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— Não manterei. Em vinte e quatro horas eu saberei quem é X. Não lhes contei. O analista espacial de que todos estávamos falando está agora em minhas mãos.

Caíram em silêncio. Entreolharam-se com reserva e suspeita.

Fife deu urna risadinha de satisfação. — Vocês estão curiosos para saber qual de vocês pode ser X. Um de vocês sabe, estejam certos disso. E em vinte e quatro horas todos saberemos. Agora, tenham em mente, cavalheiros, que vocês todos estão indefesos. As naves de guerra são minhas. Bom dia!

Seu gesto foi de despedida.

Um por um se foi, como estrelas nas profundezas do vácuo sendo eclipsadas na videoplaca pela passagem e pelo volume invisível de uma espaçonave destroçada.

Steen foi o último a sair. — Fife — disse tremulamente

Fife olhou para ele. — Sim? Você deseja se confessar, agora que nós dois estamos sozinhos? Você é X?

O rosto de Steen contorceu-se num abalo selvagem. — Não, não. Realmente. Eu só queria perguntar se você realmente fala sério. Quero dizer, autonomia continental e tudo mais?

Fife olhou fixamente para o velho cronômetro na parede. — Bom dia.

Steen lamuriou-se, Sua mão foi à chave de contato e, também ele, desapareceu.

Fife sentou-se ali, rígido e imóvel. Com a conferência terminada, o calor da crise já passado, a depressão apossou-se dele. Sua boca sem lábios era um corte severo num amplo rosto.

Todos os cálculos começaram com este fato: o analista espacial estava louco, não havia juízo final. Mas em relação a um maluco, muita coisa havia acontecido. Teria Junz do DAI perdido um ano à procura de um maluco? Ele seria tão obstinado em sua caçada atrás de contos de fadas?

Fife nada disse a ninguém a respeito. Ele mal ousava partilhar isso com sua própria alma. E se o analista espacial nunca tivesse estado louco? E se a destruição pendesse sobre o mundo de kyrt

O secretário floriniano moveu-se imperceptivelmente ante o Grande Nobre, sua voz insípida e seca.

— Senhor!

O que é?

— A nave com sua filha pousou.

— O analista espacial e a mulher nativa estão em segurança?

— Sim, senhor.

— Que não sejam interrogados em minha ausência. Devem ser mantidos incomunicáveis até que eu chegue… Há notícias de Florina?

— Sim, senhor, O Conselheiro está sob custódia e está sendo trazido para Sark.

13. O Iatista

As luzes do porto brilhavam uniformemente enquanto o crepúsculo caía. Em momento algum a iluminação completa variou daquela que seria esperada de um entardecer um pouco velado. No Porto 9, como nos outros iateportos da Cidade Superior, havia luz do dia durante toda a rotação de Florina. A luminosidade poderia tornar-se incomumente pronunciada ao sol do meio-dia, mas este era o único desvio.

Markis Genro poderia dizer que o próprio dia havia passado somente porque, ao passar pelo porto, havia deixado as coloridas luzes noturnas da Cidade atrás de si. Estas estavam brilhando contra a escuridão do céu, mas não tinham a pretensão de substituir o dia.

Genro fez uma pausa logo à entrada principal e não parecia de forma alguma impressionado com a gigantesca ferradura com suas três dúzias de hangares e cinco fossos de decolagem. Era parte dele, como era parte de qualquer iatista experimentado.

Tirou um longo cigarro, de cor violeta e ponta com leve invólucro de kyrt prateado, e colocou-o na boca. Pôs as mãos em concha em tomo da ponta exposta e observou-a tomar vida esverdeada quando ele inalava. Queimava lentamente e não deixava cinzas. Uma fumaça esmeralda filtrava-se de suas narinas.

— Negócios como de costume! — murmurou.

Um membro do comitê de navegação, em roupas de iatismo, com somente uma discreta e elegante inscrição acima de um dos botões de sua túnica a indicar que era um membro do comitê, moveu-se rapidamente ao encontro de Genro, evitando cuidadosamente qualquer aparência de pressa.

