— Algumas coisas são mais importantes do que bons modos.
A água ferveu. Fortunato encheu duas xícaras e as levou para o sofá.
— Se forem tão grandes quanto você acha que são — Eileen falou —, devem ter ases trabalhando com eles. Alguém que possa levantar bloqueios, bloqueios contra outras pessoas com poderes mentais.
— Também acho.
Ela tomou um pouco do café.
— Conheci Balsam hoje à tarde. Todos nos reunimos na livraria.
— Como ele é?
— Tranquilo. Parecia um banqueiro ou algo do tipo. Terno de três peças, óculos. Mas bronzeado, como se jogasse muito tênis nos fins de semana.
— O que ele disse?
— Finalmente mencionaram a palavra “maçom”. Como se fosse o último teste, para ver se eu iria pirar. Então, Balsam me deu uma aula de história. Sobre como a Maçonaria Escocesa e o Rito de York eram apenas desdobramentos da Maçonaria Especulativa, e que estes remontavam apenas ao século XVIII.
Fortunato concordou com a cabeça.
— É tudo verdade.
— Então ele começou a falar sobre Salomão, e como o arquiteto do seu templo era, de fato, egípcio. Que a maçonaria começou com Salomão, e todos os outros ritos perderam o significado original. Mas dizem que ainda o mantêm. Bem como você imaginou.
— Tenho que ir com você hoje à noite.
— Não tem como você entrar. Nem mesmo se for disfarçado. Eles o reconheceriam.
— Eu poderia mandar meu corpo astral. Ainda conseguiria ver e ouvir tudo.
— Se alguma outra pessoa entrar aqui em seu corpo astral, você consegue vê-la?
— Claro.
— E então? É um risco grande a se correr, não é?
— Tudo bem, ok.
— Tem de ser apenas eu. Não há outro jeito.
— A menos que…
— A menos que o quê?
— A menos que eu entre em você — disse ele.
— Do que está falando?
— O poder está no meu esperma. Se você estiver carregando…
— Ah, fala sério — disse ela. — De todas as desculpas esfarrapadas pra levar alguém pra cama… — Ela olhou para ele. — Você está brincando, não é?
— Você não pode ir até lá sozinha. Não apenas por conta do perigo. Porque você não conseguirá fazer o bastante sozinha. Você não consegue ler mentes. Eu consigo.
— Mesmo se você estiver só… pegando uma carona?
Fortunato concordou com a cabeça.
— Ai, meu Deus — ela falou. — Isso é… há tantas razões para não… estou menstruada, para começar.
— Tão melhor.
Ela agarrou seu pulso esquerdo e levantou-o perto do peito.
— Eu disse a mim mesma que, se eu fosse para a cama com um homem novamente… e eu disse se… teria de ser romântico. Luz de velas e flores e tudo o mais. E olhe pra mim.
Fortunato ajoelhou-se na frente dela e, gentilmente, separou suas mãos.
— Eileen — disse ele. — Eu te amo.
— É fácil pra você falar. Tenho certeza de que você é sincero e tudo o mais, mas também sei que você diz isso o tempo todo. Existem apenas dois homens para quem eu disse isso em minha vida, e um deles foi meu pai.
— Não estou falando sobre como você se sente. Não estou falando sobre pra sempre. Estou falando sobre mim, neste minuto. E eu te amo. — Ele a tomou no colo e a carregou para o quarto.
Estava frio e os dentes dela começaram a bater. Fortunato acendeu o aquecedor a gás e sentou-se ao lado dela na cama. Ela pegou a mão direita dele nas suas e levou-a até a boca. Ele a beijou e sentiu-a reagir, quase contra sua vontade. Ele tirou a roupa, puxou as cobertas sobre os dois e começou a desabotoar a blusa de Eileen. Os seios dela eram grandes e macios, os mamilos endureciam sob a língua enquanto os beijava.
— Espere — disse ela. — Tenho que… tenho que ir ao banheiro.
Quando ela voltou, havia tirado o resto das roupas. Estava segurando uma toalha à sua frente.
— Para não manchar seus lençóis — ela falou. Havia uma mancha de sangue no lado de dentro de uma das coxas.
Ele tirou a toalha das mãos dela.
