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Puta merda.

— E mesmo quando acabou, meu mundo continuou em foco por causa dela. E assim permaneceu até que eu encontrei você.

Que espécie de comentário devo fazer depois disso? Hesitante, ele põe uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Você fez meu mundo virar de cabeça para baixo. — Ele fecha os olhos, e, quando os abre novamente, vejo que estão tomados pela emoção. — Meu mundo era organizado, calmo e controlado. Aí você entrou na minha vida, com essa sua boca afiada, a sua inocência, a sua beleza e a sua coragem discreta… e todo o resto, tudo antes de você simplesmente ficou bobo, vazio, medíocre… nada.

Ai, meu Deus.

— Eu me apaixonei — sussurra ele.

Paro de respirar. Ele acaricia minha face.

— E eu também — murmuro, com o fio de respiração que ainda me resta.

Seus olhos se suavizam.

— Eu sei — diz ele sem produzir som, só mexendo os lábios.

— Você sabe?

— Sei.

Aleluia! Sorrio tímida.

— Finalmente — sussurro.

Ele aquiesce.

— E isso colocou tudo em perspectiva para mim. Quando eu era mais jovem, a Elena era o centro do meu mundo. Não havia nada que eu não fizesse por ela. E ela também fazia muito por mim. Ela me fez parar de beber. Fez com que eu me empenhasse nos estudos… Você sabe, ela me forneceu uma forma de lidar com o que acontecia à minha volta, algo que eu não tinha antes, e me permitiu experimentar coisas que eu nunca tinha imaginado fazer.

— Contato físico — digo.

Ele aquiesce.

— Em certo sentido.

Franzo o cenho, sem entender.

Ele hesita diante da minha reação.

Conte!, peço-lhe.

— Se você cresce com uma autoimagem inteiramente negativa, pensando que é algum tipo de rejeitado, um selvagem incapaz de ser amado, você acha que merece apanhar.

Christian… você não é nada disso.

Ele faz uma pausa e passa a mão no cabelo.

— Ana, é muito mais fácil lidar com a dor do lado de fora… — Novamente, trata-se de uma confissão.

Ah.

— Ela canalizou minha raiva. — Seus lábios se apertam em uma expressão triste. — Principalmente por dentro; agora eu percebo isso. O Dr. Flynn tem tocado nesse ponto já faz algum tempo. Mas há pouco eu enxerguei nossa relação pelo que era. Você sabe… no meu aniversário.

Estremeço quando me vem à mente a desagradável lembrança de Elena e Christian se digladiando verbalmente na festa de aniversário dele.

— Para ela, aquela parte do nosso relacionamento era uma questão de sexo e controle, uma mulher solitária encontrando algum tipo de conforto em seu menino de estimação.

— Mas você gosta de controle — murmuro.

— É. Eu gosto. Sempre vou gostar, Ana. Eu sou assim. Abri mão disso por um curto espaço de tempo. Deixei outra pessoa tomar as decisões por mim. Eu mesmo não conseguia fazer isso; não estava em condições. Mas, com a minha submissão a ela, eu me reencontrei, e descobri a força de que precisava para tomar as rédeas da minha vida… ter o controle e tomar minhas próprias decisões.

— Tornar-se um Dominador?

— Sim.

— Decisão sua?

— Sim.

— Abandonar Harvard?

— Foi decisão minha, e a melhor que já tomei na vida. Até conhecer você.

— Eu?

— É. — Seus lábios desenham um sorriso suave. — A melhor decisão que eu já tomei na vida foi me casar com você.

Ai, meu Deus.

— Não foi começar a sua empresa?

Ele balança a cabeça em negativa.

— Nem aprender a pilotar?

Ele balança a cabeça.

— Você — diz ele sem emitir som. Ele acaricia minha face com os nós dos dedos. — Ela sabia — murmura ele.

Franzo a testa.

— Sabia o quê?

— Que eu estava completamente apaixonado. Ela me incentivou a ir para a Geórgia ver você, e que bom que fez isso. Ela achou que você entraria em pânico e se afastaria. O que realmente aconteceu.

