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O Pontinho está a salvo.

“E o bebê?.. Ah, graças a Deus.”

Ele se importa com o bebê.

“E o bebê?.. Ah, graças a Deus.”

Ele quer o bebê. Ah, graças a Deus. Eu relaxo, e a inconsciência novamente toma conta de mim, arrancando-me da dor.

* * *

TUDO PESA E DÓI: membros, cabeça, pálpebras, nada se mexe. Meus olhos e minha boca estão resolutamente fechados, negando-se a abrir, deixando-me cega, muda e dolorida. À medida que emerjo das névoas, a consciência começa a pairar sobre mim, como uma sirene sedutora mas fora de alcance. Os sons se transformam em vozes.

— Não vou sair de perto dela.

Christian! Ele está aqui… Tenho que acordar — sua voz é um sussurro tenso e angustiado.

— Christian, você precisa dormir.

— Não, pai. Quero estar aqui quando ela acordar.

— Eu fico com a Ana. É o mínimo que posso fazer depois que ela salvou a vida da minha filha.

Mia!

— Como está a Mia?

— Está toda grogue… com medo e com raiva. Ainda vai levar algumas horas até o Rohypnol sair totalmente do organismo dela.

— Meu Deus do céu.

— É, eu sei. Estou me sentindo o mais idiota do mundo por ter relaxado na segurança dela. Você me avisou, mas Mia é teimosa. Se não fosse pela Ana aqui…

— Todo mundo achava que o Hyde estava fora do caminho. E a louca da minha esposa… Por que ela não me contou? — A voz de Christian é um poço de angústia.

— Christian, acalme-se. Ana é uma jovem incrível. Ela foi de uma coragem surpreendente.

— Corajosa, cabeça-dura, teimosa e burra. — Sua voz falha.

— Ei — murmura Carrick —, não seja tão duro com ela, nem com você, filho… Acho que é melhor eu voltar para ficar com a sua mãe. Já são mais de três da madrugada, Christian. Você realmente deveria tentar dormir um pouco.

A névoa me encobre.

* * *

A NÉVOA SE DISPERSA, mas não tenho nenhuma noção de tempo.

— Se você não der uma bronca nessa menina, juro que eu mesmo vou dar. Que diabo ela estava pensando?

— Pode acreditar, Ray. Vou brigar com ela sim.

Pai! Ele está aqui. Luto contra a névoa… tento… Mas mergulho novamente na inconsciência. Não

* * *

— DETETIVE, COMO O SENHOR pode ver, minha esposa não está em condições de responder a pergunta alguma. — Christian está zangado.

— Ela é uma jovem teimosa, Sr. Grey.

— Ela devia era ter matado o filho da puta.

— Isso significaria mais papelada para mim, Sr. Grey…

— A Srta. Morgan está abrindo o jogo todo. O Hyde é realmente um filho da puta de um pervertido. Ele tem um enorme ressentimento contra o senhor e o seu pai…

A escuridão me envolve mais uma vez, e sou sugada para baixo… Não!

* * *

— COMO ASSIM VOCÊS não estavam se falando?

É a voz de Grace. Ela parece zangada. Tento mexer a cabeça, mas do meu corpo só recebo um silêncio indiferente e retumbante.

— O que você fez?

— Mãe…

— Christian! O que você fez?

— Eu estava com tanta raiva… — É quase um soluço… Não.

— Ei…

O mundo afunda, escurece e eu apago.

* * *

OUÇO VOZES ALTAS e indistintas.

— Você me disse que tinha cortado todos os laços. — É Grace falando. Sua voz transparece calma, mas é uma reprimenda.

— Eu sei. — Christian parece resignado. — Mas me encontrar com ela finalmente colocou tudo numa nova perspectiva para mim. Você sabe… com relação à criança. Pela primeira vez eu senti… O que nós dois fizemos… foi errado.

— O que ela fez, querido… Os filhos vão fazer isso por você. Vão fazê-lo ver o mundo sob uma ótica diferente.

— Finalmente ela entendeu… e eu também… Eu magoei a Ana — murmura ele.