— Ah, Genro! E por que não negócios como de costume?

— Olá, Dotti. Eu somente pensei que com toda esta bagunça continuando poderia ocorrer a algum brilhante rapaz fechar os portos. Graças a Sark que não.

O homem do comitê tomou-se sóbrio. — Sabe, pode ser isso. Você ouviu as últimas?

Genro sorriu. — Como você pode me contar as últimas do depois-da-últimas?

— Bem, você soube o que é definitivo agora sobre o nativo? O assassino?

— Quer dizer que o apanharam? Não soube disso.

— Não, não o apanharam. Mas sabem que ele não está na Cidade Inferior!

— Não? Onde é que ele está, então?

— Ué, na Cidade Superior. Aqui.

— Deixa disso. — Os olhos de Genro se arregalaram, e então se estreitaram em descrédito.

— Não, de verdade — disse o membro do comitê, um pouco ofendido. — Para mim já é um fato. Os patrulheiros estão varrendo a Rodovia Kyrt de cima a baixo. Cercaram o Parque da Cidade e estão utilizando a Arena Central como um ponto de coordenação. Tudo isto é autêntico.

— Bem, talvez. — Os olhos de Genro percorreram descuidadamente as naves nos hangares. — Eu não tenho vindo ao 9 por dois meses, acho. Existe alguma nave nova por aqui?

— Não. Bem, sim, tem a Flame Arrow de Hjordesse.

Genro balançou a cabeça. — Eu a vi. Ë toda de cromo,e nada mais. Eu odeio pensar que terei de acabar projetando o meu.

— Você está vendendo o Cometa V?

— Vendendo ou jogando fora. Estou cansado destes modelos novos. São automáticos demais. Com seus relés automáticos e computadores para trajetórias, estão matando o esporte.

— Sabe, ouvi dizer que outros pensam da mesma forma — concordou o membro do comitê. — Vou dizer-lhe uma coisa. Se eu souber de um modelo antigo em boas condições no mercado, falarei com você.

— Obrigado. Importa-se se eu percorrer o lugar?

— Claro que não. Vá em frente. — O membro do comitê deu um sorriso largo, acenou e afastou-se apressadamente.

Genro fez sua lenta ronda, o cigarro, pela metade, pendendo do canto de sua boca. Parava em cada hangar ocupado, avaliando sagazmente seu conteúdo.

No hangar 26 mostrou um elevado interesse. Olhou por cima da cerca baixa e disse: — Nobre?

A chamada era uma pergunta polida, mas após uma pausa teve de chamar outra vez, um pouco mais peremptoriamente um pouco menos polidamente.

O Nobre que emergiu em seu campo de visão não tinha uma aparência impressionante. Em primeiro lugar, não estava em roupas de iatismo. Além disso, precisava barbear-se, e seu barrete de aparência repelente estava inclinado na maneira mais deselegante possível. Parecia cobrir metade de seu rosto. E ainda sua atitude era de peculiar cautela e suspeita.

— Sou Markis Genro — disse. — É sua embarcação, senhor?

— Sim, é. — As palavras eram lentas e tensas.

Genro não fez caso. Inclinou a cabeça para trás e observou as linhas do iate cuidadosamente. Tirou a ponta de cigarro da boca e jogou-a para o alto. Ainda não havia atingido o ponto mais alto de sua trajetória quando, com um pequeno clarão, desapareceu.

— Não se importaria se eu entrasse? — perguntou. — O outro hesitou, então pôs-se de lado. Genro entrou.

— Que tipo de motor tem a embarcação, senhor? — perguntou.

— Por que pergunta?

Genro era alto, sua pele e seus olhos eram escuros, cabelos crespos e curtos. Era mais alto que o outro, e seu sorriso mostrava dentes brancos e regularmente espaçados. Disse: — Para ser bem franco, estou procurando uma nova nave.

— Quer dizer que está interessado nesta?