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Quando combinamos a mecânica quântica com a relatividade geral, parece haver uma nova possibilidade: que o espaço e o tempo juntos podiam formar um espaço quadridimensional finito sem singularidades nem fronteiras, como a superfície da Terra, mas com mais dimensões. Parece que esta ideia podia explicar muitas das características observadas no Universo, tais como a sua uniformidade em macro-escala e também os desvios da homogeneidade, em menor escala, como as galáxias, as estrelas e até os seres humanos. Podia até justificar a seta do tempo que observamos. Mas se o Universo é completamente independente, sem singularidades nem fronteiras, e completamente descrito por uma teoria unificada, isso tem implicações profundas quanto ao papel de Deus como Criador.

Einstein perguntou uma vez: "Que capacidade de escolha tinha Deus ao construir o Universo?" Se a hipótese de não haver fronteiras está correcta, não teve realmente liberdade de escolha quanto às condições iniciais. Teria, é claro, tido liberdade para escolher as leis a que o Universo obedecia. Isto, no entanto, pode não ter sido uma escolha; pode ser que haja só uma ou um pequeno número de teorias unificadas completas, tal como a teoria heterótica das :, cordas, que sejam autoconsistentes e permitam a existência de estruturas tão complicadas como a dos seres humanos, que podem investigar as leis do Universo e inquirir sobre a natureza de Deus.

Mesmo que haja só uma teoria unificada possível, não passa de um conjunto de normas e equações. Que é que dá vida às equações e forma ao Universo por elas descrito? A aproximação normal da ciência, ao construir um modelo matemático, não consegue dar resposta às perguntas sobre a existência de um Universo para o modelo descrever. Por que é que o Universo se dá ao trabalho de existir? A teoria unificada é tão imperativa que dá origem à sua própria existência? Ou precisa de um Criador e, nesse caso, terá Ele outro efeito sobre o Universo? E quem o criou a Ele?

Até agora, a maior parte dos cientistas tem estado demasiado ocupada com o desenvolvimento de novas teorias que descrevem *o que* é o Universo para fazer a pergunta porquê? Por outro lado, as pessoas que deviam perguntar *porquê?*, os filósofos, não foram capazes de acompanhar o avanço das teorias científicas. No século XVIII, os filósofos consideravam todo o conhecimento humano, incluindo a ciência, como campo seu e discutiam questões como: terá o Universo tido um começo? No entanto, nos séculos XIX e XX, a ciência tornou-se demasiado técnica e matemática para os filósofos ou para qualquer outra pessoa, à excepção de alguns especialistas. Os filósofos reduziram o objectivo das suas pesquisas de tal modo que Wittgenstein, o filósofo mais famoso deste século, afirmou: "A única tarefa que resta à filosofia é a análise da linguagem". Que queda para a grande tradição da filosofia desde Aristóteles a Kant!

Todavia, se descobrirmos uma teoria completa, deve acabar por ser compreensível, na generalidade, para toda a gente e não apenas para alguns cientistas. Então poderemos :, todos, filósofos, cientistas e pessoas vulgares, tomar parte na discussão do porquê da nossa existência e da do Universo. Se descobrirmos a resposta, será o triunfo máximo da razão humana, porque nessa altura conheceremos o pensamento de Deus.

Albert Einstein

A ligação de Einstein com a política da bomba nuclear é bem conhecida: ele assinou a famosa carta dirigida ao presidente Franklin Roosevelt que persuadiu os Estados Unidos a levar a ideia a sério, e participou nos esforços do pós-guerra para evitar a guerra nuclear. Mas estas não foram apenas aeções isoladas de um cientista arrastado para o mundo da política. A vida de Einstein foi, na realidade, utilizando as suas próprias palavras, "dividida entre a política e as equações".

