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— Ligue para eles. Essa história perturbou você, sem dúvida. Talvez eles possam esclarecer alguma coisa.

Olho para o relógio. São quase sete da noite. Ele me observa impassível por um momento.

— Tudo bem — diz afinal, como se eu estivesse lhe propondo um desafio. Então senta-se e pega o telefone que fica ao lado da cama.

Passo os braços em volta dele e descanso a cabeça em seu peito enquanto faz a ligação.

— Pai? — Noto que ele fica surpreso de Carrick ter atendido o telefone. — Ana está bem. Estamos em casa. O Welch acabou de sair daqui. Ele descobriu a conexão… a casa de adoção provisória em Detroit… Não me lembro de nada disso. — Sua voz é quase inaudível quando ele profere a última frase. Meu coração se comprime de novo. Eu o abraço, e ele aperta meu ombro. — É… Vocês vêm?… Ótimo. — Ele desliga. — Estão vindo para cá. — Ele parece surpreso, e percebo que nunca deve ter pedido a ajuda dos pais antes.

— Muito bem. Tenho que me vestir.

Seu braço se aperta ao meu redor.

— Não vá.

— Tudo bem.

Eu me aconchego nele outra vez, surpresa por ter me contado tanta coisa a seu respeito — e de forma inteiramente voluntária.

* * *

QUANDO NOS ENCONTRAMOS, à porta da sala, Grace me acolhe ternamente nos braços.

— Ana, Ana, minha querida Ana — murmura ela. — Você salvou dois dos meus filhos. Como posso algum dia lhe agradecer?

Fico vermelha, ao mesmo tempo emocionada e constrangida pelas suas palavras. Carrick me abraça também e beija minha testa.

Em seguida, Mia me agarra, apertando minhas costelas. Eu estremeço e solto uma exclamação de dor, mas ela não percebe.

— Obrigada por me livrar daqueles babacas.

Christian olha bravo para ela:

— Mia! Cuidado! Ela está dolorida.

— Ah! Desculpe.

— Estou bem — balbucio, aliviada quando ela me solta.

Ela parece bem. Impecavelmente vestida numa calça jeans preta e numa blusa de um cor-de-rosa claro com babados. Que bom que troquei de roupa, tendo colocado um confortável vestido transpassado e sapatos sem salto. Pelo menos tenho uma aparência apresentável.

Correndo para Christian, Mia passa o braço pela cintura dele.

Sem dizer nada, ele entrega a fotografia a Grace. Ela solta uma exclamação de surpresa e cobre a boca com a mão, tentando reprimir a emoção ao reconhecer Christian instantaneamente. Carrick passa o braço em volta dos ombros de Grace e também se põe a examinar a foto.

— Ah, querido. — Grace acaricia o rosto de Christian.

Taylor aparece, dizendo:

— Sr. Grey? A Srta. Kavanagh, o irmão dela e o seu irmão estão subindo, senhor.

Christian franze o cenho.

— Obrigado, Taylor — balbucia, confuso.

— Liguei para o Elliot e disse que estávamos vindo para cá. — Mia sorri. — É uma festa de boas-vindas.

Rapidamente lanço um olhar de solidariedade para meu pobre marido; tanto Grace quanto Carrick encaram Mia exasperados.

— Acho melhor providenciar algo para comermos — digo. — Mia, você pode me ajudar?

— Ah, eu adoraria.

Eu a levo rapidamente para a área da cozinha, enquanto Christian conduz os pais até seu escritório.

.

* * *

KATE ESTÁ APOPLÉTICA de indignação direcionada a mim e a Christian, mas principalmente a Jack e Elizabeth.

— O que é que você estava pensando, Ana? — grita ela quando me encontra na cozinha, atraindo os olhares de todas as pessoas presentes.

— Kate, por favor. Já ouvi esse mesmo sermão de todo mundo! — retruco rispidamente.

Ela me encara com ar de censura, e por um minuto tenho a impressão de que vou ter que me submeter a um sermão Kavanagh sobre como não sucumbir a sequestradores, mas, em vez disso, ela me abraça.

