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— Tipo o quê? — Croyd falou, franzindo a testa.

— Aquele pterodátilo que vimos mais cedo…?

— E?

— O Kid Dinossauro veio até aqui. Eu o encontrei esperando quando voltei. Estava procurando por você.

— Espero que não tenha dito onde me encontrar.

— Não, não disse. Mas você sabe como ele observa de perto os ases e os curingas com grandes poderes…?

— Sim. Por que ele não pode estar entre jogadores de beisebol ou criminosos de guerra?

— Ele viu um cara e queria que você soubesse. Disse que o Devil John Darlingfoot saiu do hospital há um mês e pouco e desapareceu. Mas está de volta agora. O garoto o viu perto do Mosteiro mais cedo. Disse que estava vindo para Midtown.

— Bem, bem. E daí?

— E daí que ele acha que o cara está te procurando. Quer revanche. O garoto acha que ainda está furioso com aquilo que você fez no dia em que vocês dois detonaram o Rockefeller Plaza.

— Então, deixe-o procurando. Não sou mais um cara baixote e corpulento de cabelo escuro. Vou pegar o presunto agora… antes que alguém pague pra ele uma cervejinha.

— Precisa de algum dinheiro?

— Você já me deu.

— Quando?

— Qual sua primeira memória da minha volta até aqui?

— Olhei para cima faz um minuto e vi você parado aí, sorrindo. Você disse que não tinha problema. Disse que era “moleza”.

— Ótimo. Então, está funcionando.

— É melhor você explicar.

— Esse é o momento no qual eu quis que você começasse a lembrar. Eu estava aqui um minuto antes disso, e falei pra você me dar o dinheiro e se esquecer de tudo.

Croyd tirou um envelope de um bolso interno do casaco, abriu e mostrou o dinheiro.

— Meu Deus, Croyd! O que mais você fez durante esse minuto?

— Sua pureza está intacta, se é isso que quer saber.

— Você não me fez nenhuma pergunta… sobre…?

Croyd balançou a cabeça, negando.

— Eu disse que não me importo quem quer o corpo, ou por quê. Realmente não ligo para as preocupações alheias. Já tenho problemas demais.

Jube suspirou.

— Ok. Vai lá, garoto.

Croyd acenou.

— Não se preocupe, Morsa. Considere a missão cumprida.

Croyd caminhou até chegar a um supermercado, entrou e comprou um pequeno pacote de sacos de lixo grandes. Dobrou um e enfiou no bolso interno do casaco. Deixou o resto numa lata de lixo. Então, caminhou até o próximo cruzamento principal e chamou um táxi.

Ensaiou a estratégia enquanto percorria a cidade. Entraria no lugar e usaria seu poder atual para persuadir as recepcionistas de que o estavam esperando, que era um patologista de Bellevue chamado por um amigo da equipe para dar opinião sobre uma peculiaridade forense. Brincou por um instante com os nomes Malone e Welby, decidiu-se por Anderson. Então, faria com que a recepcionista chamasse alguém com autoridade para levá-lo até o porão e encontrar o tal joão-ninguém. Colocaria aquela pessoa sob controle, pegaria o corpo e seus pertences, o transferiria para um saco e sairia, fazendo com que todos pelos quais passasse esquecessem que estivera ali. Com certeza, muito mais simples do que táticas mais árduas que já teve de empregar durante os anos. Sorriu com a simplicidade clássica daquilo: sem violência, sem memória…

Quando chegou ao prédio com placas de alumínio e tijolos esmaltados azuis e brancos, disse ao taxista para seguir e deixá-lo na esquina seguinte. Havia duas viaturas de polícia estacionadas na frente e uma porta destruída jazia diante do local. A presença da polícia no necrotério não parecia suscitar uma ocorrência, mas a porta quebrada aumentou o senso de precaução. Deu ao motorista uma nota de cinquenta e pediu para que esperasse. Passou na frente do local uma vez e olhou para dentro. Diversos policiais estavam visíveis, aparentemente falando com funcionários.

