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- Obrigada - disse ela com um sorriso. Momentos depois ela dormia.

Rubio Arzano contemplou-a e pensou: "Jamais conheci uma mulher assim." Era tão espiritual que dedicara sua vida a Deus, mas ao mesmo tempo era prática e objetiva. E se comportara naquela noite tão bravamente quanto qualquer homem. "Você é uma mulher muito especial", pensou Rubio Arzano, enquanto a observava a dormir. "Irmãzinha de Jesus."

Capítulo 20

O coronel Fal Sostelo estava em seu décimo cigarro. "Não posso adiar por mais tempo", decidiu. Respirou fundo várias vezes para se acalmar e depois discou um número. E disse, assim que Ramón Acoca atendeu:

- Coronel, atacamos um acampamento terrorista ontem à noite. Fui informado de que Jaime Miró estava lá. Achei que deveria ser informado.

Houve um silêncio perigoso.

- Pegou-o?

- Não.

- Realizou essa operação sem me consultar?

- Não havia tempo para…

- Mas houve tempo para deixar Miró escapar. - A voz de Acoca estava inpregnada de fúria. - O que o levou a empreender essa operação executada com tanta competência?

O coronel Sostelo engoliu em seco.

- Pegamos uma das freiras do convento. Ela nos levou a Miró e seus homens. Matamos um deles no ataque.

- Mas todos os outros escaparam?

- Isso mesmo, coronel.

- Onde está a freira agora? Ou será que a deixou escapar também? - O tom era sarcástico.

- Claro que não, coronel. Ela está aqui, no acampamento. Começamos a interrogá-la e…

- Não faça isso. Pode deixar que a interrogarei pessoalmente. Estarei aí dentro de uma hora. Veja se consegue mantê-la até minha chegada. - Ele bateu o telefone.

Exatamente uma hora depois, o coronel Ramón Acoca chegou ao acampamento em que a irmã Teresa se encontrava. Estava acompanhado por uma dúzia de homens do "GOE".

- Tragam-me a irmã - ordenou Acoca.

Irmã Teresa foi conduzida à barraca do comandante, onde o coronel Acoca a aguardava.

Ele levantou-se polidamente quando ela entrou e sorriu.

- Sou o coronel Acoca.

"Finalmente!"

- Sabia que você viria. Deus me disse.

Ele acenou com a cabeça, amavelmente.

- É mesmo? Ótimo. Sente-se, por favor, irmã.

Irmã Teresa sentia-se nervosa demais para se sentar.

- Precisa me ajudar.

- Vamos ajudar um ao outro - assegurou o coronel. - Escapou do convento Cisterciense em Ávila, não é mesmo?

- É, sim. Foi terrível. Todos aqueles homens… Eles fizeram coisas horríveis e… - Sua voz hesitou.

"E coisas estúpidas. Deixamos que você e as outras escapassem."

- Como chegou aqui, irmã?

- Deus me trouxe. Está me testando, como outrora testou…

- Junto com Deus, alguns homens também a trouxeram para cá, irmã?

- Isso mesmo. Eles me sequestraram. E eu tinha de fugir deles.

- Disse ao coronel Sostelo onde poderia encontrar esses homens?

- Disse, sim. Os homens maus. Raul está por trás de tudo isso. Ele me enviou uma carta e disse…

- Irmã, o homem que procuramos em particular é Jaime Miró. Por acaso o viu?

Ela estremeceu.

- Vi, sim. Ele…

O coronel inclinou-se para a frente.

- Isso é ótimo. Agora me diga onde posso encontrá-lo.

- Ele e os outros estão a caminho de Éze.

Acoca franziu o rosto, perplexo.

- Para Éze? Na França?

Suas palavras eram um murmúrio.

- Isso mesmo. Monique abandonou Raul e ele enviou os homens para me sequestrarem por causa do bebê, para que eu…

O coronel tentou controlar sua crescente impaciência.

- Miró e seus homens estão seguindo para o norte. Éze fica para o leste.

- …Não deve deixar que me levem de volta para Raul. Não quero vê-lo nunca mais. Pode compreender. Não poderia encará-lo…

O coronel Acoca interveio bruscamente:

- Não estou interessado nesse tal de Raul. Quero saber onde posso encontrar Jaime Miró.

