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— Hannah, vou ter que sair. Não sei ao certo quanto tempo vou demorar. Cancele todos os meus compromissos desta tarde. Avise à Elizabeth que precisei resolver um assunto urgente.

— Claro, Ana. Está tudo bem? — Ela franze a testa, sua fisionomia demonstrando preocupação ao me ver sair correndo.

— Sim — respondo distraidamente, dirigindo-me às pressas para a recepção, onde Sawyer me espera. — Sawyer.

Ele salta da poltrona ao som da minha voz e franze o cenho ao notar a expressão no meu rosto.

— Não estou me sentindo bem. Por favor, me leve para casa.

— Claro, madame. Quer esperar aqui enquanto pego o carro?

— Não, vou com você. Estou com muita pressa de chegar em casa.

* * *

OLHO PELA JANELA em completo terror enquanto repasso meu plano. Chegar em casa. Trocar de roupa. Pegar o talão de cheques. Dar um jeito de me livrar de Ryan e Sawyer. Ir ao banco. Droga, quanto espaço será que ocupam cinco milhões de dólares? Será que pesa muito? Vou precisar de uma mala? Será que tenho que telefonar para o banco com antecedência? Mia. Mia. E se ele não estiver com a Mia? Como posso ter certeza? Se eu telefonar para Grace, ela vai desconfiar, e isso pode colocar a vida de Mia em risco. Ele disse que tinha como saber. Olho pelo vidro escuro do SUV. Será que estou sendo seguida? Examino os carros atrás de nós, meu coração disparado. Parecem inofensivos. Ah, Sawyer, mais rápido. Por favor. Meus olhos encontram os dele pelo retrovisor, e sua expressão preocupada se acentua.

Sawyer pressiona um botão do seu headset de bluetooth para atender a uma chamada.

— T… só queria que você soubesse que a Sra. Grey está comigo. — Seus olhos encontram os meus mais uma vez antes de ele voltar sua atenção novamente para o tráfego e continuar com a ligação: — Ela não está se sentindo bem e pediu para ir para casa. Estamos a caminho do Escala… Entendi… senhor. — Mais uma vez Sawyer tira os olhos da rua para me fitar pelo espelho. — Tudo bem — concorda ele, e desliga.

— Taylor? — murmuro.

Ele anui com a cabeça.

— Ele está com o Sr. Grey?

— Sim, madame. — Sua expressão se suaviza, mostrando solidariedade.

— Eles ainda estão em Portland?

— Estão, madame.

Ótimo. Tenho que proteger Christian. Levo a mão à barriga e a esfrego conscientemente. E você também, Pontinho. Proteger vocês dois.

— Podemos ir mais depressa, por favor? Não estou me sentindo bem.

— Certo, madame.

Sawyer pisa no acelerador, e nosso carro avança pelo trânsito.

* * *

A SRA. JONES não se encontra em nenhum lugar à vista quando Sawyer e eu entramos no apartamento. Já que o carro dela não está na garagem, presumo que tenha saído com Ryan para resolver alguma coisa qualquer. Sawyer se dirige ao escritório de Taylor enquanto eu disparo para o de Christian. Fico tateando em pânico sobre a mesa dele e arrombo a gaveta para pegar o talão de cheques. O revólver de Leila escorrega para a frente. Sinto uma pontada inconveniente de aborrecimento por Christian não ter guardado a arma em local mais seguro. Ele não entende nada de armas. Céus, vai acabar se machucando.

Depois de hesitar por um minuto, pego o revólver, verifico se está carregado e o enfio no cós da minha calça preta folgada. Talvez eu venha a precisar. Engulo em seco. Até hoje eu só pratiquei em alvos. Nunca apontei uma arma para ninguém; espero que Ray me perdoe. Concentro-me, então, em descobrir o talão de cheques correto. Há cinco deles, e apenas um nos nomes de C. Grey e Sra. A. Grey. Tenho cerca de cinquenta e quatro mil dólares na minha conta particular. Não faço ideia de quanto há na conta conjunta. Mas é bem capaz de que Christian tenha cinco milhões. Será que há dinheiro no cofre? Droga. Não faço ideia do segredo. Acho que uma vez ele mencionou que o segredo estava no armário de arquivos. Tento abrir o armário, mas está trancado. Merda. Vou ter que voltar ao plano A.