— Não se preocupe com os lençóis. — Ela continuava em pé, nua, à sua frente. Parecia estar com medo de ele a mandar embora. Ele pousou a cabeça entre os seios dela e a puxou na sua direção.
Ela foi para baixo das cobertas novamente e o beijou, sua língua tremulava dentro da boca de Fortunato. Ele beijou ombros, seios, embaixo do queixo. Então, rolou sobre ela com mãos e joelhos.
— Não — ela sussurrou. — Não estou pronta ainda…
Ele segurou o pênis com uma das mãos e moveu sua cabeça contra a vulva, lenta, gentilmente, sentindo a carne sensível ficando quente e úmida. Ela mordia o lábio inferior de olhos fechados. Lentamente, ele deslizou para dentro dela, a fricção enviando ondas de prazer pela espinha dele.
Ele a beijou novamente. Conseguia sentir os lábios movendo-se contra os dele, balbuciando palavras inaudíveis. As mãos dele moviam-se sobre os flancos, pelas costas dela. Lembrou-se de que costumava fazer amor por horas numa época, e o pensamento o surpreendeu. Era tudo tão intenso. Estava cheio de calor e luz; não conseguia se controlar.
— Você não devia dizer alguma coisa? — Eileen sussurrou, suspirando as palavras de forma entrecortada. — Algum tipo de encantamento ou algo assim?
Fortunato beijou-a novamente, seus lábios formigando como se estivessem dormentes e voltado à vida naquele momento.
— Eu te amo — disse ele.
— Oh, Deus — ela falou, e começou a chorar. Lágrimas rolavam pelo cabelo e, ao mesmo tempo, seus quadris moviam-se mais rápido contra ele. Seus corpos estavam ruborizados e quentes, e o suor corria pelo peito de Fortunato. Eileen endureceu o corpo e estremeceu. Um segundo depois, o próprio cérebro de Fortunato ficou em branco e ele abandonou dez anos de treinamento, deixando acontecer, deixando o poder jorrar dele para dentro de Eileen e, por um instante, ele era simultaneamente os dois, hermafrodita e superabrangente, e sentiu-se expandir até as pontas do universo em labaredas nucleares gigantes.
E então estava de volta na cama com Eileen, sentindo seus seios se levantarem e descerem sob ele, enquanto ela chorava.
A única luz vinha do aquecedor a gás. Ele deve ter dormido. A fronha parecia uma lixa contra sua bochecha. Ele reuniu todas as forças para rolar de costas.
Eileen calçava os sapatos.
— Está quase na hora — disse ela.
— Como você se sente?
— Inacreditável. Forte. Poderosa. — Ela riu. — Nunca me senti assim.
Ele fechou os olhos, entrando na mente dela. Conseguia se ver deitado na cama, na forma de esqueleto, a pele escura e dourada desaparecendo nas sombras, a testa encolhida até onde se misturava suavemente em seu escalpo sem cabelos.
— E você? — ela perguntou. Ele conseguia ouvir a voz dela ecoando no peito. — Você está bem?
Ele voltou para o corpo.
— Fraco — disse ele. — Mas vou ficar bem.
— Devo… ligar pra alguém?
Ele sabia o que ela estava oferecendo, sabia que ele devia concordar. Caroline, ou uma das outras, seria o caminho mais rápido para ele reaver as forças. Mas isso também enfraqueceria seu elo com Eileen.
— Não — disse ele.
Ela terminou de se vestir e curvou-se para beijá-lo demoradamente.
— Obrigada — ela falou.
— Não — ele respondeu. — Não me agradeça.
— Melhor eu ir. — Sua impaciência, sua força e vitalidade eram a força física no quarto. Ele estava muito distante dali para ficar com ciúmes dela. Então ela saiu, e ele dormiu novamente.
Ele observava pelos olhos de Eileen enquanto ela estava parada em frente à porta da livraria, esperando Clarke fechá-la. Ele conseguiria mover-se totalmente para a mente dela, mas isso esgotaria o pouco de energia que aos poucos recuperava. Além disso, era quente e confortável onde estava.
Até as mãos o agarrarem e acordarem-no, e ele olhar para dentro de um par de escudos dourados.