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— Onde você estava? — pergunta ele, seu tom de voz agora congelante.

— E você se importa?

— Ana, pare com isso. Agora.

Dou de ombros, e Christian atravessa o quarto rapidamente na minha direção. Dou um giro e um passo para trás quando ele tenta me alcançar.

— Não toque em mim — falo rispidamente, e ele congela no meio do movimento.

— Onde você estava? — pergunta, o punho cerrado pendendo ao longo do corpo.

— Eu não estava enchendo a cara com o meu ex — respondo, ardendo de raiva. — Você dormiu com ela?

Ele leva um susto.

O quê? Não!

Olhando para mim perplexo, ele tem o desplante de parecer ao mesmo tempo magoado e zangado. Meu inconsciente solta um breve e bem-vindo suspiro de alívio.

— Você acha que eu trairia você? — Seu tom de voz sugere um ultraje moral.

— Você traiu — falo com hostilidade. — Abrindo nossa vida particular para aquela mulher e mostrando fraqueza ao contar tudo para ela.

Christian fica boquiaberto.

— Fraqueza. É isso que você pensa? — Seus olhos estão em brasa.

— Christian, eu li a mensagem. Disso eu sei.

— A mensagem não era endereçada a você — rebate ele.

— Bom, o fato é que eu vi a mensagem quando o BlackBerry caiu do seu casaco enquanto eu tentava tirar a sua roupa porque você estava tão bêbado que não conseguia nem se trocar sozinho. Você tem ideia de como me magoou indo ver aquela mulher?

Ele empalidece por um instante, mas eu engatei a primeira e continuo, soltando minha fera interior:

— Você se lembra da noite passada, quando chegou em casa? Lembra-se do que disse?

Ele me encara sem reação, o rosto estático.

— Pois bem: você tinha razão. Tendo que escolher, eu escolho este bebê indefeso em vez de você. É o que faria qualquer mãe ou pai decente. É o que a sua mãe deveria ter feito com você. E eu lamento muito que ela não tenha feito isso, porque não estaríamos nesta discussão agora se ela tivesse agido de outra maneira. Só que você já é um adulto; então cresça, porra, olhe à sua volta e pare de agir como um adolescente petulante.

“Você pode não estar feliz com este filho. Também não estou dando pulos de alegria, por não ser a hora e por causa da sua reação mais que indiferente a este novo ser, sangue do seu sangue, carne da sua carne. Mas você pode encarar essa situação junto comigo, ou eu vou encarar sozinha. A decisão é sua.

“Enquanto você se afunda no seu poço de autopiedade e auto-ódio, eu vou trabalhar. E quando voltar, vou levar minhas coisas para o quarto de cima.”

Ele me olha em choque.

— Agora, se me der licença, eu queria terminar de me vestir. — Minha respiração é ofegante.

Muito lentamente, Christian dá um passo para trás, adotando uma atitude mais dura.

— É isso que você quer? — sussurra ele.

— Não sei mais o que eu quero.

Meu tom de voz reflete o dele, e faço um esforço monumental para fingir desinteresse ao molhar as pontas dos dedos com o hidratante e passar suavemente no rosto. Eu me olho no espelho. Enormes olhos azuis, rosto pálido, mas faces rosadas. Você está se saindo muito bem. Não ceda agora. Não ceda agora.

— Você não me quer? — murmura ele.

Ah, não… ah, não, nem comece com isso, Grey.

— Ainda estou aqui, não é? — retruco.

Pego o rímel e começo a passar no olho direito.

— Você pensou em me deixar? — Mal ouço suas palavras.

— Quando o seu marido prefere a companhia da ex-amante, não costuma ser um bom sinal.