Respiro fundo e, mais calma, porém ainda determinada, vou até o nosso quarto. A cama foi arrumada, e por um minuto sinto certa angústia. Talvez eu devesse ter dormido aqui na noite passada. De que adianta discutir com alguém que admite, ele próprio, ter cinquenta tons? Ele não está nem falando comigo. Não; não tenho tempo para pensar nisso agora.

Rapidamente troco de roupa: visto uma calça jeans e um suéter com capuz e calço um tênis. Coloco a arma no cós da calça, na parte de trás. Apanho uma enorme bolsa de lona macia. Será que cabem cinco milhões de dólares aqui? A bolsa de ginástica de Christian está ali jogada num canto. Eu a abro, esperando encontrar um monte de roupa suja, mas não… está tudo limpo e cheiroso. A Sra. Jones cuida mesmo de tudo. Despejo o conteúdo todo no chão e a coloco dentro da minha bolsa de lona. Bom, acho que isso vai ser suficiente. Verifico se estou com minha carteira de motorista para apresentar no banco e olho as horas. Faz trinta e um minutos que Jack ligou. Agora eu só tenho que sair do Escala sem Sawyer me ver.

Caminho lenta e silenciosamente até o hall, ciente da câmera de vigilância, que fica acoplada no elevador. Acho que Sawyer ainda está no escritório de Taylor. Abro com cuidado a porta do hall, fazendo o mínimo de ruído possível. Fecho-a atrás de mim em silêncio e fico embaixo da soleira, apoiada na porta, longe do campo de visão das lentes da câmera. Pego o celular da bolsa e ligo para Sawyer.

— Pronto, Sra. Grey.

— Sawyer, estou no quarto de cima; você pode vir aqui me ajudar? — digo em voz baixa, pois sei que ele está aqui perto, poucos metros depois desta porta.

— Já estou indo, madame — responde ele, e percebo que ficou confuso.

Eu nunca tinha telefonado para ele pedindo ajuda. Meu coração parece que vai sair pela boca, batendo num ritmo instável e frenético. Será que isso vai dar certo? Desligo, e então ouço os passos dele atravessando a entrada e subindo as escadas. Respiro fundo mais uma vez, tentando me tranquilizar, enquanto, por um momento, penso em como é irônico ter que fugir da minha própria casa como um marginal.

Logo que Sawyer chega ao segundo andar, corro até a porta do elevador e pressiono o botão para chamá-lo. As portas se abrem com um plim! alto demais, anunciando que o elevador chegou. Entro e aperto furiosamente o botão da garagem. Após uma pausa agonizante, as portas começam a se fechar devagar, e é então que ouço Sawyer gritar.

— Sra. Grey! — Assim que as portas do elevador se fecham, eu o vejo despontar no hall. — Ana! — chama ele, sem acreditar no que está acontecendo. Mas já é tarde demais, e sua figura desaparece de vista.

O elevador desce suavemente até o nível da garagem. Tenho alguns minutos de vantagem sobre Sawyer, e sei que ele vai tentar me deter. Olho desejosa para meu R8, mas corro para o Saab, abro a porta, jogo a bolsa de lona no banco do carona e me sento ao volante.

Ligo o carro e saio cantando pneu até a entrada, onde fico esperando onze intermináveis segundos até a cancela se abrir. Assim que posso, acelero, a tempo de ver, pelo espelho retrovisor, Sawyer saindo em disparada do elevador de serviço. Sua expressão desnorteada e injuriada me persegue quando viro para pegar a Quarta Avenida.

Solto finalmente o ar, preso esse tempo todo. Sei que Sawyer vai ligar para Christian ou Taylor, mas depois eu vejo o que fazer — não tenho tempo para pensar nisso agora. Eu me mexo desconfortável no banco do carro, sabendo no fundo do coração que Sawyer provavelmente perdeu o emprego. Não pense. Tenho que salvar Mia. Preciso chegar ao banco e sacar cinco milhões de dólares. Olho pelo retrovisor, esperando ver o SUV saindo desvairado da garagem, mas vou me distanciando sem o menor sinal de Sawyer.