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Valona impetuosamente pôs sua mão sobre os olhos de Rik quando Samia entrou na cela.

— O que há, menina? — perguntou Samia rispidamente, antes que pudesse se lembrar de que deveria falar confortantemente.

Valona falou com dificuldade. — Ele não é muito esperto, Madame — disse. — Não iria saber que era uma Dama. Poderia ter olhado, Madame, quero dizer, fazer isso sem ofendê-la.

— Ai, meu Deus! — disse Samia. — Deixe-o olhar. — Continuou: — Eles têm de ficar aqui, Capitâó?

— Preferiria um camarote, Madame?

— Certamente poderia obter uma cela que não fosse tão sinistra — disse Samia.

— É sinistra para si, Madame. Para eles, estou certo que isto é luxo. Há água corrente aqui. Pergunte-lhes se há em qualquer uma de suas choças em Florina.

— Bem, diga àqueles homens que saiam.

O Capitão gesticulou e eles se viraram, caminhando agilmente.

O Capitão armou a cadeira dobrável de alumínio leve que trouxera consigo. Samia sentou-se.

Ele falou bruscamente para Rik e Valona: — Levantem-se.

Samia interrompeu instantaneamente: — Não! Deixe-os sentar. Não deve interferir, Capitão. — Virou-se para eles: — Então você é uma floriniana, menina.

Valona sacudiu a cabeça. — Somos de Wotex

— Você não precisa ficar apavorada. Não importa que sejam de Florina. Ninguém machucará vocês.

— Somos de Wotex.

— Mas você não vê que praticamente admitiu que vocês são de Florina, menina? Por que cobriu os olhos dele?

— Não é permitido pata ele olhar para uma Dama.

— Mesmo se ele for de Wotex?

Valona não respondeu.

Samia deixou que ela pensasse. Tentou sorrir de uma maneira amigável. Então disse: — Somente a florinianos não é permitido olhar para Damas. Portanto, você vê que admitiu ser uma floriniana.

Valona explodiu: — Ele não é.

— Você é?

— Sim, eu sou. Mas ele não é. Não faça nada para ele. Ele realmente não é floriniano. Ele só foi encontrado um dia. Eu não sei de onde ele veio, mas não foi de Florina. — Repentinamente estava quase loquaz.

Samia olhou com certa surpresa. — Bem, falarei com ele. Qual é seu nome, menino?

Rik olhava fixamente. Era assim que se pareciam as mulheres Nobres? Tão pequenas, e de olhar amigável. E ela cheirava tão bem. Estava muito contente por ela deixar que ele olhasse para ela.

Samia falou novamente: — Qual é seu nome, menino?

Rik voltou à vida mas tropeçou pobremente ao tentar formar um monossílabo

— Rik — disse. Então pensou que aquele não era seu nome. — Eu acho que é Rik — disse.

— Você não sabe?

Valona, olhando acabrunhada, tentou falar, mas Samia fez rispidamente um gesto de restrição.

Rik balançou a cabeça. — Eu não sei.

— Você é floriniano?

Rik aqui foi positivo. — Não. Eu estava numa nave. Vim para cá de algum outro lugar. — Não podia manter seu olhar distante de Samia, mas parecia ver a nave coexistindo com ela. Uma nave pequena e muito amistosa, como um lar.

— Foi em uma nave que eu vim para Florina — disse — e antes disso eu vivia em um planeta.

— Que planeta?

Era como se a idéia estivesse forçando seu caminho dolorosamente através de canais mentais muito pequenos para ela. Então Rik lembrou-se e ficou encantado ao som de sua voz, um som de há muito esquecido.

— Terra! Eu vim da Terra!

— Terra?

Rik balançou a cabeça.

Samia voltou-se para o Capitão. — Onde fica o planeta Terra?

O Capitão Racety sorriu brevemente. — Eu nunca ouvi falar dele. Não leve o menino a sério, Madame. Um nativo mente da mesma forma que respira. Vem naturalmente para ele. Diz o que vier primeiro à sua mente.