— Caramba, Steele… às vezes você esquece que tem cérebro — sussurra ela. E, quando me beija no rosto, vejo que seus olhos estão marejados. Kate! — Fiquei tão preocupada com você!

— Não chore. Senão eu choro junto.

Ela se afasta e enxuga os olhos, envergonhada; depois, inspira profundamente e se recompõe.

— Agora aos assuntos felizes: marcamos a data do casamento. Pensamos em maio. E claro que queremos você como madrinha.

— Ah… Kate… Uau. Parabéns! — Droga… Pontinho… Júnior!

— O que foi? — pergunta ela, interpretando mal a minha expressão preocupada.

— Hã… Estou muito feliz por você. Alguma notícia boa, afinal.

Passo os braços em volta de Kate e a puxo para um abraço. Merda, merda, merda. Quando o Pontinho deve nascer? Mentalmente calculo a data provável. A Dra. Greene disse que eu estava de quatro ou cinco semanas. Então… em algum momento de maio? Merda.

Elliot me passa uma taça de champanhe.

Ah. Merda.

Christian sai do escritório de tez pálida, e acompanha os pais até a sala. Seus olhos se arregalam quando ele vê a taça em minha mão.

— Kate — ele a cumprimenta, com frieza.

— Christian. — Ela é igualmente fria. Solto um suspiro.

— Seus remédios, Sra. Grey. — Ele está olhando para a taça em minha mão.

Estreito os olhos. Droga. Eu queria beber. Grace chega na cozinha sorrindo e pega uma taça oferecida por Elliot.

— Um golinho só não tem importância — sussurra ela, com uma piscadela conspiratória, e ergue a taça para brindar.

Christian encara a nós duas com expressão carrancuda, até que Elliot o distrai com as novidades sobre o último jogo entre os Mariners e os Rangers.

Carrick também se junta a nós e coloca os braços em volta dos nossos ombros. Grace beija seu rosto antes de sentar-se perto de Mia no sofá.

— Como ele está? — sussurro para Carrick enquanto nós estamos na cozinha observando a família recostada no sofá. Surpresa, noto que Mia e Ethan estão de mãos dadas.

— Abalado — sussurra Carrick, sua testa se enrugando e seu rosto sério. — Ele se lembra tanto da vida que levava com a mãe biológica… muitas coisas que eu até gostaria que ele esquecesse. Mas isso… — Ele faz uma pausa. — Espero que a gente tenha dado uma ajuda. Fico feliz de ele ter nos chamado. Ele disse que foi você que sugeriu. — Seu olhar se suaviza. Dou de ombros e tomo um gole bem pequeno de champanhe. — Você é muito boa para ele. Ele não ouve mais ninguém.

Franzo a testa. Não acho que isso seja verdade. O espectro inoportuno da Monstra Filha da Mãe ainda me assombra constantemente. Sei que Christian fala com Grace também. Eu ouvi. Mais uma vez, sinto uma breve frustração quando tento decifrar a conversa que eles tiveram no hospital, mas a lembrança me foge.

— Venha se sentar, Ana. Você parece cansada. Tenho certeza de que não esperava tanta gente aqui esta noite.

— É ótimo ver todo mundo.

Sorrio. Porque é verdade, é ótimo. Sou uma filha única que se agregou a uma família grande e gregária, e adoro isso. Eu me aconchego junto a Christian.

— Um gole só — diz ele, baixinho, e tira a taça da minha mão.

— Sim, senhor.

Pisco os cílios, desarmando-o completamente. Ele coloca o braço em volta dos meus ombros e volta à sua conversa sobre beisebol com Elliot e Ethan.

* * *

— MEUS PAIS PENSAM que você pode até caminhar sobre a água — murmura Christian enquanto tira a camiseta.

Estou aconchegada na cama assistindo ao espetáculo.

— Ainda bem que você sabe que não é verdade.

— Ah, não sei não. — Ele tira a calça jeans.

— Eles falaram algo de útil?

— Algumas coisas. Eu morei com os Collier durante dois meses, enquanto meus pais esperavam a papelada ficar pronta. Eles já tinham sido aprovados para adoção, por causa do Elliot, mas a lei exige um tempo de espera para ver se algum parente vivo quer reivindicar a guarda.