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No momento em que Jaime e Felix apareceram, um detetive ordenou:

- Larguem as armas!

Jaime hesitou por uma fração de segundo. E depois levantou a arma.

Capítulo 41

O 727 adaptado voava a 35 mil pés de altitude, sobre o Grand Canyon. Fora um dia longo e árduo. "E ainda não acabou", pensou Megan.

Ela seguia para a Califórnia, para assinar os contratos que dariam à Scott Industries quatrocentos mil hectares de terras florestais, ao norte de San Francisco. Megan discutira muito o negócio e saíra levando vantagem.

"A culpa é delas", pensou Megan. "Não deveriam me enganar. Aposto que sou a primeira guarda-livros de um convento Cisterciense que eles já enfrentaram."

Soltou uma risada.

A aeromoça aproximou-se.

- Deseja alguma coisa, Srª Scott?

Ela viu uma pilha de jornais e revistas numa prateleira.

Andara tão ocupada com a transação que não tivera tempo de ler coisa alguma.

- Deixe-me ver o New York Times, por favor.

A notícia estava na primeira página, e saltou a seus olhos. Havia uma fotografia de Jaime Miró. E abaixo a notícia: "Jaime Miró, líder da ETA, o radical movimento separatista basco na Espanha, foi ferido e preso pela polícia durante um assalto a um banco, ontem à tarde, em Sevilha.

Felix Carpio, outro acusado de terrorismo, foi morto no assalto. As autoridades procuravam Miró…"

Megan leu o resto da matéria e ficou imóvel por um longo tempo, recordando o passado. Era como um sonho distante, fotografado através de uma cortina de gás, enevoado e irreal.

"Esta guerra acabará em breve. Conseguiremos o que queremos porque o povo está do nosso lado… Gostaria que você esperasse por mim…"

Há muito tempo ela lera sobre uma civilização em que se acreditava que, quando se salvava a vida de uma pessoa, passava-se a ser responsável por ela. Pois ela salvara Jaime duas vezes…, uma no castelo e outra no parque. "Não posso deixar que o matem agora." Estendeu a mão para o telefone ao lado da poltrona e disse ao piloto:

- Mude a rota. Retornaremos a Nova York.

Uma limusine esperava por ela no aeroporto La Guardia.

Quando ela chegou ao escritório, às duas horas da madrugada, Lawrence Gray já estava à sua espera. O pai fora o melhor advogado da companhia por muitos anos, e se aposentara. O filho era inteligente e ambicioso. Sem qualquer preâmbulo, Megan disse:

- Jaime Miró. O que sabe sobre ele?

A resposta foi imediata:

- É um terrorista basco, líder da ETA. Creio que acabei de ler a notícia de que foi capturado há um ou dois dias.

- Certo. O governo terá de submetê-lo a julgamento. Quero alguém lá. Quem é o melhor advogado criminal do país?

- Eu diria Curtis Hayman.

- Não. Ele é fino demais. Precisamos de alguém implacável. - Megan pensou por um instante. - Chame Mike Rosen.

- Ele já está ocupado pelos próximos cem anos, Megan.

- Desocupe-o. Quero-o em Madrid para o julgamento.

Cray franziu o cenho.

- Não podemos nos envolver num julgamento público na Espanha.

- Claro que podemos. Amicus curiae. Somos amigos do réu.

Ele estudou-a por um momento.

- Importa-se se eu lhe fizer uma pergunta pessoal?

- Claro que me importo. Faça o que estou dizendo.

- Farei o melhor que puder.

- Larry…

- O que é?

- Quero o melhor e mais alguma coisa. - A voz de Megan era dura como aço.

Vinte minutos depois, Lawrence Gray Jr. voltou à sala de Megan.

- Mike Rosen está no telefone. Acho que o acordamos. Ele quer falar com você.

Megan pegou o telefone.

- Sr. Rosen? É um prazer falar-lhe. Nunca nos encontramos pessoalmente, mas tenho a impressão de que vamos nos tornar grandes amigos. Muitas pessoas processam a Scott Industries para tentar nos arrancar alguma coisa, e tenho procurado por alguém para assumir nosso departamento jurídico. Seu nome sempre aflora. Claro que estou disposta a lhe pagar muito bem…

- Senhorita Scott…

- Pois não?

