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— Casey.

— E que tal Ciranoush hoje, Casey amanhã, Kamalian no jantar de terça-feira? É quando fechamos o negócio. Certo?

Ela fechou a guarda, quase sem sentir.

— Isso depende do Linc.

— Você não é tai-pan da Par-Con?

— Não, não, isso eu jamais serei. Ele riu. Depois, falou:

— Então que seja Ciranoush hoje, Casey amanhã, e para o diabo com a terça-feira!

— Está certo! — concordou ela, encantada com ele.

— Ótimo. Agora, quanto à Orlanda e ao Linc — disse, a voz meiga —, é problema deles, e nunca comento os casos de uns com outros, mesmo com uma senhora. Nunca. Isso não é jogar corretamente. Se está perguntando se bolei alguma trama diabólica, usando Orlanda contra o Linc ou você e a Par-Con, isso é ridículo. — Novo sorriso. — Sempre notei que as senhoras é que manipulam os homens, e não o contrário.

— Essa é boa!

— Uma pergunta merece outra: você e o Linc são amantes?

— Não. Não no sentido convencional, mas é verdade que o amo.

— Ah, então vão se casar?

— Talvez. — Novamente ela mudou de posição, e viu que seus olhos a percorriam. Ela puxou o cobertor mais para junto do corpo, o coração batendo agradavelmente, muito côns-CIA da presença dele, como sabia que ele estava cônscio da presença dela. — Mas não comento meus casos com outro homem — disse, com um sorriso. — Isso também não é jogar corretamente.

Gornt estendeu a mão e tocou-a de leve.

— Concordo, Ciranoush.

O Sea Witch saiu do quebra-mar e entrou nas ondas do porto, com Kowloon logo adiante. Ela sentou-se ereta para apreciar a ilha e o Pico, quase todo envolto em nuvens.

— Como é bonito!

— A costa sul de Hong Kong é linda perto de Shek-O, Repulse Bay. Tenho uma casa em Shek-O. Gostaria agora de ver o resto do barco?

— Sim, gostaria.

Ele a levou primeiro para a proa. Os camarotes estavam arrumados, sem dar sinal de terem sido usados. Cada um deles tinha um chuveiro e uma privada. Uma pequena cabine geral servia a todos.

— Somos muito populares com as damas, no momento, porque elas podem tomar as suas chuveiradas à vontade. A escassez de água tem as suas vantagens.

— Claro — disse ela, acompanhando a jovialidade dele. Na popa, separado do resto do barco, ficava o camarote principal. Uma cama de casal grande. Arrumada, jeitosa, convidativa.

O coração dela agora batia alto nos seus ouvidos, e quando ele fechou a porta do camarote com naturalidade e colocou a mão na cintura dela, Casey não recuou. Ele se aproximou mais. Ela nunca tinha beijado um homem de barba antes. O corpo de Gornt era duro de encontro ao dela, gostoso. O ritmo da respiração dela aumentou, os lábios dele firmes, com gosto de charuto. Parte dela sussurrava: "Solte-se, solte-se", e parte dizia: "Não, não se solte", e toda ela se sentia sensual nos braços dele. Era bom demais.

"E quanto ao Linc?"

A pergunta atacou a mente dela como nunca antes. De estalo, sua mente se desanuviou, e, empolgada com a sensualidade dele, ela soube pela primeira vez, com absoluta certeza, que era o Linc que queria, não a Par-Con ou o poder, se tivesse que escolher. "Ê, é o Linc, apenas o Linc, e hoje à noite vou cancelar o nosso acordo. Hoje à noite vou propor cancelá-lo."

— Agora não é a hora — sussurrou, a voz rouca.

— O quê?

— Não, não agora. Não podemos, desculpe. — Esticou-se e o beijou de leve nos lábios, falando em meio aos beijos. — Agora não, meu caro, desculpe, mas não podemos, não agora. Terça-feira, quem sabe na terça-feira...

Ele a afastou de junto de si, e ela viu que seus olhos escuros a perscrutavam. Sustentou o olhar dele o quanto pôde, depois enterrou a cabeça no peito dele e o abraçou carinhosamente, ainda desfrutando a proximidade, certa de que agora estava segura. "Puxa, escapei por pouco", pensou debilmente, os joelhos estranhos, todo o seu corpo pulsando. "Quase me entreguei, desta vez, e isso não teria sido bom para mim, para Linc ou para ele.