As primeiras actividades políticas de Einstein surgiram durante a Primeira Guerra Mundial, quando era professor em Berlim. Doente com o que via como desperdício de vidas humanas, envolveu-se em demonstrações contra a guerra. O seu apoio à desobediência social e encorajamento público à recusa de recrutamento pouco contribuiu para o tornar querido dos colegas. Depois, a seguir à guerra, canalizou os seus esforços no sentido da reconciliação e do melhoramento das relações internacionais. Também isto não o tornou popular e depressa a sua política lhe dificultou as visitas aos Estados Unidos, mesmo para fazer conferências.

A segunda grande causa de Einstein foi o sionismo. Embora fosse de ascendência judaica, Einstein rejeitava :, a ideia bíblica de Deus. Contudo, uma grande tomada de consciência do anti-semitismo, quer antes quer durante a Primeira Guerra Mundial, levou-o a identificar-se gradualmente com a comunidade judaica e, mais tarde, a tornar-se um adepto aberto do sionismo. Mais uma vez a impopularidade não deixou de dizer o que pensava. As suas teorias começaram a ser atacadas e chegou a formar-se uma organização anti-Einstein. Um homem foi condenado por incitar outros a assassinar Einstein (e multado em apenas seis dólares). Mas Einstein comentou fleumaticamente, quando foi publicado um livro intitulado *Cem Autores Contra Einstein*: "Se eu não tivesse razão, um teria sido suficiente".

Em 1933 Hitler subiu ao poder. Einstein estava na América e declarou que não voltaria à Alemanha. Então, enquanto as milícias nazis faziam uma busca à sua casa e lhe confiscavam o dinheiro que tinha no banco, um jornal de Berlim publicava o cabeçalho: "Boas notícias de Einstein -- Não regressa". Perante a ameaça nazi, Einstein renunciou ao pacifismo e receando eventualmente que os cientistas alemães construíssem uma bomba nuclear, propôs que os Estados Unidos fizessem a sua. Mas, justamente antes de a primeira bomba atómica ser detonada, ele avisava publicamente dos perigos de uma guerra nuclear e propunha o controlo internacional das armas nucleares.

Durante toda a vida, os esforços de Einstein em prol

da paz tiveram provavelmente poucos êxitos duráveis e fizeram-no certamente ganhar poucos amigos. O seu apoio verbal à causa sionista, contudo, foi devidamente reconhecido em 1952, quando lhe ofereceram a presidência de Israel. Recusou, afirmando julgar-se demasiado inocente em matéria de política. Mas talvez a verdadeira razão tenha sido diferente, parafraseando-o de novo: "As equações são mais importantes para mim, porque a política é do presente e uma equação é qualquer coisa para a eternidade".

Galileu Galilei

Galileu, talvez mais que qualquer outra pessoa, foi responsável pelo nascimento da ciência moderna. O célebre conflito que travou com a Igreja Católica foi o centro da sua filosofia, porque Galileu foi um dos primeiros a argumentar que o Homem podia ter esperança de compreender o funcionamento do mundo e, além disso, poderia fazê-lo observando o mundo real.

Galileu tinha acreditado na teoria de Copérnico (de que os planetas orbitavam em torno do Sol) desde o princípio, mas foi só quando descobriu as provas necessárias para apoiar a ideia que começou a defendê-la publicamente. Escreveu sobre a teoria de Copérnico em italiano (não no usual latim académico) e depressa as suas opiniões foram largamente apoiadas fora das universidades. Isto aborreceu os professores aristotélicos, que se uniram contra ele, tentando persuadir a Igreja Católica a banir as ideias de Copérnico.

Galileu, preocupado, foi a Roma, para falar com as autoridades eclesiásticas. Argumentou que a Bíblia não queria dizer-nos nada sobre teorias científicas e que era costume admitir-se que, onde a Bíblia entrasse em conflito com o senso comum, estava a ser alegórica. Mas a Igreja tinha medo de um escândalo que pudesse prejudicá-la na :, sua luta contra o protestantismo e tomou medidas repressivas. Em 1616 declarou o copernicanismo "falso e errado" e deu ordens a Galileu para que nunca mais "defendesse ou apoiasse" a doutrina. Galileu concordou.