Lanço o desdém apenas no nível necessário, fugindo da pergunta dele. Agora brilho labial. Com a boca brilhante, faço um biquinho para minha imagem no espelho. Fique forte, Steele… quer dizer, Grey. Puta merda, nem consigo me lembrar do meu sobrenome. Apanho as botas, vou até a cama novamente e as calço, puxando-as até a altura dos joelhos. Isso aí. Estou só de calcinha, sutiã e botas, bem sexy. Sei disso. Eu me levanto e olho para ele sem paixão. Ele pisca várias vezes, e seus olhos percorrem meu corpo rápida e avidamente.

— Eu sei o que você está fazendo — murmura ele, e sua voz adota um viés quente e sedutor.

— Sabe, é?

Minha voz falha. Não, Ana… aguente firme.

Ele engole em seco e avança. Dou um passo para trás e levanto as mãos.

— Nem pense nisso, Grey — sussurro ameaçadoramente.

— Você é minha esposa — diz ele, suave e ameaçador.

— Sou a mulher grávida que você abandonou ontem, e, se você tocar em mim, vou gritar até arrebentar os vidros.

Ele levanta as sobrancelhas, sem acreditar.

— Vai gritar, é?

— Até morrer. — Estreito os olhos.

— Ninguém iria ouvir você — murmura ele, encarando-me intensamente, e por um breve momento me lembro da nossa manhã em Aspen. Não. Não. Não.

— Está tentando me assustar? — balbucio, quase sem fôlego, deliberadamente tentando detê-lo.

Funciona. Ele para e engole em seco.

— Não era minha intenção. — Ele franze a testa.

Mal consigo respirar. Se ele me tocar, não vou resistir. Conheço o poder que ele exerce sobre mim e sobre meu corpo traiçoeiro. Conheço bem. Então me agarro à minha raiva.

— Eu tomei um drinque com uma pessoa que costumava ser próxima de mim. Só para espairecer. Não vou vê-la de novo.

— Você a procurou?

— Não de primeira. Tentei entrar em contato com o Flynn. Mas acabei indo para o salão de beleza.

— E você espera que eu acredite que não vai mais ver aquela mulher? — Não consigo conter minha fúria ao cuspir as palavras. — E da próxima vez que eu cruzar uma linha imaginária? É sempre a mesma briga, toda vez a mesma coisa. Parece até que estamos presos à roda de Íxion. Se eu fizer mais alguma merda, você vai correr para ela outra vez?

— Não vou vê-la de novo — diz ele, com uma determinação desconcertante. — Ela finalmente entendeu como eu me sinto.

Levo um tempo para absorver suas palavras.

— O que isso quer dizer?

Ele se enrijece e passa a mão no cabelo, irritado, bravo e mudo. Tento uma tática diferente:

— Por que você pode falar com ela e não comigo?

— Eu estava zangado com você. Como estou agora.

— Não me diga! — disparo. — Pois bem: eu estou zangada com você agora. Por você ter sido tão frio e insensível ontem, quando eu precisava de você. Por me acusar de engravidar deliberadamente, o que não foi o caso. Por me trair.

Consigo engolir um soluço. Ele abre a boca, chocado, e fecha os olhos por um instante, como se eu tivesse lhe dado uma bofetada. Engulo em seco. Acalme-se, Anastasia.

— Eu deveria ter sido mais cuidadosa com as aplicações do anticoncepcional. Mas não foi de propósito. Esta gravidez também é um choque para mim — balbucio, tentando um mínimo de civilidade. — Além do mais, o método pode ter falhado.

Ele me encara com ar de reprovação, em silêncio.

— Você fez muita merda ontem — sussurro, a raiva fervendo dentro de mim. — Passei por poucas e boas nas últimas semanas.

— E você fez uma merda das grandes três ou quatro semanas atrás. Ou sei lá quando você esqueceu de tomar a injeção.

— Bom, Deus me ajude a não ser perfeita como você!

Ah, pare, pare, pare. Ficamos ali imóveis, fulminando um ao outro com o olhar.

— Bela performance, Sra. Grey — sussurra ele.

— Fico feliz de saber que mesmo grávida sou uma boa diversão.

Ele me olha sem expressão e murmura: