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Gornt retribuiu o brinde, igualmente zombeteiro.

— À sua saúde, Ian. É verdade que temos mesmo o dinheiro da China?

— É, e a propósito, acabo de conseguir um novo fundo de cinqüenta milhões de dólares americanos. Agora a Casa Nobre é a hong mais forte da colônia.

— Com que garantia? — perguntou a voz cortante de Gornt, no silêncio abrupto.

— A honra da Casa Nobre! — Com uma displicência que não sentia, Dunross virou-se para Johnjohn. — O empréstimo é do Royal Belgium, uma subsidiária do First Central de Nova York, e bancado por eles. — Deliberadamente evitou olhar para Gornt enquanto repetia a notícia, saboreando o som das palavras: — Cinqüenta milhões de dólares americanos. Ah, a propósito, Bruce, amanhã vou suspender o ^eu empréstimo para os meus dois navios. Não preciso mais do empréstimo do Vic... o Royal Belgium me ofereceu melhores condições. Johnjohn simplesmente o fitou.

— Está brincando!

— Não. Acabo de falar com o Paul. — Momentaneamente, Dunross olhou para Plumm. — Desculpe, Jason, foi por isso que me atrasei. Naturalmente, tinha que ir vê-lo. Bruce, meu velho, Paul já está no banco tomando as providências para a transferência do dinheiro da China a tempo para a abertura do banco... pediu que você fosse para Iá imediatamente.

— Como?

— Imediatamente. Desculpe.

Johnjohn fitou-o, abobalhado, começou a falar, interrompeu-se, depois explodiu num viva que todos acompanharam, e saiu às pressas, ao som de vivas.

— Pombas, tai-pan, mas você...

— O Tiptop? Isso quer dizer que é verdade! Não acha...

— O First Central de Nova York? Não são os cretinos que...

— Porra, e eu andei vendendo a descoberto...

— Eu também! Que merda, vou comprar logo que a Bolsa abrir ou...

— Ou vou ficar a zero e...

Dunross viu que Sir Luís, Joseph Stern e Phillip Chen confabulavam, Gornt ainda a fitá-lo, o rosto imóvel. Então, viu Casey sorrindo para ele, feliz, e ergueu a taça num brinde. Ela retribuiu o gesto. Gornt viu isso e dirigiu-se para ela, e os que estavam perto estremeceram e ficaram calados.

— O First Central é o banco da Par-Con, não é?

— É, sim, Quillan — retrucou ela, sua voz soando pequenina, mas correndo por toda a sala, e novamente eles foram o alvo das atenções.

— Você e o Bartlett, foram vocês que fizeram isso? — perguntou Gornt, do alto da sua estatura.

Dunross apressou-se a dizer:

— Eu providencio os meus empréstimos. Gornt ignorou-o, apenas a fitava.

— Você e Bartlett. Vocês o ajudaram?

Ela lhe devolveu o olhar, o coração batendo forte.

— Não tenho controle sobre aquele banco, Quillan.

— Ah, mas você andou metendo sua colher na história — disse Gornt, friamente. — Não foi?

— Murtagh me perguntou se eu achava que valia a pena arriscar na Struan — disse ela, a voz controlada. — Eu disse que sim, e muitíssimo.

— A Struan está acabada — falou Gornt. Dunross acercou-se deles.

— A questão é que não estamos acabados. A propósito, Quillan, Sir Luís concordou em tirar as ações da Struan do pregão até o meio-dia.

Todos os olhos se voltaram para Sir Luís, que agüentou estoicamente, com Phillip Chen ao lado, depois retornaram para Dunross e Gornt.

— Por quê?

— Para dar ao mercado tempo para se adaptar à alta.

— Que alta?

— A alta que todos merecemos, a alta que o Velho Cego Tung previu. — Uma onda de eletricidade percorreu a todos, até mesmo Casey. — E também para se adaptar ao valor das nossas ações — falou Dunross, a voz áspera. — Abrimos a 30.

— Impossível — falou alguém, com voz abafada, e Gornt rosnou:

— Não pode! Fechou a 9,50, por Deus! Suas ações fecharam a 9,50!

— E daí oferecemos as ações a 30, por Deus! — rosnou Dunross de volta.

Gornt virou-se bruscamente para Sir Luís.

— Vai topar esse assalto a mão armada?

— Não há nenhum, Quillan — disse Sir Luís, calmamente. — Concordei, com a aprovação unânime do comitê, em que é melhor para todos, para a segurança dos investidores, que haja um período de calma... para todos poderem se preparar para a alta. Pareceu-nos justo até o meio-dia.