- Já lhe disse. Ele está em Éze, à minha espera. Quer…

- Está mentindo. Acho que tenta proteger Miró. Não quero machucá-la, por isso vou perguntar mais uma vez. Onde está Jaime Miró?

Irmã Teresa fitou-o, desamparada.

- Não sei - murmurou ela, olhando ao redor, desvairada. - Não sei.

- Disse há um momento atrás que ele se encontrava em Éze.

A voz do coronel era como um chicote estalado.

- É verdade. Deus me contou.

O coronel Acoca já aguentara demais. A mulher era demente ou uma atriz brilhante. De qualquer forma, ela o enojava com toda aquela conversa de Deus. Ele virou-se para Patrício Arrieta, seu ajudante-de-ordens.

- A memória da irmã precisa de algum estímulo. Leve-a para a barraca do intendente. Talvez você e seus homens possam ajudá-la a se lembrar onde está Jaime Miró.

- Está bem, coronel.

Patrício Arrieta e os seus homens que o acompanhavam haviam participado do ataque ao convento em Ávila. Sentiam-se responsáveis por ter deixado as quatro freiras escaparem.

"Pois compensaremos isso agora", pensou Arrieta. Ele virou-se para irmã Teresa.

- Venha comigo, irmã.

- Está certo. - "Abençoado Jesus, obrigada." - Não vão deixar que eles me levem para Éze, não é mesmo?

- Não, não vai para Éze - Assegurou Arrieta.

"O coronel tem razão", ele pensou. "Ela está se divertindo conosco. Mas vamos lhe ensinar outras diversões. Será que ficará deitada quietinha ou gritará?"

Ao chegarem à barraca de intendência, Arrieta disse:

- Irmã, vamos lhe dar a última oportunidade. Onde está Jaime Miró?

"Já me perguntaram isso antes? Ou foi outra pessoa? Foi aqui ou… tudo está confuso demais."

- Ele me sequestrou a mando de Raul, porque Monique abandonou-o, e ele pensou…

- Bueno, se é assim que você prefere… - murmurou Arrieta. - Veremos se conseguimos lhe refrescar a memória.

- Eu gostaria muito, por favor. Tudo é muito confuso.

Meia dúzia de homens de Acoca entraram na barraca, junto com alguns soldados uniformizados. Irmã Teresa fitou-os, aturdida.

- Esses homens vão me levar para o convento agora?

- Farão melhor do que isso. - Patrício Arrieta sorriu. - Vão levá-la ao paraíso, irmã.

Os homens adiantaram-se, cercando-a.

- É muito bonito o vestido que está usando - disse um soldado. - Tem certeza que é freira, querida?

- Sou, sim. - Raul a chamava de querida. Aquele era Raul? - Tivemos de trocar de roupa para escapar dos soldados.

Mas aqueles homens eram soldados. Estava tudo confuso demais. Um dos homens empurrou Teresa para o catre.

- Não é nenhuma beleza, mas vamos ver como parece por baixo de todas essas roupas.

- O que está fazendo?

Ele estendeu a mão e arrancou a parte superior do vestido, enquanto outro homem rasgava a saia.

- Até que não é um corpo dos piores para uma velha, não é mesmo, pessoal?

Teresa gritou. Olhou para os homens à sua volta. "Deus vai fulminar todos eles. Não permitirá que me toquem, pois sou seu receptáculo. Estou com o Senhor, bebendo de Sua fonte de pureza."

Um dos soldados abriu o cinto. Um instante depois, irmã Teresa sentiu mãos rudes abrirem suas pernas. Enquanto o soldado se esparramava por cima dela, sentiu sua carne dura penetrá-la e tornou a gritar.

- Agora, Deus! Castigue-os agora! - Esperou pela trovoada e um relâmpago brilhante que destruiria todos aqueles homens.

Outro soldado subiu em cima dela. Um nevoeiro vermelho assentou-lhe os olhos. Teresa ficou à espera que Deus os fulminasse, quase inconsciente dos homens que a estupravam. Não sentia mais dor.

Arrieta estava de pé ao lado do catre. Depois que cada homem terminava com Teresa, ele perguntava:

- Já é o suficiente, irmã? Pode acabar com isso a qualquer momento. Tudo que precisa fazer é contar onde está Jaime Miró.

Irmã Teresa não ouvia. Gritava em sua mente: "Fulmine-os com Seu Poder, Senhor. Extermine-os como exterminou os outros iníquos em Sodoma e Gomorra."