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Ficha Técnica

Copyright © 1987 by George R. R. Martin

Copyright © 2010 edição estendida by George R. R. Martin and the Wild Cards Trust

Copyright © 2013 Texto Editores Ltda.

“Moedas infernais” copyright © 1987 por Lewis Shiner

“Até a sexta geração” e “O cometa do Sr. Koyama” copyright © 1987 por Walter Jon Williams.

“Das cinzas às cinzas” copyright © 1987 por Amber Corporation.

“Se olhares pudessem matar” copyright © 1987 por Walton Simons.

“Frio invernal” e “Jube” copyright © 1987 por George R. R. Martin.

“Dificuldades relativas” copyright © 1987 por Melinda M. Snodgrass.

“Com uma ajudinha dos amigos” copyright © por 1987 Victor Milán.

“Por caminhos perdidos” copyright © 1987 por Pat Cadigan.

“Metade morta” copyright © 1987 por John J. Miller.

Todos os direitos reservados.

Diretor editoriaclass="underline" Pascoal Soto

Editora executiva: Tainã Bispo

Curador: Raphael Draccon

Produtoras editoriais: Fernanda S. Ohosaku, Renata Alves e Maitê Zickuhr

Diretor de produção gráfica: Marcos Rocha

Gerente de produção gráfica: Fábio Menezes

Preparação: Fernanda Mello

Revisão: Andréa Bruno

Projeto gráfico e capa: Rico Bacellar

Ilustração de capa: Marc Simonetti

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Angélica Ilacqua CRB–8/7057

Martin, George R. R.

Wild Cards: ases nas alturas / escrito e editado por George R. R. Martin; tradução de Petê Rissatti. – São Paulo: LeYa, 2013.

400 p. (Wild Cards, 2)

ISBN 9788580448757

Título originaclass="underline" Wild Cards – Aces High

1. Ficção fantástica americana. I. Martin, George R. R. II. Rissatti, Petê. III. Série.

13-0863. CDD: 813

Índices para catálogo sistemático:

1. Ficcão fantástica americana

2013

TEXTO EDITORES LTDA.

Uma editora do Grupo LeYa

Rua Desembargador Paulo Passaláqua, 86

01248-010 – Pacaembu – São Paulo – SP

www.leya.com.br

ePub compartilhado por LeYtor

Para Chip Wideman, Jim Moore, Gail

Gerstner-Miller e Parris, os ases secretos

sem os quais as cartas selvagens nunca

poderiam ter sido jogadas.

Nota do editor

Wild Cards é uma obra de ficção ambientada em um mundo completamente imaginário cuja história corre paralelamente à nossa. Os nomes, personagens, lugares e acontecimentos retratados em Wild Cards são ficcionais ou usados de modo ficcional. Qualquer semelhança com fatos, locais ou pessoas reais, vivas ou mortas, é pura coincidência. Por exemplo, os ensaios, artigos e outros textos incluídos nesta antologia são inteiramente ficcionais, e não há qualquer intenção de retratar autores reais ou insinuar que qualquer pessoa possa realmente ter escrito, publicado ou contribuído com os ensaios, artigos e outros textos ficcionais aqui incluídos.

1979

Moedas infernais

Lewis Shiner

Talvez houvesse uma dúzia deles. Fortunato não tinha certeza porque se mexiam sem parar, tentando cercá-lo por trás. Dois ou três tinham facas, os outros carregavam tacos de bilhar quebrados, antenas de carro, qualquer coisa que pudesse machucar. Era difícil diferenciá-los. Jeans, jaquetas pretas de couro, cabelos pretos, longos e lisos. Pelo menos três se encaixavam na vaga descrição que Crisálida havia dado do homem.

— Estou procurando um cara chamado Gizmo — disse Fortunato. Eles queriam afastá-lo da ponte, mas ainda não queriam usar a força. À esquerda, o caminho de pedras levava monte acima até o Mosteiro. O parque inteiro estava vazio havia duas semanas, desde que as gangues chegaram.

— Ei, Gizmo — disse um deles. — O que você falou com o cara?