— Ele não fala como um nativo. — Virou-se para Rik nova mente. — Onde é a Terra, Rik?

— Eu… — ele pôs uma mão trêmula sobre a testa. Então disse: — Fica no Setor Sirius. — A entonação da afirmativa fez dela uma meia questão.

Samia perguntou ao Capitão: — Existe um Setor Sirius, não existe?

— Sim, existe. Estou pasmado que ele esteja certo. Ainda assim, isto não torna a Terra mais real.

Rik falou veementemente: — Mas é. Eu me lembro, eu lhe digo. Faz muito tempo que eu me lembrei. Não posso estar errado agora. Não posso.

Virou-se, agarrando os cotovelos de Valona e segurando sua luva. — Lona, diga-lhes que eu vim da Terra. Eu vim. Eu vim.

Os olhos de Valona estavam cheios de ansiedade. — Eu encontrei ele um dia, Madame, e ele não tinha juízo de jeito nenhum. Não podia se vestir ou falar ou andar. Ele não era nada. Desde então ele está se lembrando pouco a pouco. Até agora tudo o que ele lembrou foi assim. Ela lançou um olhar rápido, cheio de medo, para a face cavada do Capitão. — Ele pode ter vindo de verdade da Terra, Nobre. Não significa contradição.

Esta última era uma frase estabelecida de há muito que acompanhava qualquer afirmação que parecesse estar em contradição com uma afirmação anterior de um superior.

O Capitão Racety resmungou. — Ele pode ter vindo do centro de Sark mesmo que prove esta história, Madame.

— Talvez, mas há algo esquisito nisso tudo — insistiu Samia, tornando seu rosto insípido, de mulher sábia, um tanto romântica. — Estou certa disso… O que o tornava tão desamparado quando você o encontrou, menina? Ele estava ferido?

Valona não disse coisa alguma de início. Seus olhos corriam desamparados de um lado para outro. Primeiro para Rik, cujos dedos seguravam seus cabelos, então para o Capitão, que estava sorrindo sem vontade, finalmente para Samia, que esperava.

— Responda-me, menina — disse Samia.

Era uma dura decisão para Valona tomar, mas nenhuma mentira concebível poderia substituir a verdade neste momento. — Um médico uma vez examinou ele — disse ela. — Ele disse que m… meu Rik era psico-sondado.

— Psico-sondado! — Samia sentiu um leve fluxo de repulsão bem dentro de si. Ela afastou sua cadeira, que rangiu contra o piso de metal. — Quer dizer que ele era psicótico?

— Eu não sei o que quer dizer, Madame — disse Valona humildemente.

— Não no sentido em que está pensando, Madame — disse o Capitão quase simultaneamente. — Os nativos não são psicóticos. Suas necessidades e desejos são muito simples. Eu nunca ouvi falar de um nativo psicótico em toda a minha vida.

— Mas então…

— É simples, Madame. Se aceitarmos esta fantástica história que a garota conta, podemos somente concluir que o rapaz tenha sido um criminoso, que é uma maneira de ser psicótico, suponho. Se for assim, deve ter sido tratado por um daqueles charlatães que praticam entre os nativos, foi quase morto e então jogado numa seção deserta para evitar detenção e processo.

— Mas teria de ser alguém com uma sonda psíquica — protestou Samia. — Certamente você não crê que os nativos fossem capazes de utilizá-las.

— Talvez não. Mas então não espere que um médico não autorizado utilize uma delas tão inabilmente. O fato de que chegamos a uma contradição prova que a história é uma mentira total. Se aceitar minha sugestão, Madame, deixará estas criaturas em nossas mãos. Verá que é inútil esperar qualquer coisa deles.

Samia hesitou. — Talvez você esteja certo.

Ela se levantou e olhou com incerteza para Rik. O Capitão caminhou atrás dela, levantou a pequena cadeira e dobrou-a com um estalo.

Rik pulou a seus pés. — Espere!

— Se tiver a bondade, Madame — disse o Capitão, segurando a porta aberta para ela. — Meus homens o acalmarão.