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Ele se levanta graciosamente e me ajuda a me levantar. Passo o braço ao redor da sua cintura enquanto voltamos para o quarto. Não vou pressioná-lo mais; no entanto, desde o acidente de Ray tornou-se mais importante para mim que ele saiba o quanto o amo.

Quando entramos no quarto, estou desesperada para recuperar sua leveza e descontração de apenas alguns minutos atrás.

— Vamos ver TV? — sugiro.

Christian pigarreia.

— Eu tinha esperanças de começar o segundo round.

E o meu inconstante Cinquenta Tons está de volta. Levanto a sobrancelha e paro perto da cama.

— Bom, nesse caso, acho que eu dito as regras.

Ele me olha perplexo; jogo-o na cama e monto rapidamente sobre ele, imobilizando-lhe as mãos.

Ele sorri com malícia.

— Muito bem, Sra. Grey. Agora que você me pegou, o que vai fazer comigo?

Eu me abaixo e cochicho em seu ouvido:

— Vou foder você com a minha boca.

Ele fecha os olhos, inspirando profundamente, e passo os dentes de leve pelo contorno do seu rosto.

Christian está trabalhando no computador. O dia amanheceu glorioso, ainda é cedo, e ele está digitando um e-mail, eu acho.

— Bom dia — murmuro timidamente da porta.

Ele se vira e sorri para mim.

— Sra. Grey, já de pé tão cedo. — E abre os braços.

Atravesso a suíte como um raio e me aconchego no colo dele.

— Você também.

— Estou só trabalhando. — Ele se ajeita desconfortavelmente na cadeira e beija meu cabelo.

— O que foi? — pergunto, pressentindo algum problema.

— Recebi um e-mail do detetive Clark. Ele quer falar com você sobre aquele filho da puta do Hyde. — Christian solta um suspiro.

— Sério?

Afasto um pouco o corpo para fitá-lo.

— É. Respondi que você deve passar um tempo em Portland e que ele vai ter que esperar. Mas ele disse que viria até aqui para interrogar você.

— Ele vem aqui?

— Acho que sim. — Christian parece perplexo.

Franzo a testa.

— O que será tão importante que não pode esperar?

— Justamente.

— E quando ele vem?

— Hoje. Vou responder o e-mail dele.

— Eu não tenho nada para esconder. O que será que ele quer saber?

— Vamos descobrir quando ele chegar. Também estou intrigado. — Christian muda novamente de posição. — O café da manhã já vai ser servido. Vamos comer para podermos visitar seu pai.

Concordo.

— Você pode ficar aqui, se quiser. Dá para ver que está ocupado.

Ele me olha contrariado.

— Não, quero ir com você.

— Tudo bem.

Sorrio, passo os braços em volta do seu pescoço e o beijo.

* * *

RAY ESTÁ DE mau humor. É uma dádiva. Ele está inquieto, irritado, impaciente e desconfortável.

— Pai, você sofreu um grave acidente de carro. Vai demorar um tempo para se recuperar. Christian e eu queremos transferi-lo para Seattle.

— Não sei por que você está se preocupando comigo. Vou ficar bem por aqui, sozinho.

— Não seja ridículo.

Aperto sua mão com ternura, e ele se digna a me dar um sorriso.

— Está precisando de alguma coisa?

— Eu poderia devorar um donut, Annie.

Abro um sorriso indulgente.

— Vou trazer um ou dois para você. Podemos ir à Voodoo.

— Maravilha!

— Quer um café decente também?

— Puxa, é claro!

— Está bem, vou trazer.

* * *

CHRISTIAN ESTÁ NOVAMENTE na sala de espera, falando ao telefone. Ele bem poderia instalar um escritório ali. O estranho é que está sozinho na sala de espera, embora os outros leitos da UTI estejam ocupados. Será que ele assustou os outros visitantes? Ele desliga o telefone.

— O Clark chega às quatro.

Franzo a sobrancelha. O que poderá ser tão urgente?

— Tudo bem. Ray quer café e donuts.

Christian dá uma risada.

— Acho que eu ia querer a mesma coisa, se tivesse sofrido um acidente. Peça ao Taylor para comprar.

— Não, eu vou.

— Mas leve o Taylor. — Ele soa inflexível.

— Ok.

Reviro os olhos, e ele me encara com ar de censura. Depois, força um sorriso e inclina a cabeça para o lado.

— Não tem ninguém aqui.

