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Ele sabe quanto eu calço, duvido que um e-mail seja um problema para ele.

Posso vê-lo de novo? Será que vou suportar? Quero vê-lo de novo? Fecho os olhos e inclino a cabeça para trás, a mágoa e o desejo tomando conta de mim. É claro que quero.

Talvez... talvez eu pudesse dizer a ele que mudei de ideia... Não, não e não. Não posso ficar com alguém que tem prazer em me infligir dor, alguém incapaz de me amar.

Memórias torturantes invadem minha mente: o planador, as mãos dadas, os beijos, a banheira, a gentileza dele, o humor e o olhar sombrio, taciturno e sexy. Sinto falta dele. Já se passaram cinco dias, cinco dias de agonia que foram como uma eternidade. Choro todas as noites antes de dormir, desejando que não tivesse desistido, desejando que ele fosse diferente, desejando que estivéssemos juntos. Por quanto tempo essa sensação esmagadora e horrível vai durar? Estou no purgatório.

Envolvo meu corpo com os braços, apertando-me com força, mantendo-me firme. Sinto falta dele. Eu realmente sinto falta dele... Eu o amo. Simples assim.

Anastasia Steele, você está no trabalho! Preciso ser forte, mas eu quero ir à exposição do José, e, lá no fundo, a masoquista em mim quer ver Christian de novo. Respiro fundo e volto para minha mesa.

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De: Anastasia Steele

Assunto: Amanhã

Data: 8 de junho de 2011 14:25

Para: Christian Grey

Oi, Christian,

Obrigada pelas flores; elas são lindas.

Sim, eu gostaria de uma carona.

Obrigada.

Anastasia Steele

Assistente de Jack Hyde, Editor, Seattle Independent Publishing

Verifico meu telefone e vejo que ainda está ativado para desviar as chamadas. Jack está em reunião, então ligo para José.

— Oi, José. É a Ana.

— Olá, mocinha — ele é tão caloroso e acolhedor, que quase me empurra de volta para o precipício.

— Não posso demorar muito. A que horas devo chegar amanhã na exposição?

— Você ainda vai poder vir? — ele parece animado.

— Sim, claro — sorrio meu primeiro sorriso sincero em cinco dias ao imaginar sua expressão de alegria.

— Lá pelas sete e meia.

— Vejo você amanhã. Tchau, José.

— Tchau, Ana.

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De: Christian Grey

Assunto: Amanhã

Data: 8 de junho de 2011 14:27

Para: Anastasia Steele

Querida Anastasia,

A que horas devo buscá-la?

Christian Grey

CEO, Grey Enterprises Holdings Inc.

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De: Anastasia Steele

Assunto: Amanhã

Data: 8 de junho de 2011 14:32

Para: Christian Grey

A exposição abre às 19h30. Que horas você sugere?

Anastasia Steele

Assistente de Jack Hyde, Editor, Seattle Independent Publishing

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De: Christian Grey

Assunto: Amanhã

Data: 8 de junho de 2011 14:34

Para: Anastasia Steele

Querida Anastasia,

Portland fica a certa distância. Devo buscá-la às 17h45.

Estou ansioso para vê-la.

Christian Grey

CEO, Grey Enterprises Holdings Inc.

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De: Anastasia Steele

Assunto: Amanhã

Data: 8 de junho de 2011 14:38

Para: Christian Grey

Vejo você amanhã.

Anastasia Steele

Assistente de Jack Hyde, Editor, Seattle Independent Publishing

Ai, meu Deus. Vou encontrar Christian e, pela primeira vez em cinco dias, meu estado de espírito se eleva uma fração, e imagino como ele tem passado.

Será que sentiu minha falta? Provavelmente não do jeito como senti a dele. Será que arrumou uma escrava nova de sabe-se lá onde elas vêm? A imagem é tão dolorosa que a dispenso imediatamente. Olho para a pilha de correspondências que preciso organizar para Jack e volto a trabalhar, tentando afastar Christian de meus pensamentos uma vez mais.

Naquela noite, na cama, me viro de um lado para o outro, tentando dormir. É a primeira vez em dias que não choro até adormecer.

Em minha cabeça, visualizo o rosto de Christian na última vez em que o vi, quando deixei seu apartamento. Sua expressão aflita me persegue. Lembro que ele não queria que eu fosse embora, o que era estranho. Por que motivo eu ficaria quando as coisas chegaram ao ponto em que chegaram? Ambos tentávamos fugir de nossos próprios problemas: meu medo da punição, o medo dele... de quê? Do amor?

Virando-me de lado, abraço o travesseiro, tomada por uma tristeza esmagadora. Ele acha que não merece ser amado. Por quê? Será que tem a ver com sua criação? Sua mãe biológica, a prostituta do crack? Meus pensamentos me atormentam até de madrugada, quando enfim mergulho num sono agitado e exausto.

* * *

O DIA SE ARRASTA, e Jack está especialmente atencioso. Suspeito que seja por causa do vestido ameixa de Kate e das botas pretas de salto alto que peguei no armário dela, mas não perco muito tempo pensando a respeito. Decido que preciso usar meu primeiro salário para fazer compras. O vestido está mais folgado em mim do que de costume, mas finjo não reparar.

Enfim, são cinco e meia; pego meu casaco e a bolsa, tentando acalmar meus nervos. Vou vê-lo!

— Vai sair com alguém hoje? — pergunta Jack ao passar por minha mesa a caminho da saída.

— Vou. Não. Não exatamente.

Ele ergue uma sobrancelha, seu interesse obviamente despertado.

— Namorado?

Fico vermelha.

— Não, um amigo. Ex-namorado.

— Talvez amanhã a gente pudesse tomar um drinque depois do trabalho. Você teve uma primeira semana fantástica, Ana. A gente devia comemorar — ele sorri e seu rosto é tomado por expressões estranhas, o que me deixa desconfortável.

Com as mãos nos bolsos, ele passa pelas portas duplas. Faço uma careta ao vê-lo ir embora. Beber com o chefe, será que é uma boa ideia?

Balanço a cabeça. Primeiro preciso enfrentar uma noite com Christian Grey. Como vou fazer isso? Corro para o banheiro para os últimos retoques.

Dou uma olhada longa e severa no rosto do outro lado do grande espelho na parede. Sou eu, em meu estado pálido de sempre, olheiras escuras ao redor dos olhos grandes demais. Pareço magra e assustada. Queria muito saber usar maquiagem. Passo um pouco de rímel e delineador e aperto as bochechas, na esperança de ressaltar um pouco a cor delas. Arrumo o cabelo para que ele caia bonito pelas minhas costas, e respiro fundo. É o melhor que posso fazer.

Nervosa, atravesso o saguão de entrada com um sorriso e um aceno para Claire, na recepção. Acho que poderíamos nos tornar amigas. Jack está conversando com Elizabeth enquanto caminho na direção das portas. Com um largo sorriso, ele se apressa em abri-las para mim.

— Depois de você, Ana — murmura.

— Obrigada — sorrio, envergonhada.

Lá fora, Taylor me espera junto da calçada. Ele abre a porta traseira do carro. Olho hesitante para Jack, que saiu depois de mim. Ele está encarando o Audi SUV, consternado.

Viro-me e entro no carro, e lá está ele, Christian Grey, em seu terno cinza, sem gravata, a camisa branca aberta no colarinho. Os olhos cinzentos brilhando.