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O chefe do Corpo de Bombeiros sacudiu a cabeça, o rosto tenso.

— Infelizmente, parece que estão apenas começando, senhor. Nossos cálculos sugerem que pode haver uma centena ou mais ainda soterrados naqueles escombros — acrescentou, pesadamente. — Vamos levar semanas para vasculhar aquilo tudo, se não mais.

— É. — Novamente o governador hesitou. Depois, disse com firmeza: — Vou subir até a Kotewall. Controlarei o canal 5. — Dirigiu-se para o seu carro. O ajudante-de-ordens abriu a porta, mas Sir Geoffrey se deteve. Roger Crosse e Sinders estavam voltando da grande fenda da Sinclair Road, onde a parte de cima do bueiro subterrâneo fora arrancada. — Tiveram alguma sorte?

— Não, senhor. Conseguimos entrar no bueiro, mas ele desabou a uns cinqüenta metros da entrada. Jamais conseguiríamos entrar no Rose Court por ali — explicou Crosse.

Quando o Rose Court desabara e arrancara a lateral dos quatro andares superiores do Sinclair Towers, Crosse estava próximo do seu prédio de apartamentos, a cerca de setenta metros de distância. Logo que recobrara o controle, seu primeiro pensamento fora para Plumm, o segundo para Suslev. Suslev estava mais próximo. Quando chegou ao saguão às escuras do Sinclair Towers, moradores apavorados já vinham saindo aos borbotões. Afastando-os para o lado, ele abrira caminho aos empurrões e palavrões escada acima até o andar superior, iluminando o caminho com uma lanterna de bolso. O apartamento 32 tinha praticamente desaparecido, a escada de serviço adjacente fora derrubada ao longo de três andares. Enquanto Crosse olhava, boquiaberto, para a escuridão, pensou que, se Suslev tivesse ficado preso ali, ou com Clinker, estava morto... o único meio possível de fuga seria o bueiro subterrâneo.

De volta ao térreo, mais uma vez, dera a volta pelos fundos e metera-se na entrada secreta do túnel. A água embaixo era uma torrente efervescente. Rapidamente, correra para a rua, onde o cimo do túnel fora arrancado. A água extravasava do buraco. Bastante satisfeito, pois agora estava certo de que Suslev estava morto, fora até o telefone mais próximo, dera o alarme, depois mandara chamar Sinders.

— Sim? Oh, alô, Roger!

Contara ao Sinders onde estava, e o que acontecera, acrescentando :

— Suslev estava com o Clinker. Meu pessoal sabe que ele não saiu. Portanto, está soterrado. Os dois devem estar soterrados. Nenhuma chance de que possam estar vivos.

— Droga! — Uma longa pausa. — Irei imediatamente. Crosse saíra de novo e começara a organizar a evacuação do Sinclair Towers e das tentativas de resgate. Três famílias haviam se perdido com o desabamento dos andares superiores. Quando os policiais uniformizados e os bombeiros chegaram, a contagem dos mortos chegava a sete, incluindo duas crianças e quatro moribundos. Quando o governador e Sinders chegaram, eles haviam voltado para a parte aberta do túnel, para ver se conseguiam ter acesso.

— Não há jeito de se entrar por aí, Sir Geoffrey. O bueiro inteiro desabou, eu diria que para sempre, senhor.

Crosse estava adequadamente solene, embora intimamente radiante com a solução divina que se apresentara. Sinders estava azedíssimo.

— Uma grande pena! É, um azar incrível. Perdemos um agente valioso.

— Acha mesmo que ele lhe teria contado quem é esse demônio do Arthur? — perguntou Sir Geoffrey.

— Sem dúvida. — Sinders estava muito confiante. — Não concorda, Roger?

— Sim. — Crosse teve que se controlar para não sorrir. — Tenho certeza de que sim.

Sir Geoffrey soltou um suspiro.

— Vai haver o diabo ao nível diplomático quando ele não voltar para o Ivánov.

— Não é culpa nossa, senhor. É um ato de Deus — disse Sinders.

— Concordo, mas sabe como os soviéticos são xenófobos. Aposto o que quiserem que acreditarão que o estamos mantendo trancafiado e sob interrogatório. É melhor que o encontremos, ou o seu cadáver, e bem depressa.

— Sim, senhor. — Sinders ergueu mais a gola para proteger-se da chuva. — E quanto à partida do Ivánov?

— O que sugere?

— Roger?