Não parecia o momento ideal para prosseguir com o plano. Por outro lado, não poderia se permitir ir embora sem descobrir o que havia acontecido. Então, virou-se quando chegou à esquina e voltou. Entrou sem hesitar, olhando em volta rapidamente.

Um homem entre os civis que estavam em pé com a polícia virou de repente na sua direção e o encarou. Croyd não gostou nem um pouco daquela encarada. Fez seu estômago revirar e sua mão formigar.

Lançou mão de seu novo poder imediatamente, seguindo direto até o homem, forçando um sorriso enquanto caminhava.

Tudo bem. Você quer falar comigo e fazer exatamente o que eu disser. Acene para mim agora, diga “Oi, Jim!” em voz alta e caminhe até aquele lado comigo.

— Oi, Jim! — o homem disse, movendo-se para juntar-se a Croyd.

Não!, Judas pensou. Rápido demais. Cravou os olhos em mim assim que o percebi… Podemos usar este cara…

— À paisana? — Croyd perguntou a ele.

— Sim — o homem sentiu que queria responder.

— Qual seu nome?

— Matthias.

— O que aconteceu aqui?

— Um corpo foi roubado.

— Qual deles?

— Um joão-ninguém.

— Pode descrevê-lo?

— Parecia um besourão… pernas de gafanhoto…

— Merda — disse Croyd. — E sobre os pertences?

— Não havia nenhum pertence.

Vários dos policiais uniformizados estavam olhando na direção deles. Croyd deu sua próxima ordem mentalmente. Matthias virou-se para os uniformizados.

— Só um momento, rapazes — ele falou. — Negócios.

Droga!, ele pensou. Este aqui será útil. Você não vai conseguir me segurar assim pra sempre, camarada…

— Como aconteceu? — Croyd perguntou.

— Um cara veio aqui faz pouco tempo, desceu, forçou um atendente a mostrar o compartimento para ele, tirou o corpo e saiu com ele.

— Ninguém tentou impedir?

— Claro que sim. Quatro deles estão a caminho do hospital por causa disso. O cara era um ás.

— Quem?

— Aquele que arrebentou o Rockefeller Plaza no outono passado.

— Darlingfoot?

— Sim, esse mesmo. — Não… não me pergunte mais… se estou envolvido, se eu o contratei, se estou encobrindo o cara agora…

— Para que lado ele foi?

— Noroeste.

— A pé?

— Foi o que as testemunhas disseram… grandes saltos, de seis metros. — Assim que você me deixar ir, filha da mãe, vou mandar te apagar.

— Ei, por que você não vira e olha para mim do jeito que fez quando entrei?

Inferno!

— Eu senti que um ás tinha acabado de entrar pela porta.

— Como você sabia?

— Também sou um ás. Esse é meu poder… encontrar outros ases.

— Talento útil pra um policial, eu acho. Bem, ouça com atenção. Você vai esquecer que me encontrou e não vai perceber quando eu sair. Vai andar até aquele bebedouro tomar água, então voltará e se juntará aos seus colegas. Se alguém perguntar com quem estava falando, vai dizer que era seu agente de apostas e esquecerá isso também. Faça isso agora. Esqueça!

Croyd virou-se e se afastou. Judas percebeu que estava com sede.

Lá fora, Croyd chegou ao táxi, entrou, bateu a porta e disse:

— Noroeste.

— Como assim? — o motorista perguntou.

— Vai para a parte alta da cidade e eu digo o que fazer quando chegarmos.

— O senhor é quem manda.

O carro sacudiu-se e começou a andar.

No próximo quilômetro e meio, o motorista virou para oeste, como se procurasse sinais da passagem do outro. Parecia improvável que Devil John estivesse usando o transporte público para carregar um defunto. Por outro lado, era possível que tivesse um cúmplice esperando com um carro. Ainda assim, conhecendo a cara de pau do homem, não parecia tão absurdo para ele estar trotando por aí com o corpo. Sabia que havia pouca coisa a fazer para pará-lo se não quisesse ser impedido. Croyd suspirou enquanto esquadrinhava o caminho à frente. Por que as coisas simples nunca eram fáceis?