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— Pegue tudo, Anastasia.

— Christian…

E quase volto atrás. Quase conto tudo para ele: sobre Jack, sobre Mia, sobre o resgate. Por favor, confie em mim!, imploro internamente a ele.

— Vou amar você para sempre. — Sua voz soa rouca. Ele desliga.

— Christian! Não… Eu também amo você.

E toda a estupidez daquilo por que passamos nos últimos dias, todo o mal que fizemos um ao outro, tudo perde completamente a importância. Eu prometi que nunca o deixaria. Não estou deixando você, Christian. Estou salvando a sua irmã. Afundo na poltrona, chorando copiosamente com as mãos no rosto.

Sou interrompida por uma tímida batida na porta. Whelan entra, embora eu não tenha respondido. Ele olha para todos os lados, menos para mim. Está mortificado.

Você ligou para ele, seu filho da mãe! Eu o fuzilo com o olhar.

— Seu marido concordou em resgatar cinco milhões de dólares dos investimentos, Sra. Grey. Isso é bastante irregular, mas, como nosso principal cliente… ele insistiu na transação… insistiu muito.

Ele faz uma pausa e cora. Depois franze o cenho ao olhar para mim, e não sei se é por Christian estar agindo de forma bastante incomum ou porque Whelan não sabe o que fazer com uma mulher aos prantos em sua sala.

— A senhora está bem? — pergunta ele.

— Eu pareço bem? — retruco.

— Sinto muito, madame. Quer um copo d’água?

Aquiesço, com expressão emburrada. Acabo de abandonar meu marido. Bom, pelo menos é o que Christian acha. Meu inconsciente torce os lábios. Porque você disse isso a ele.

— Vou pedir que lhe tragam água enquanto eu providencio o dinheiro. Se a senhora puder assinar aqui, madame… e preencher o cheque e assinar também.

Whelan coloca um formulário em cima da mesa. Rabisco minha assinatura na linha pontilhada do cheque e do formulário. Anastasia Grey. As lágrimas caem na mesa, quase molhando a papelada.

— Vou levar os documentos, madame. Será preciso cerca de meia hora para levantar todo o montante.

Dou uma rápida olhada no relógio. Jack pediu duas horas — tudo deve acabar no tempo previsto. Faço que sim com a cabeça, e Whelan sai do escritório pé ante pé, deixando-me sozinha com a minha dor.

Alguns segundos, minutos, horas depois — não sei dizer —, a Srta. Sorriso Falso retorna com uma jarra de água e um copo.

— Sra. Grey — diz ela suavemente ao colocar o copo em cima da mesa e enchê-lo.

— Obrigada.

Pego o copo e bebo com alívio. Ela se retira, deixando-me ali com meus pensamentos confusos e aterradores. Vou encontrar algum modo de me acertar com Christian… se não for tarde demais. Pelo menos ele está fora de cena. Neste exato momento, tenho que me concentrar em Mia. E se Jack estiver mentindo? E se não a tiver sequestrado? Eu realmente deveria avisar à polícia.

“Não conte para ninguém, ou antes de matar a sua cunhadinha eu dou uma canseira nela.” Não posso. Eu me recosto na cadeira, sentindo a presença reconfortante do revólver de Leila preso à minha cintura, cravado às minhas costas. Quem diria que algum dia eu seria grata a Leila por ter apontado uma arma para mim? Ah, Ray, estou tão feliz que você tenha me ensinado a atirar.

Ray! Engulo em seco. Eu combinei de visitá-lo hoje à noite. Talvez eu possa simplesmente deixar o dinheiro com Jack. Ele pode fugir enquanto eu levo Mia para casa. Ah, isso parece absurdo!

Meu BlackBerry toca, “Your Love Is King” preenchendo o recinto. Ah, não! O que Christian quer? Torcer a faca que cravou nas minhas feridas?

Esse tempo todo foi só pelo dinheiro?

Ah, Christian… como você pôde pensar isso? A raiva me consome. Isso mesmo, raiva. Isso vai ajudar. Deixo a chamada cair na caixa postal. Vou ver o que faço com meu marido mais tarde.