Empalideço. Prefiro não pensar no assunto.

— Ela achava que eu precisava de todos os subterfúgios do estilo de vida de que eu gostava.

— O Dominador? — murmuro.

Ele admite.

— Dessa forma eu podia evitar me relacionar de verdade com quem quer que fosse, e isso me dava controle e me mantinha livre: ou pelo menos eu pensava assim. Tenho certeza de que você já imaginou por quê — acrescenta suavemente.

— Sua mãe biológica?

— Eu não queria sofrer de novo. E foi aí que você me deixou. — Mal ouço suas palavras. — E eu fiquei um trapo.

Ah, não.

— Eu fugi da intimidade por tanto tempo… não sei como fazer isso.

— Você está se saindo muito bem — murmuro.

Desenho o contorno dos seus lábios com o indicador. Ele os franze na forma de um beijo. Você está me contando.

— Você sente falta? — sussurro.

— Falta de quê?

— Daquele estilo de vida.

— Sinto, sim.

Ah!

Mas só na medida em que sinto falta do controle que aquilo me dava. E sinceramente, a sua façanha estúpida — ele faz uma pausa — que salvou a minha irmã — murmura, suas palavras irradiando alívio, admiração e descrença. — É assim que eu sei.

— Sabe o quê?

— Realmente sei que você me ama.

Franzo a testa.

— Sabe mesmo?

— Sim, porque você arriscou tanto… por mim, pela minha família.

Enrugo ainda mais a testa. Ele se aproxima e passa o dedo entre as minhas sobrancelhas, acima do nariz.

— Aparece um V aqui quando você franze a testa. É bem gostoso de beijar. Eu às vezes me comporto tão mal… e ainda assim você continua aqui.

— Por que está surpreso de eu continuar aqui? Eu disse que não ia abandonar você.

— Por causa da minha reação quando você me contou que estava grávida. — Ele desce o dedo pelo meu rosto. — Você tinha razão. Eu sou um adolescente.

Ah, merda… Eu realmente disse isso. Meu inconsciente me olha com ar de censura. O médico dele disse isso!

— Christian, eu disse coisas horríveis.

Ele encosta o indicador nos meus lábios.

— Shh. Eu merecia ouvir. Além disso, estou lhe contando uma história. — Ele gira, deitando de costas novamente. — Quando você me disse que estava grávida… — Ele faz uma pausa. — Eu tinha pensado que seria só você e eu por um tempo. Eu tinha considerado a hipótese de uma criança, mas só de maneira abstrata. Eu tinha uma vaga ideia de um filho em algum momento no futuro.

Só um? Não… Não um filho único. Não como eu. Talvez não seja a melhor hora para eu tocar nesse assunto.

— Você ainda é tão jovem, e sei que é discretamente ambiciosa.

Ambiciosa? Eu?

— Bom, você me deixou sem chão. Nossa, aquilo me pegou de surpresa. Quando perguntei o que havia de errado, jamais, nem em um milhão de anos, eu imaginaria que você pudesse estar grávida. — Ele solta um suspiro. — Eu fiquei com tanta raiva… Raiva de você. De mim. De todo mundo. E isso me trouxe de volta aquela sensação de não ter nada sob o meu controle. Eu tinha que sair. Fui procurar o Flynn, mas ele estava ocupado, em um evento de associação de pais na escola. — Christian faz uma pausa e ergue uma sobrancelha.

— Que ironia — sussurro. Ele dá um sorriso, concordando.

— Então eu andei e andei e andei, e aí… me vi em frente ao salão. A Elena estava saindo. Ela ficou surpresa em me ver. E, verdade seja dita, também fiquei surpreso de estar naquele lugar. Ela percebeu que eu estava irritado e me convidou para beber alguma coisa.

Ah, merda. Direto ao ponto. Meu coração dispara. Será que eu realmente quero saber o que aconteceu? Meu inconsciente me censura com o olhar novamente, uma sobrancelha bem delineada erguida em sinal de alerta.