— Sugiro que entremos em contato com eles imediatamente, senhor, contemos ao Boradinov o que aconteceu e digamos a ele que adiaremos a sua partida, se assim o desejar. Mandarei um carro para apanhá-lo, e a quem mais ele quiser trazer para ajudar na busca.

— Ótimo. Estarei Iá na Kotewall, por algum tempo.

Ficaram olhando enquanto Sir Geoffrey se afastava. Depois puseram-se ao abrigo do prédio. Sinders fitava a confusão organizada.

— Não há chance de que ele tenha escapado com vida, há?

— Nenhuma.

Um policial atribulado se aproximou, correndo.

— Eis a última lista, senhor, dos mortos e dos que se salvaram. — O rapaz entregou o papel a Crosse e acrescentou, rapidamente: — A Rádio Hong Kong vai colocar Vênus Poon no ar a qualquer momento, senhor. Ela está Iá em cima, na Kotewall.

— Está certo, obrigado. — Rapidamente, Crosse correu os olhos pela lista. — Santo Deus!

— Acharam o Suslev?

— Não, só um bocado de conhecidos mortos. — Entregou-lhe a lista. — Vou cuidar do Boradinov, depois voltarei para a área do Clinker.

Sinders fez que sim com a cabeça, olhando para o papel. Vinte e oito salvos, dezessete mortos, nomes que nada significavam para ele. Entre os mortos estava Jason Plumm...

No cais em Kowloon onde o Ivánov estava atracado, havia cules subindo e descendo as escadas de embarque, carregados com equipamento e carga de última hora. Por causa da emergência, a vigilância policial fora reduzida a um mínimo, e agora havia somente dois policiais em cada escada. Suslev, disfarçado sob um imenso chapéu cule e usando bata e calças de cule, descalço como os outros, passou por eles sem ser notado e subiu a bordo. Quando Boradinov o viu, guiou-o apressadamente para o seu camarote. Tão logo a porta se fechou, exclamou:

— Khristos, camarada comandante, quase pensei que o tínhamos perdido. Devemos zarpar...

— Cale-se e escute! — Suslev ofegava, ainda abaladíssi-mo. Virou a garrafa de vodca e engoliu a bebida, engasgando-se um pouco. — Nosso equipamento de rádio já foi consertado?

— Sim, parte dele já foi, exceto o aparelho de interferência de máxima segurança.

— Ótimo. — Com voz trêmula, relatou o que se passara. — Não sei como saí, mas quando me dei conta já estava na metade da montanha. Continuei descendo até achar um táxi e vim para cá. — Tomou outro gole, a bebida ajudando-o, o assombro da sua fuga da morte e do Sinders envolvendo-o. — Ouça, no que diz respeito a todos os demais,, ainda estou Iá, no Rose Court! Estou morto, ou desaparecido, supostamente morto — falou, o plano vindo de estalo à sua mente.

— Mas, câmara... — começou Boradinov, fitando-o.

— Comunique-se com o quartel-general da polícia e diga que não voltei... pergunte se pode adiar a nossa partida. Se disserem que não, ótimo, zarparemos. Se disserem que podemos ficar, ficaremos por um dia simbólico, depois iremos embora, pesarosamente. Compreendeu?

— Sim, camarada comandante, mas por quê?

— Depois explico. Entrementes, certifique-se de que todos a bordo pensem que estou desaparecido. Compreendeu?

— Sim.

— Ninguém deve entrar neste camarote, até estarmos seguros em águas internacionais. A garota está a bordo?

— Sim, no outro camarote, como o senhor ordenou.

— Muito bem. — Suslev pensou no caso dela. Poderia devolvê-la a terra, já que ele estava "desaparecido", e assim continuaria. Ou se ater ao plano. — Continuamos com aquele plano. É mais seguro. Quando a polícia avisar que estou desaparecido (o pessoal do sei me seguiu, como sempre, portanto sabe que estou com o Clinker), basta dizer a ela que nossa partida foi adiada e para ficar no camarote "até eu chegar". Pode ir andando.

Suslev trancou a porta, dominado pelo alívio, e ligou o rádio. Agora, poderia desaparecer. Sinders não poderia trair um homem morto. Agora, poderia facilmente persuadir o Centro a permitir que ele passasse suas tarefas na Ásia para outra pessoa, assumisse uma identidade diferente e obtivesse uma missão diferente. Poderia dizer que os diversos "vazamentos" de segurança documentados nos papéis de Alan tornavam necessário que alguém novo começasse com Crosse e Plumm... "Se é que algum deles ainda está vivo", pensou. "Melhor que estejam ambos mortos. Não, o Roger não. O Roger é valioso demais."