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Abel franziu as sobrancelhas e falou com inamistosa formalidade: — Isto não é um julgamento, Nobre. O Dr. Junz está aqui para recuperar a pessoa de um membro do DAI, como é seu direito e dever. Estou aqui para proteger os interesses de Trantor em uma época problemática. Não existem dúvidas em minha mente de que este homem, Rik, é o analista espacial desaparecido. Podemos encerrar esta parte da conferência imediatamente se você concordar em entregar o homem ao Dr. Junz para exames adicionais, incluindo uma verificação das características físicas. Naturalmente, requeriremos que ainda nos ajude a encontrar o culpado pela psico-sondagem e o estabelecimento de salvaguardas contra uma repetição futura de tais atos contra o que é, afinal, uma agência interestelar que consistentemente tem se mantido acima de políticas regionais.

— Que discurso! — disse Fife. — Mas o óbvio permanece óbvio e seus planos são inteiramente transparentes. O que acontecerá se eu lhe entregar este homem? Eu, antes, acho que o DAI logrará encontrar exatamente o que quer encontrar. Declara ser uma agência interestelar sem laços regionais, mas é um fato, não é, que Trantor contribui com dois terços de seu orçamento? Eu duvido que qualquer observador razoável o consideraria realmente neutro na Galáxia de hoje. Suas descobertas com relação a este homem certamente irão de encontro com os interesses imperiais de Trantor.

— E o que serão estas descobertas? É óbvio também. A memória do homem lentamente voltará. O DAI divulgará boletins diários. Pouco a pouco ele irá se lembrar mais e mais dos detalhes necessários. Primeiro, meu nome. Então, minha aparência. Então, minhas exatas palavras. Eu serei solenemente declarado culpado. Reparações serão necessárias e Trantor será forçado a ocupar Sark temporariamente, uma ocupação que de algum modo irá tomar-se permanente.

— Existem limites além dos quais qualquer chantagem sucumbe. A sua, Sr. Embaixador, termina aqui. Se quiser este homem, Trantor terá de enviar uma frota atrás dele.

— Não há questão de força — disse Abel. — Embora eu note que você tem cuidadosamente evitado negar ao comprometimento em relação ao que o analista espacial acabou de dizer.

— Não há qualquer comprometimento que eu precise dignificar por uma negativa. Ele se lembra de uma palavra, ou diz que se lembra. E o que tem isso?

— Isto não significa que ele se lembra?

— Absolutamente. O nome Fife é o maior de Sark. Mesmo se admitirmos que o chamado analista espacial é sincero, ele teria um ano de oportunidades para ouvi-lo em Florina. Ele veio para Sark numa nave que transportava minha filha, uma oportunidade ainda melhor para ouvir o nome Fife. O que é mais natural que tal nome ficasse envolvido com seus vestígios de memória? Claro, ele pode não ser sincero. As revelações esporádicas deste homem podem bem ser ensaiadas.

Abel não pensou em coisa alguma para falar. Olhou para os outros. Junz estava sombriamente carrancudo, os dedos de sua mão direita lentamente massageando seu queixo. Steen sorrindo afetada e tolamente e resmungando para si mesmo, O Conselheiro floriniano olhava estupidamente para seus joelhos.

Era Rik quem falava, forçando-se contra os braços de Valona e pondo-se de pé.

— Ouçam — disse. Seu rosto pálido contorcia-se. Seus olhos espelhavam dor.

— Outra revelação, eu suponho — disse Fife.

— Ouçam! — começou Rik. — Estávamos sentados a uma mesa. O chá estava drogado. Tínhamos entrado numa querela. Não me lembro por quê. Então não podia mover-me. Podia somente ficar sentado onde estava. Não podia falar. Podia somente pensar. Grande Espaço, tinha sido drogado! Eu queria gritar e berrar e correr, mas não podia. Então o outro, Fife, veio. Tinha berrado comigo. Somente agora ele não estava berrando. Não tinha que berrar. Nós nos reunimos à mesa. Ele parou lá, dominando-me. Não podia dizer coisa alguma. Eu não podia fazer nada. Eu podia somente virar meus olhos para cima, para ele.