- Não me importo de pegar um trabalho que é uma fria, mas você está me jogando uma gelada.

- Não entendi.

- Pois então permita-me usar o jargão legal. Sem rodeios. São duas horas da madrugada. Ninguém contrata ninguém às duas da madrugada.

- Sr. Rosen…

- Mike. Vamos ser grandes amigos, está lembrada? Mas amigos devem confiar um no outro. Larry me disse que você quer que eu vá à Espanha e tente salvar um terrorista basco que está no poder da polícia.

Ela já ia dizer: "Ele não é terrorista", mas se conteve.

- É isso mesmo.

- Qual é o seu problema? Ele está processando a Scott Industries porque sua arma emperrou?

- Ele…

- Sinto muito, amiga. Não posso ajudá-la. Estou com a agenda tão cheia que desisti de ir ao banheiro há seis meses. Posso recomendar alguns advogados…

"Não", pensou Megan. "Jaime Miró precisa de você." E ela foi subitamente dominada por um senso de desespero. A Espanha era outro mundo, outro tempo. Quando falou, a voz cansada:

- Não importa. É um assunto pessoal. Desculpe tê-lo incomodado.

- Ei, é para isso que servem os amigos! Uma questão pessoal é diferente, Megan. Para dizer a verdade, estou ansioso em saber por que a presidente da Scott Industries se interessa em salvar um terrorista espanhol. Está livre para o almoço amanhã?

Megan não permitiria que nada a atrapalhasse.

- Estou.

- Le Cirque, à uma hora?

Megan sentiu-se mais animada.

- Combinado.

- Faça a reserva. Mas devo alertá-la para uma coisa.

- O que é?

- Tenho uma mulher muito bisbilhoteira.

Os dois se encontraram no Le Cirque. Depois que Sirio deixou-os à mesa, Mike Rosen disse:

- Você é mais bonita do que nas fotografias. Aposto que todo mundo lhe diz isso. - Ele era bem baixo e vestia-se de maneira descuidada. Mas não havia nada mais descuidado em sua mente. - Despertou minha curiosidade - declarou Mike Rosen. - Qual seu interesse por Jaime Miró?

Havia muito para dizer. Coisas demais para contar. Megan limitou-se a responder:

- Ele é um amigo. Não quero que morra.

Rosen inclinou-se para a frente.

- Examinei os arquivos de jornal sobre ele esta manhã. Se o governo de Don Juan Carlos executar Miró apenas uma vez, ele estará levando vantagem. Eles ficarão roucos só de ler acusações contra seu amigo. - Ele percebeu a expressão de Megan. - Desculpe, mas preciso ser franco. Miró tem andado muito ocupado. Assaltando bancos, explode carros, assassina pessoas…

- Ele não é um assassino, mas um patriota. Está lutando por seus direitos.

- Está bem, está bem. Ele é meu herói também. O que deseja que eu faça?

- Salve-o.

- Megan, somos tão bons amigos que vou lhe dizer a verdade absoluta. O próprio Jesus Cristo não poderia salvá-lo. Está à procura de um milagre que…

- Acredito em milagres. Vai me ajudar?

Ele estudou-a por um momento.

- Para que servem os amigos? Já experimentou o paté? Ouvi dizer que eles o fazem koser.

O Fax de Madrid dizia: "Falei com alguns dos maiores advogados europeus. Todos se recusam a defender Miró. Tentei ser admitido no julgamento, como amicus curiae. O tribunal não me aceitou. Gostaria de poder realizar o milagre para você, amiga, mas Deus ainda não se levantou. Estou voltando. Você me deve um almoço. Mike.

O julgamento estava marcado para começar a 17 de setembro.

- Cancele todos os meus compromissos - ordenou Megan a um assistente. - Tenho alguns negócios em Madrid.

- Quanto tempo vai demorar?

- Não sei.

Ela planejou sua estratégia no avião, enquanto sobrevoava o Atlântico. Deve haver uma maneira, pensou Megan. Tenho dinheiro e puder. O primeiro-ministro é a chave. Preciso entrar em contato com ele antes do início do julgamento. Depois disso, será tarde demais.