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Minha visão se transforma em Christian me rejeitando, com repulsa. Estou gorda e esquisita, com uma barriga avantajada. Ele caminha pelo longo corredor de espelhos, para longe de mim, os sons de seus passos ecoando no chão, nas paredes e nos espelhos prateados. Christian…

Dou uma sacudida para despertar. Não. Ele vai ficar fora de si.

Quando Sawyer para o automóvel em frente à SIP, saio rápido e me dirijo ao prédio.

— Ana, que bom ver você. Como está o seu pai? — pergunta Hannah logo que entro.

Eu a fito friamente.

— Melhor, obrigada. Você pode vir à minha sala?

— Claro. — Ela me acompanha, e parece surpresa. — Está tudo bem?

— Preciso saber se você adiou ou desmarcou alguma consulta minha com a Dra. Greene.

— Dra. Greene? Desmarquei sim. Duas ou três. Basicamente porque você estava em outras reuniões ou com o tempo corrido. Por quê?

Porque agora eu estou grávida, porra!, berro com ela na minha imaginação. Respiro fundo para tentar me tranquilizar.

— Se você mudar qualquer um dos meus compromissos, não deixe de me avisar. Nem sempre eu verifico minha agenda.

— Claro — diz Hannah, em voz baixa. — Desculpe. Eu fiz alguma coisa errada?

Balanço a cabeça em negativa e suspiro alto.

— Pode me preparar um chá? Aí então a gente conversa sobre o que aconteceu enquanto eu estive fora.

— Certo. É pra já.

E, novamente animada, ela sai da sala.

Eu a acompanho com o olhar quando ela deixa o recinto.

— Está vendo aquela mulher? — falo bem baixo para o Pontinho. — Talvez ela seja responsável pela sua existência.

Afago o meu ventre, mas depois me sinto uma idiota completa, porque estou falando com um ponto. Meu pequenino Pontinho. Balanço a cabeça, irritada comigo e com Hannah… embora, bem lá no fundo, eu saiba que não posso realmente culpá-la. Desolada, ligo o computador. Há um e-mail de Christian.

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De: Christian Grey

Assunto: Saudades

Data: 13 de setembro de 2011 13:58

Para: Anastasia Grey

Sra. Grey,

Faz apenas três horas que voltei ao escritório e já estou com saudades.

Espero que Ray tenha se instalado bem em seu novo quarto. Minha mãe vai visitá-lo hoje à tarde para ver como ele está.

Busco você lá pelas seis, e podemos passar lá para vê-lo antes de voltarmos para casa.

Que tal?

Seu apaixonado marido,

Christian Grey

CEO, Grey Enterprises Holdings, Inc.

Digito uma resposta rápida.

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De: Anastasia Grey

Assunto: Saudades

Data: 13 de setembro de 2011 14:10

Para: Christian Grey

Claro.

Bj,

Anastasia Grey

Editora, SIP

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De: Christian Grey

Assunto: Saudades

Data: 13 de setembro de 2011 14:14

Para: Anastasia Grey

Você está bem?

Christian Grey

CEO, Grey Enterprises Holdings, Inc.

Não, Christian, não estou. Estou pirando só de pensar que você vai pirar. Não sei o que fazer. Mas não vou contar para você por e-mail.

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De: Anastasia Grey

Assunto: Saudades

Data: 13 de setembro de 2011 14:17

Para: Christian Grey

Sim. Só muito ocupada.

Vejo você às seis.

Bj,

Anastasia Grey

Editora, SIP

Quando é que eu vou contar a ele? Esta noite? Talvez depois do sexo? Talvez durante o sexo. Não, pode ser perigoso para nós dois. Quando ele estiver dormindo? Descanso a cabeça nas mãos. Droga, o que eu vou fazer?

— Oi — diz Christian cautelosamente quando entro no SUV.

— Oi — murmuro.

— O que houve?

Ele franze o cenho. Balanço a cabeça no mesmo momento em que Taylor parte com o carro rumo ao hospital.

— Nada.

Talvez agora? Eu podia contar a ele logo agora, pois estamos em um local fechado e Taylor está conosco.

— Tudo bem no trabalho? — insiste ele.

— Tudo bem. Ótimo. Obrigada.

— Ana, o que aconteceu? — Seu tom fica um pouco mais insistente, e eu perco a coragem.

— Só estava com saudades de você, só isso. E preocupada com Ray.

Christian relaxa visivelmente.

— Ray está bem. Falei com minha mãe hoje à tarde e ela está impressionada com o progresso dele. — Christian pega minha mão. — Nossa, sua mão está fria. Você comeu hoje?

Fico vermelha.

— Ana — repreende-me Christian, aborrecido.

Bom, eu não comi porque sei que você vai arrancar os cabelos quando souber que estou grávida.

— Vou comer de noite. Não tive tempo.

Ele balança a cabeça, frustrado.

— Quer que eu acrescente “alimentem minha mulher” à lista de tarefas dos seguranças?

— Desculpe. Vou comer alguma coisa. É só que o dia hoje foi meio estranho. Você sabe, a transferência do papai e tudo o mais.

Seus lábios se contraem com força, mas Christian não diz nada. Olho para fora. Conte a ele!, meu inconsciente sibila no meu ouvido. Não. Sou uma covarde.

Christian interrompe minha divagação:

— Talvez eu tenha que ir a Taiwan.

— Ah, é? Quando?

— No final da semana. Ou talvez semana que vem.

— Está bem.

— Queria que você fosse comigo.

Engulo em seco.

— Christian, por favor. Eu tenho o meu trabalho. Não vamos voltar a discutir isso.

Ele suspira e faz beicinho como um adolescente contrariado.

— Achei melhor perguntar — murmura ele, petulante.

— Vai ficar quanto tempo?

— Uns dois dias, no máximo. Eu queria que você me dissesse o que está acontecendo.

Como é que ele sabe?

Bom, agora que meu amado marido está indo viajar…

Christian beija meus dedos.

— Não vou ficar longe muito tempo.

— Ótimo.

E abro um sorriso murcho.

* * *

RAY ESTÁ MUITO mais animado e bem menos carrancudo. Fico tocada por sua discreta gratidão a Christian, e por um momento, quando me sento para ouvir os dois conversarem sobre pescaria e sobre os Mariners, esqueço a desagradável notícia que recebi hoje. Mas ele se cansa fácil.

— Papai, vamos deixá-lo dormir.

— Obrigado, Ana querida. Gostei de ver você. Hoje também vi sua mãe, Christian. Ela me tranquilizou bastante. E ainda por cima torce pelos Mariners.

— Mas ela não é muito fã de pesca — diz Christian, com uma careta, ao se levantar.

— Não conheço muitas mulheres que sejam, não é? — Ray abre um sorriso.

— Vejo você amanhã, ok?

Dou-lhe um beijo. Meu inconsciente faz cara de reprovação. Se Christian não resolver trancar você… ou se não fizer coisa pior. Meu ânimo vai lá no chão.

— Venha.

Christian estende a mão para mim, franzindo o cenho. Eu aceito sua mão e deixamos juntos o hospital.

* * *

MAL TOCO NO JANTAR. A Sra. Jones preparou frango à caçadora, mas simplesmente não estou com fome. A ansiedade dá um nó apertado no meu estômago.