Alguém bate à porta.

— Sra. Grey. — É Whelan. — A quantia já está pronta.

— Obrigada.

Eu me levanto, e o escritório parece rodar; apoio-me na cadeira.

— Sra. Grey, está se sentindo bem?

Aquiesço, e lanço para ele um olhar do tipo saia-da-minha-frente-agora-mesmo. Inspiro profundamente de novo, para me acalmar. Tenho que fazer isso. Tenho que fazer isso. Preciso salvar a Mia. Puxo a bainha do suéter para baixo, de modo a esconder o cano do revólver nas minhas costas.

O Sr. Whelan franze a testa, mas mantém a porta aberta, e eu me forço a sair, caminhando sobre minhas pernas trêmulas.

Sawyer está esperando na entrada, olhando em volta. Merda! Nossos olhares se cruzam, e ele franze as sobrancelhas, avaliando minha reação. Ah, ele está possesso. Levanto o indicador como se dissesse “já vou falar com você”. Ele concorda com um aceno de cabeça e atende a uma chamada no celular. Merda! Aposto que é Christian. Bruscamente dou meia-volta, quase colidindo com Whelan logo atrás de mim, e me precipito novamente para dentro da sala.

— Sra. Grey? — diz Whelan, e parece confuso ao ir atrás de mim até a saleta.

Sawyer poderia estragar todo o plano. Ergo o olhar para Whelan.

— Tem uma pessoa ali fora com quem eu não quero falar. Ele está me seguindo.

Os olhos de Whelan se arregalam.

— A senhora quer que eu chame a polícia?

— Não!

Puta merda, não. O que eu vou fazer? Verifico as horas. São quase três e quinze. Jack vai telefonar a qualquer momento. Pense, Ana, pense! Whelan me fita com crescente desespero e perplexidade. Ele deve achar que eu sou louca. Você é louca, retruca meu inconsciente.

— Preciso dar um telefonema. O senhor poderia me dar licença, por favor?

— É claro — responde Whelan, e acho que ele fica aliviado ao sair da sala. Quando ele fecha a porta, ligo para o celular de Mia com dedos trêmulos.

— Ora, ora, se não é o meu bilhete de loteria — atende Jack, com escárnio.

Não tenho tempo para a conversa mole dele.

— Estou com um problema.

— Eu sei. O seu segurança seguiu você até o banco.

O quê? Como ele sabe?

— Você vai ter que se livrar dele. Eu tenho um carro esperando atrás do banco. Um SUV preto, um Dodge. Você tem três minutos para chegar lá. — O Dodge!

— Talvez leve mais do que três minutos.

Meu coração quase sai pela boca de novo.

— Você é bem esperta para uma puta vendida, Grey. Vai dar um jeito. E jogue fora seu celular assim que alcançar o veículo. Entendeu, piranha?

— Entendi.

— Repita! — ordena ele rispidamente.

— Entendi!

Ele desliga.

Merda! Abro a porta e vejo Whelan esperando-me pacientemente.

— Sr. Whelan, preciso de ajuda para levar as sacolas para o carro. Está estacionado lá fora, atrás do banco. Existe alguma saída nos fundos?

Ele franze o cenho.

— Existe, sim. Para os funcionários.

— Podemos sair por ali? Assim eu evito a atenção indesejada na porta principal.

— Como preferir, Sra. Grey. Vou pedir a dois funcionários para ajudarem com as sacolas e dois seguranças. Venha comigo, por favor.

— Vou pedir mais um favor ao senhor.

— Às suas ordens, Sra. Grey.

* * *

DOIS MINUTOS DEPOIS, eu e minha comitiva estamos na rua, nos dirigindo para o Dodge. Os vidros são escuros, e não consigo distinguir quem está na direção. Porém, quando estamos nos aproximando, a porta do motorista se abre e uma mulher vestida de preto, com um boné também preto puxado de forma a cobrir os olhos, desce graciosamente do carro. Elizabeth, da SIP! Como assim? Ela vai até a traseira do SUV e abre o porta-malas. Os dois jovens funcionários do banco que estão carregando o dinheiro depositam as pesadas sacolas ali dentro.