— Nós sempre magoamos as pessoas que amamos, querido. Você tem que pedir desculpas a ela. E fazer isso de coração, dando tempo ao tempo.

— Ela disse que estava me deixando.

Não. Não. Não!

E você acreditou?

— No início, sim.

— Querido, você sempre acredita no pior em relação a todo mundo, inclusive a você mesmo. Sempre foi assim. A Ana ama você demais, e é óbvio que você também a ama.

— Ela ficou bem brava.

— É claro que ficou. Eu mesma estou muito zangada com você agora. Mas acho que a gente só consegue ficar realmente zangada com quem a gente ama de verdade.

— Eu pensei sobre isso, e ela já me mostrou várias e várias vezes como me ama… ao ponto de colocar a própria vida em perigo.

— É verdade, meu filho.

— Ah, mãe, por que ela não acorda? — Sua voz fica embargada. — Eu quase a perdi.

Christian! Ouço soluços contidos. Não…

Ah… A escuridão me envolve. Não

* * *

— VOCÊ LEVOU vinte e quatro anos para me deixar abraçá-lo assim…

— Eu sei, mãe… E fico contente de termos conversado.

— Eu também, querido. Vou estar sempre ao seu lado. Nem acredito que vou ser avó.

Avó!

A doce inconsciência me chama.

* * *

HMM. SUA BARBA por fazer arranha as costas da minha mão quando ele aperta meus dedos contra seu rosto.

— Ah, meu amor, por favor, volte para mim. Eu sinto muito. Por tudo. Acorde. Estou com saudades. Eu amo você…

Eu tento. Tento. Quero vê-lo. Mas meu corpo não me obedece, e caio no sono mais uma vez.

* * *

SINTO UMA NECESSIDADE enorme de fazer xixi. Abro os olhos. Estou no ambiente limpo e estéril de um quarto de hospital. Está escuro, a não ser por uma janela, e tudo quieto. Minha cabeça e meu peito doem, mas o pior é a bexiga prestes a estourar. Preciso fazer xixi. Testo meus membros. Meu braço direito dói, e reparo no soro preso na parte interna do cotovelo. Fecho os olhos rapidamente. Girando a cabeça — e fico satisfeita ao ver que ela responde à minha vontade —, abro novamente os olhos. Christian está dormindo sentado ao meu lado, debruçado na cama com a cabeça sobre os braços dobrados. Levanto a mão, mais uma vez feliz em ver que meu corpo reage, e passo os dedos pelo seu cabelo macio.

Ele acorda assustado, e levanta a cabeça tão bruscamente que minha mão cai fraca na cama.

— Oi — falo, num arremedo de voz.

— Ah, Ana. — Sua voz parece contida e carregada de alívio. Ele pega minha mão e a aperta com força, encostando-a em sua face áspera.

— Preciso ir ao banheiro — murmuro.

Ele fica perplexo, depois enruga a testa por um instante.

— Tudo bem.

Tento me colocar sentada.

— Ana, não se mexa. Vou chamar a enfermeira.

Levantando-se rapidamente, ele aperta uma campainha ao lado da cama, alarmado.

— Por favor — murmuro. Por que será que está tudo doendo? — Preciso levantar. — Caramba, eu me sinto tão fraca.

Pelo menos uma vez você podia obedecer — reclama ele, exaltado.

— Eu preciso muito fazer xixi. — Minha voz continua fraca e aguda. Minha garganta e minha boca estão tão secas…

Uma enfermeira irrompe no quarto. Ela deve ter uns cinquenta anos, apesar do cabelo preto retinto. Está usando imensos brincos de pérolas.

— Sra. Grey, bem-vinda de volta. Vou avisar à Dra. Bartley que a senhora acordou. — Ela se aproxima da cama. — Meu nome é Nora. A senhora sabe onde está?

— Sei. Hospital. Preciso fazer xixi.

— A senhora está com um cateter.

O quê? Ai, que nojo. Olho tensa para Christian, depois me volto para a enfermeira.

— Por favor. Eu quero me levantar.

— Sra. Grey…