Era aquele, com lábios finos e olhos injetados. Fortunato fixou o olhar no rapaz mais próximo.

— Dá o fora — Fortunato falou. O rapaz se afastou, hesitante. Fortunato olhou para o seguinte. — Você também. Vá embora daqui. — Este outro era mais fraco, virou-se e correu.

Foi tudo que teve tempo de fazer. Um taco de bilhar passou raspando por sua cabeça. Fortunato desacelerou o tempo, pegou o taco e o usou para golpear a faca mais próxima. Ele suspirou e as coisas voltaram ao ritmo normal.

Agora estavam todos ficando nervosos.

— Vão — disse ele, e outros três foram depressa, inclusive o que se chamava Gizmo. Ele deu uma corrida morro abaixo, na direção da entrada da 193rd Street. Fortunato jogou o taco em outro canivete e foi atrás dele.

Desciam o morro correndo. Fortunato sentiu que começava a se cansar e liberou uma rajada de energia que o levantou do caminho e fez com que pairasse no ar. O garoto caiu sob ele e rolou, de cabeça no chão. Algo estalou na espinha do rapaz e as pernas se sacudiram ao mesmo tempo. Em seguida, morreu.

— Jesus — Fortunato suspirou, varrendo as folhas mortas de outubro das roupas. Os policiais haviam dobrado as patrulhas em torno do parque, embora tivessem medo de entrar. Tentaram uma vez e isso lhes custou dois homens para expulsar os garotos. No dia seguinte, os rapazes estavam de volta. Mas havia policiais observando, e numa situação como aquela estavam dispostos a correr e recolher um corpo.

Ele remexeu os bolsos do rapaz, e lá estava… uma moeda de cobre do tamanho de uma de cinquenta centavos, vermelha como sangue seco. Por dez anos ficou com Crisálida e alguns outros no encalço e, na última noite, ela tinha visto o rapaz tomar uma no Crystal Palace.

Não havia carteira nem qualquer coisa que tivesse algum significado. Fortunato fechou a mão em torno da moeda e correu até a entrada do metrô.

— Sim, eu me lembro disso — disse Hiram, pegando a moeda com a ponta do guardanapo. — Faz um tempo.

— Foi em 1969 — Fortunato comentou. — Dez anos atrás.

Hiram concordou com a cabeça e limpou a garganta. Fortunato não precisava de mágica para saber que o gordo estava desconfortável. A camisa preta aberta e a jaqueta de couro de Fortunato não cabiam nos trajes do lugar. O Aces High oferecia uma visão aérea da cidade a partir do mirante do edifício Empire State, e os preços eram tão altos quanto a vista.

E também havia o fato de ter levado com ele sua última aquisição, uma mulher de cabelos castanho-claros chamada Caroline, que cobrava quinhentos pela noite. Era pequena, não muito delicada, com um rosto infantil e um corpo que convidava à especulação. Usava jeans justíssimo e uma blusa de seda rosa com alguns botões extras abertos. Sempre que se mexia, Hiram também o fazia. Ela parecia gostar de vê-lo suar.

— O negócio é que não é a moeda que mostrei antes pra você. É outra.

— Notável. É difícil de acreditar que você conseguiu encontrar duas delas em tão bom estado.

— Acho que você poderia ir um pouco além. Esta moeda veio de um cara de uma das gangues que estão acabando com o Mosteiro. Ele carregava a moeda solta no bolso. A primeira veio de um rapaz que estava mexendo com ocultismo.

Ainda era difícil para ele falar sobre o assunto. O rapaz havia assassinado três das gueixas de Fortunato, retalhando-as sobre um pentagrama por algum motivo doentio que ele ainda não tinha entendido. Ele seguiu com a vida, treinando as mulheres, aprendendo sobre o poder tântrico que o vírus carta selvagem lhe dera, mas guardando aquele assunto para si.

E, quando isso o incomodava, passava um dia ou uma semana seguindo uma das pontas soltas que o assassino tinha deixado para trás. A moeda. A última palavra que ele disse, TIAMAT. As energias residuais de alguma outra coisa que tinha estado no apartamento do garoto morto, uma presença que Fortunato nunca conseguiu rastrear.