Krikkit e seus robôs assassinos.

O grupo, desolado, não tinha como saber se os robôs de Krikkit sabiam ou não que eles estavam lá. Podiam presumir que sim, mas que os robôs provavelmente acreditavam ―

corretamente, dadas as circunstâncias ― que nada tinham a temer. Tinham uma tarefa histórica a cumprir e sua audiência podia ser tratada com indiferença.