"Teria sido bom para ele", pensou, de modo estranho.

Seu coração batia forte enquanto ela repousava de encontro a ele, esperando, recuperando-se, certa de que, dali a um momento, com carinho e meiguice, e a promessa da semana seguinte, ele diria: "Vamos voltar para o convés".

Então, subitamente, ela sentiu os braços dele apertarem-se à sua volta, e antes que se desse conta do que estava acontecendo, estava na cama, os beijos dele fortes e as mãos errantes. Ela começou a se debater, mas ele segurou as mãos dela com perícia, esticou-a com a sua grande força e deitou-se sobre ela, a parte inferior do seu corpo prendendo-a e tornando-a indefesa. Beijou-a ao seu bel-prazer, e a paixão dele e a excitação dela misturaram-se à fúria, ao medo e ao desejo dela. Por mais que ela se debatesse, não conseguia se mexer.

O calor aumentou. Dali a um momento, ele mudou de posição. Imediatamente ela se lançou ao ataque, agora querendo mais, embora estivesse preparada para lutar seriamente. Novamente, ele voltou a prender as mãos dela. Ela sentiu-se completamente envolvida, desejando ser dominada, não desejando, a paixão dele forte, seu sexo duro, a cama macia. E então, do mesmo modo abrupto como começara, ele a soltou e rolou para o lado, com uma risada.

— Vamos beber alguma coisa! — disse ele, sem rancor. Ela lutava para recobrar o fôlego.

— Seu filho da mãe!

— Que nada, sou um filho muito legítimo. — Gornt apoiou-se num cotovelo, enrugando os olhos num sorriso. — Mas você, Ciranoush, é uma mentirosa.

— Vá pro inferno!

A voz dele era calma, e cordialmente implicante.

— Irei, no devido tempo. Longe de mim pedir a uma dama que prove uma coisa dessas.

Ela se lançou sobre ele, procurando unhar-lhe o rosto, furiosa por ele estar tão controlado quando ela não estava. Ele segurou as mãos dela com facilidade e prendeu-a.

— Calma, calma, gatinha — falou, afavelmente. — Acalme-se, Ciranoush. Lembre-se, somos maiores de idade. Já a vi quase despida, e, se quisesse mesmo violentá-la, temo que você estaria perdida desde o começo. Poderia gritar até ficar rouca que a minha tripulação não escutaria nada.

— Você é um nojento maldi...

— Pare! — Gornt manteve o sorriso, mas ela parou, pressentindo o perigo. — A brincadeira foi só para divertir, não para assustar — disse ele, suavemente. — Só uma gozação, nada mais. Juro.

Ele a soltou, e ela saiu apressadamente da cama, ainda respirando pesadamente.

Cheia de raiva, foi até o espelho e ajeitou o cabelo; então viu-o pelo espelho, ainda deitado com naturalidade na cama, observando-a, e virou-se com violência.

— Seu filho da mãe de olhos negros!

Gornt soltou uma imensa gargalhada, contagiante, de sacudir a barriga, e de repente, notando a tolice de tudo aquilo, ela também começou a rir. Dali a um momento, os dois riam a valer, ele estirado na cama, Casey apoiada na cômoda.

No tombadilho, como bons amigos, tomaram um pouco do champanha que já estava aberto num balde de prata. O taifeiro silencioso e gentil serviu-os e depois se retirou.

Ao chegarem no desembarcadouro, em Kowloon, ela o beijou de novo.

— Obrigada por uma tarde muito agradável. Terça-feira, se não antes!

Foi para terra e ficou dando adeus para o barco por muito tempo. Depois, foi para casa.

Wu Óculos também estava indo para casa. Sentia-se cansado, ansioso, com muito medo. O caminho de subida por entre o labirinto de choças e barracos na área de recolonização bem acima de Aberdeen era difícil, escorregadio e perigoso, lama e sujeira por toda parte, e ele respirava com dificuldade devido à subida. O bueiro de concreto transbordara muitas vezes, espalhando os detritos em muitos lugares, a inundação afastando estruturas de lugar e criando mais confusão. A fumaça pairava sobre muitas das moradias destroçadas, algumas ainda ardendo dos incêndios que se haviam espalhado com rapidez quando os deslizamentos tinham começado. Ele se desviou do buraco profundo onde a Quinta Sobrinha quase perecera na antevéspera, cerca de mais uma centena de choças destruídas por novos deslizamentos na mesma área.