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Ao anoitecer, o furgão cruzou a fronteira com a França e seguiu para a aldeia de Bidache, perto de Bayonne. Parou diante de uma casa de fazenda imaculada.

- É aqui. Vamos nos livrar do corpo antes que comece a feder.

A porta da casa foi aberta por uma mulher de cinquenta e poucos anos.

- Vocês o trouxeram?

- Trouxemos, madame. Onde gostaria que o deixássemos?

- Na sala de visitas, por favor.

- Pois não, madame. Eu… ahn… não esperaria muito tempo para enterrá-lo. Entende o que estou querendo dizer?

Ela observou os dois homens carregarem o saco com o corpo para o interior da casa e largarem-no no chão da sala.

- Obrigada.

- De nada.

Ela ficou parada, observando o furgão afastar-se.

Outra mulher veio dos fundos da casa e correu para o saco.

Abriu-o rapidamente.

Jaime Miró estava encolhido lá dentro, sorrindo.

- Aquele garrote podia ter me deixado com torcicolo.

- Vinho branco ou tinto? - perguntou Megan.

Capítulo 43

No Aeroporto Barajas em Madrid, o ex-diretor Gomez de la Fuente, seus dois assistentes, Molinas e Arrango, o Dr. Anunción e o gigante que vestira a máscara estavam no salão de espera para viajar.

- Ainda acho que estão cometendo um erro ao não irem comigo para Costa Rica - disse de la Fuente. - Com cinco milhões de dólares poderiam comprar toda a porra do país.

Molinas sacudiu a cabeça.

- Arrango e eu vamos para a Suíça. Estou cansado do sol. Vamos comprar algumas dezenas de bonequinhas de neve.

- Eu também - disse o gigante. Eles viraram-se para Miguel Anunción.

- O que vai fazer, doutor?

- Vou para Bangladesh.

- O quê?

- Isso mesmo. Usarei o dinheiro para abrir um hospital. Pensei muito a esse respeito, antes de aceitar a oferta de Megan Scott. Cheguei à conclusão de que se pudesse salvar uma porção de vidas inocentes por deixar um terrorista viver, então seria uma boa troca. Além do mais, devo lhes dizer, eu gostava de Jaime Miró.

Capítulo 44

Fora uma estação das melhores na região rural da França, proporcionando aos fazendeiros colheitas abundantes.

"Eu gostaria que todos os anos pudessem ser tão maravilhosos como este", pensou Rubio Arzano. Fora um bom ano sob mais que um aspecto.

Primeiro, seu casamento, depois, há um ano, o nascimento dos gêmeos. Quem jamais sonhou que um homem pudesse ser tão feliz?

Estava começando a chover. Rubio fez a volta com o trator e seguiu para o celeiro. Pensou nos gêmeos. O menino seria grande e robusto. Mas a menina… Ela seria impossível.

Vai dar trabalho a seu homem, pensou Rubio, sorrindo. Saíu à mãe.

Ele deixou o trator no celeiro e foi para a casa, sentindo a chuva fria no rosto. Abriu a porta e entrou.

- Chegou bem na hora - disse Lucia. - O jantar está pronto.

A reverenda madre Betina despertou com a premonição de que alguma coisa maravilhosa estava prestes a acontecer.

"Mas é claro que muitas coisas boas já aconteceram", pensou ela. O convento Cisterciense fora reaberto há bastante tempo, sob a proteção do rei Don Juan Carlos. Irmã Graciela e as outras freiras levadas para Madrid estavam de volta ao convento, sãs e salvas, refugiando-se mais uma vez na abençoada solidão e silêncio.

Pouco depois do desjejum, a reverenda madre entrou em sua sala e parou abruptamente, aturdida. Em sua mesa, faiscando com um brilho ofuscante, estava a cruz de ouro.

Foi considerado um milagre.

Posfácio

Em 1978, Madrid tentou comprar a paz, oferecendo aos bascos uma autonomia limitada, permitindo-lhes que tivessem sua bandeira, sua língua e um departamento de polícia basco. A ETA respondeu com o assassinato de Constantin Ortin Gil, o governador militar de Madrid, e depois de Luis Carrero Blanco, o homem escolhido por Franco para seu sucessor.

A escala de violência continua.

Num período de três anos, terroristas da ETA mataram mais de seiscentas pessoas. O massacre continua, e a retaliação da polícia tem sido igualmente brutal.

Não faz muitos anos, a ETA continuava com a simpatia dos dois milhões e meio de bascos, mas o terrorismo continuado minou o apoio. Em Bilbao, o próprio coração do país basco, cem mil pessoas saíram às ruas para uma manifestação contra a ETA. O povo espanhol sente que chegou o momento para a paz, o momento para curar as feridas.

A OPUS DEI está mais poderosa do que nunca, mas poucas pessoas se mostram dispostas a discutir o assunto.

Quanto aos conventos Cistercienses da Estrita Observância, há hoje 54, espalhados pelo mundo, sete deles na Espanha.

O antigo ritual de eterno silêncio e isolamento permanece inalterado.