Sua voz soa deliciosamente baixa, e eu sei que ele está ameaçando me bater. Estou a ponto de desafiá-lo quando um jovem casal entra na sala. A mulher está chorando baixinho.

Dou de ombros para Christian, e ele assente. Em seguida, pega o notebook, segura minha mão e me guia para fora da sala.

— Eles precisam de privacidade mais do que nós — murmura Christian. — Nós vamos nos divertir mais tarde.

Lá fora, Taylor está esperando pacientemente.

— Vamos todos comprar café e donuts.

Às quatro horas em ponto alguém bate à porta da suíte. Taylor aparece acompanhado do detetive Clark, que parece mais mal-humorado do que de costume. Na verdade, ele sempre aparenta irritação. Talvez seja o formato do seu rosto.

— Sr. e Sra. Grey, obrigado por atenderem ao meu pedido.

— Detetive Clark — diz Christian, apertando a mão dele, e lhe indica um assento.

Eu me instalo no mesmo sofá onde me diverti tanto ontem à noite. E, ao pensar nisso, fico vermelha.

— É com a Sra. Grey que eu gostaria de conversar — diz Clark, dirigindo-se a Christian e Taylor, que ficou parado ao lado da porta.

Christian olha rapidamente para Taylor e lhe faz um gesto quase imperceptível com a cabeça; Taylor se vira e sai do recinto, fechando a porta atrás de si.

— Tudo o que o senhor quiser falar com a minha mulher, pode falar na minha frente. — A voz de Christian é fria e profissional.

O detetive Clark se volta para mim:

— A senhora tem certeza de que gostaria de ter seu marido presente?

Franzo a testa.

— É claro que sim. Não tenho nada a esconder. O senhor quer apenas me fazer algumas perguntas, não?

— Exatamente, madame.

— Eu gostaria que o meu marido ficasse.

Christian está ao meu lado, irradiando tensão.

— Muito bem — murmura Clark, resignado. Ele pigarreia. — Sra. Grey, o Sr. Hyde sustenta que a senhora o assediou sexualmente e fez várias investidas libidinosas contra ele.

Oh! Quase caio na gargalhada, mas coloco a mão na coxa de Christian de modo a contê-lo quando percebo que ele está se inclinando para a frente.

— Isso é ridículo — gagueja Christian, de tão insultado.

Aperto sua perna para silenciá-lo.

— Isso não aconteceu — afirmo com calma. — Na verdade, foi justamente o oposto. Ele me fez uma proposta de um jeito bastante rude, e foi demitido.

Vejo a boca do detetive Clark se contrair, formando uma linha fina, e então ele continua:

— Hyde alega que a senhora inventou uma história de assédio sexual a fim de provocar a demissão dele. Que fez isso porque ele não cedeu aos seus avanços e porque a senhora queria o emprego dele.

Franzo a testa. Puta merda. Jack está ainda mais alucinado do que eu pensava.

— Isso não é verdade. — Balanço a cabeça em negativa.

— Detetive, por favor, não me diga que o senhor veio até aqui só para importunar minha esposa com essas acusações ridículas.

O detetive Clark direciona seu olhar azul metálico para Christian.

— Preciso ouvir isso da boca da sua esposa, senhor — diz ele, calma e moderadamente.

Aperto a perna de Christian mais uma vez, implorando por dentro para que ele fique calmo.

— Você não precisa ouvir essas merdas, Ana.

— Acho que devo relatar ao detetive Clark o que aconteceu.

Christian me fita impassível por um instante e depois balança a mão, num gesto de resignação.

— O que Hyde afirma simplesmente não é verdade. — Minha voz soa calma, embora o que eu sinta seja tudo menos calma. Estou surpresa com essas acusações e com medo de Christian explodir. O que é que o Jack pretende? — O Sr. Hyde me acuou na cozinha do escritório uma noite. Ele me disse que eu tinha sido contratada graças a ele e que esperava favores sexuais em troca. Tentou me chantagear, usando e-mails que eu tinha enviado para o Christian, que não era meu marido na época. Eu não sabia que Hyde estava monitorando meu e-mail. Ele estava fora de si; até me acusou de ser uma espiã a mando do Christian, provavelmente para ajudá-lo a tomar a empresa. Ele não sabia que Christian já tinha comprado a SIP. — Balanço a cabeça ao me lembrar do meu encontro tenso e angustiante com Hyde. — No final, e-eu o derrubei no chão.