Rik continuou de pé, silencioso,

Selim Junz disse: — Este outro homem era Fife?

— Eu me lembro que seu nome era Fife.

— Bem, ele era esse homem?

Rik não desviou o olhar. Disse: — Não posso me lembrar de como ele era.

— Está certo disso?

— Tenho tentado. — Explodiu: — Você não sabe como é difícil. Machuca! É como uma agulha em brasa. Fundo! Aqui! — Pôs as mãos na cabeça.

Junz disse calmamente: — Eu sei que é duro. Mas deve tentar. Não vê, você deve continuar tentando. Olhe para aquele homem! Vire-se e olhe para ele!

Rik contorceu-se na direção do Nobre de Fife. Por um momento o encarou, depois virou-se.

— Pode lembrar-se agora? — disse Junz.

— Não!Não!

Fife sorriu severamente. — Seu homem esqueceu suas falas, ou a história parecerá mais acreditável se ele se lembrar de meu rosto na próxima rodada?

Junz disse veementemente: — Eu nunca vi este homem antes, e eu nunca falei com ele. Não houve arranjo para forjar algo contra você e estou cansado de suas acusações nesse sentido. Estou somente atrás da verdade.

— Então posso fazer-lhe algumas perguntas?

— Vá em frente.

— Obrigado. Estou grato por sua bondade. Agora você… Rik, ou seja lá qual for seu nome verdadeiro.

Era um Nobre, dirigindo-se a um floriniano.

Rik o encarou. — Sim, senhor.

— Você se lembra que um homem aproximou.se de você pelo outro lado da mesa em que você estava sentado, drogado e indefeso.

— Sim, senhor.

— A última coisa de que se lembra é deste homem olhando para baixo, para você.

— Sim, senhor.

— Você olhava para ele, ou tentava olhar.

— Sim, senhor.

— Sente-se.

Rik sentou-se.

Por um momento Fife nada fez. Sua boca sem lábios poderia ter se tomado retesada, os músculos de seus maxilares sob o brilho negro-azulado de seu rosto e queixo escanhoados agruparam-se um pouco. Então ele deslizou de sua cadeira.

Deslizou para baixo! Era como se tivesse caído de joelhos ali atrás de sua escrivaninha.

Mas moveu-se de trás dela e viu-se claramente que estava de pé. A cabeça de Junz parecia em vertigem. O homem, tão escultural e formidável em sua cadeira, tinha-se convertido sem aviso em um deplorável pigmeu.

As pernas deformadas de Fife moviam-se sob ele com esforço, transportando a desajeitada massa do dorso e da cabeça para a frente. Seu rosto estava afogueado, mas seus olhos mantinham o olhar de arrogância intacto. Steen desatou a rir selvagemente e parou quando aqueles olhos voltaram-se para ele. Os demais estavam sentados em fascinado silencio.

Rik, os olhos arregalados, observava-o aproximar-se.

— Era eu o homem que se aproximou de você em torno da mesa? — perguntou Fife.

— Não posso me lembrar de seu rosto, senhor.

— Eu não perguntei se você se lembrava do seu rosto. Você poderia ter esquecido isto? — Seus dois braços se escancararam, emoldurando seu corpo. — Poderia ter esquecido minha aparência, meu andar?

Rik disse, miseravelmente: — Parece que eu não deveria, senhor, mas eu não sei.

— Mas você estava sentado, ele estava de pé, e você olhava para cima para vê-lo.

— Sim, senhor.

— Ele estava olhando para baixo, “dominando” você, de fato.

— Sim, senhor.

— Você se lembra ao menos disso? Está certo disso?

— Sim, senhor.

Os dois agora estavam face a face.

— Eu estou olhando para baixo para você?

— Não, senhor — disse Rik.

— Você está olhando para cima para mim?

Rik, sentado, e Fife, de pé, olhavam-se no mesmo nível, face a face.

— Não, senhor.

— Eu poderia ter sido o homem?

— Não, senhor.