— Justo, hem? — falou Gornt com aspereza. — Você tem um bocado de ações que vendi a descoberto. Agora vou recomprar tudo. A que preço?

Sir Luís deu de ombros.

— Tratarei do assunto ao meio-dia de amanhã, no próprio edifício da Bolsa.

— Eu tratarei do assunto com você neste momento, Quillan — disse Dunross, asperamente. — Quantas ações vendeu a descoberto? Deixarei que as recompre a 18, se você vender o controle majoritário da AH Ásia Airways a 15.

— A Ail Ásia Airways não está à venda — falou Gornt, furioso, a mente berrando que a 30 ele estaria liquidado.

— A oferta é válida até a abertura da Bolsa, amanhã.

— Dane-se você, amanhã e os seus 30! — Gornt virou-se bruscamente para Joseph Stern. — Compre ações da Struan! Agora, de manhã ou ao meio-dia! É o responsável!

— A... a que preço, sr. Gornt?

— Basta comprar! — Gornt fechou a cara e virou-se para Casey. — Obrigado — disse-lhe, e saiu furioso, batendo a porta atrás de si.

Então, as conversas explodiram, e Dunross viu-se cercado, gente lhe batendo nas costas, assoberbando-o de perguntas. Ela ficou sozinha na porta da varanda, chocada pela violência que presenciara. Distraidamente, confusa, viu Plumm se afastar apressado, com Roger Crosse atrás, mas nem lhes prestou atenção, apenas observava Dunross, com Riko ao lado.

No pequeno dormitório dos fundos, Plumm meteu a mão na gaveta de uma cômoda que ficava perto do grande baú que seria despachado por mar. A porta se escancarou e ele se virou bruscamente; quando viu que era Roger Crosse, sua fisionomia se alterou.

— Que merda andou fazendo? Você deliberadamente... Com uma velocidade felina, Crosse atravessou o quarto e esbofeteou Plumm antes que este se desse conta do que estava acontecendo. Plumm soltou uma exclamação abafada e se preparou para saltar sobre Crosse, quando este o esbofeteou de novo e Plumm tropeçou de encontro à cama, caindo sobre ela.

— Mas que mer...

— Cale a boca e ouça! — sibilou Crosse. — Suslev vai entregar você!

Plumm fitou-o, boquiaberto, as marcas das bofetadas tornando-se escarlates. Sua raiva sumiu de pronto.

— O quê?

— Suslev vai denunciar você ao Sinders, e isso significa todos nós. — Os olhos de Crosse se estreitaram. — Está bem, agora? Puta merda, fale baixo.

— O quê? Sim... sim... Eu... sim.

— Desculpe, Jason, era a única coisa a ser feita.

— Tudo, tudo bem. Que diabo está acontecendo, Roger? Plumm saltou da cama, esfregando o rosto, um filete de sangue no canto da boca, agora totalmente controlado. Lá de fora vinham os ruídos de conversas indistintas.

— Temos que armar um plano — disse Crosse sombriamente, e recapitulou sua conversa com Suslev. — Acho que o convenci, mas aquele sacana é escorregadio, não se pode saber o que fará. Sinders vai entregá-lo, não há dúvida, se Suslev não denunciar o Arthur... e se Sinders o entregar, Suslev não voltará a Hong Kong. Eles o manterão e arrancarão tudo dele. Então o...

— Mas, e quanto ao Dunross? — perguntou Plumm, desalentado. — Sem dúvida o Dunross poderia ter-nos livrado dessa enrascada. Agora o Grigóri não vai deixar de falar. Por que me deteve?

— Tive que fazê-lo. Não houve tempo de lhe contar. Ouça, depois que deixei o Suslev, entrei em contato com o QG. Eles me contaram que Tiptop ajudara aqueles filhos da mãe a se safarem da armadilha com o dinheiro da China. Antes, eu soubera que o Ian tinha arranjado o seu empréstimo — mentiu Crosse. — Portanto, a corrida aos bancos acabou, o mercado vai ficar em alta, com ou sem Dunross. Mas, o que é pior, Jason, soube, por um informante da Divisão Especial, que Sinders triplicou a segurança em Kai Tak, a mesma coisa no cais do Ivánov, e que, neste momento, estão abrindo todo e qualquer caixote, toda e qualquer sacola, revistando todo equipamento, todo cule que sobe a bordo. Se eles tivessem interceptado Dunross, e o fariam, o pessoal do sei é vivo demais, estaríamos fritos.