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— Se ela não tivesse dado em cima de você… vocês ainda seriam amigos?

— Isso é mais do que uma pergunta.

— Desculpe. Não precisa me responder. — Fico vermelha. — Você já se dispôs a contar muito mais do que eu jamais imaginei.

Seu olhar se suaviza.

— Não, acho que não, mas ela era uma questão não resolvida para mim desde o meu aniversário. Agora ela cruzou a linha, e acabou. Por favor, acredite. Não vou mais me encontrar com ela. Você disse que ela era um limite rígido para você. Esse é um termo que eu compreendo — responde ele, com sinceridade.

Tudo bem. Vou deixar esse assunto para trás. Meu inconsciente relaxa na cadeira. Finalmente!

— Boa noite, Christian. Obrigada pela história tão esclarecedora.

Eu me inclino para beijá-lo, e nossos lábios se tocam brevemente, mas ele recua quando tento intensificar o beijo.

— Não — murmura. — Estou desesperado para fazer amor com você.

— Então faça.

— Não, você precisa descansar, e está tarde. Vá dormir.

Ele apaga a luz da cabeceira, nos fazendo mergulhar na escuridão.

— Eu amo você incondicionalmente, Christian — murmuro, e me aconchego ao seu lado.

— Eu sei — sussurra ele, e posso sentir seu sorriso tímido.

Acordo com um sobressalto. A luz inunda o quarto, e Christian não está na cama. Olho para o relógio e vejo que são sete e cinquenta e três. Inspiro profundamente e estremeço, pois minhas costelas doem muito — embora não tanto quanto ontem. Acho que posso voltar ao trabalho. Trabalhosim. Quero ir trabalhar.

Hoje é segunda-feira, e ontem passei o dia todo de preguiça na cama. Christian me deixou sair apenas por pouco tempo, para ver Ray. Francamente, ele ainda é maníaco por controle. Sorrio com ternura. O meu maníaco por controle. Ele anda atencioso, amoroso e falante... e não me toca desde que voltei para casa. Faço cara feia. Vou ter que tomar uma atitude quanto a isso. Minha cabeça não incomoda mais, a dor em torno das costelas já aliviou — embora eu tenha que admitir que preciso tomar cuidado ao rir —, mas estou frustrada. Acho que nunca fiquei tanto tempo sem sexo desde... bem, desde a primeira vez.

Acho que nós dois recuperamos nosso equilíbrio. Christian está muito mais relaxado; a longa história que ele me contou parece ter servido para apaziguar alguns fantasmas, para ele e para mim. Vamos ver.

Tomo um banho rápido e, após me secar, passo a escolher cuidadosamente uma roupa. Procuro algo sensual. Algo que excite Christian a ponto de fazê-lo entrar em ação. Quem diria que um homem tão insaciável pudesse efetivamente exercer tanto autocontrole? Não faço questão de saber como Christian aprendeu a ter tanta disciplina em relação ao próprio corpo. Nós não falamos da Monstra Filha da Mãe nem mais uma vez depois da sua explosão confessional. Espero não voltar ao assunto. Para mim, ela está morta e enterrada.

Escolho uma saia preta quase indecente de tão curta e uma blusa branca de seda com babados. Visto meias sete oitavos com renda e meus scarpins pretos de salto alto Louboutin. Um pouco de rímel e brilho nos lábios para manter uma aparência natural e, após umas escovadas vigorosas, deixo meu cabelo solto. Pronto. Acho que assim está bom.

Christian está tomando o café da manhã no balcão. Sua garfada de omelete para a caminho da boca quando me vê. Ele franze o cenho.

— Bom dia, Sra. Grey. Vai a algum lugar?

— Trabalhar. — Sorrio docemente.

— Pois eu acho que não — diz Christian, com um deboche bem-humorado. — A Dra. Singh disse uma semana de descanso.

— Christian, eu não vou passar o dia inteiro deitada na cama sozinha. Então é melhor eu ir trabalhar. Bom dia, Gail.

— Sra. Grey. — A Sra. Jones tenta esconder o sorriso. — Gostaria de tomar o café da manhã?

— Sim, por favor.

— Granola?

— Prefiro ovos mexidos com torrada de pão integral.

Ela sorri, e a expressão de Christian deixa transparecer sua surpresa.

— Pois não, Sra. Grey — diz a Sra. Jones.

— Ana, você não vai trabalhar.

— Mas...

— Não. É simples assim. Não discuta.

Christian está inflexível. Eu o fuzilo com o olhar, e só então reparo que ele ainda está com a calça do pijama e a camiseta que usou para dormir.

— Você não vai trabalhar? — pergunto.

— Não.

Será que estou ficando maluca?

Hoje é segunda-feira, não é?

Ele sorri.

— Da última vez que eu olhei, era.

Eu semicerro os olhos.

— Vai fugir do trabalho hoje?

— Não vou deixar você aqui sozinha para se meter em alguma enrascada. E a Dra. Singh disse que só daqui a uma semana você poderia voltar ao trabalho. Lembra?

Sento-me num banco ao lado dele e levanto a saia um pouco. A Sra. Jones coloca uma xícara de chá na minha frente.

— Você está com uma aparência boa — diz Christian. Cruzo as pernas. — Muito boa. Principalmente aqui. — Com o dedo, ele traça uma linha sobre a faixa de pele que aparece acima da minha meia. Minha pulsação acelera quando o sinto tocar minha pele. — Essa saia é muito curta — murmura ele, os olhos seguindo seu dedo, a voz denotando uma leve reprovação.

— É mesmo? Não tinha reparado.

Christian me fita com a boca retorcida num riso de irritação e divertimento ao mesmo tempo.

— Verdade, Sra. Grey?

Fico vermelha.

— Não sei se esse traje é adequado para o ambiente de trabalho — murmura ele.

— Bom, já que eu não vou trabalhar, isso é discutível.

— Discutível?

— Discutível. — Articulo as sílabas em silêncio.

Ele sorri novamente e volta a comer sua omelete.

— Tenho uma ideia melhor.

— Você tem?

Ele me fita com os olhos semicerrados, seu olhar cinzento escurecendo. Eu inspiro com força. Ah, meu Deus. Já não era sem tempo.

— Podemos ir ver o que o Elliot está aprontando na reforma da casa.

O quê? Ah! Que sacanagem! Lembro vagamente que estávamos para fazer isso antes de Ray sofrer o acidente.

— Eu adoraria.

— Ótimo. — Ele ri.

— Você não tem que ir trabalhar?

— Não. Ros já voltou de Taiwan. Tudo correu bem. Hoje está tudo em seus devidos lugares.

— Pensei que você é que iria a Taiwan.

Ele emite um som rouco.

— Ana, você estava no hospital.

— Ah.

— Isso mesmo: ah. Então hoje eu vou aproveitar e passar um tempo com a minha esposa. — Ele estala os lábios após tomar um gole de café.

— Aproveitar... comigo? — Não consigo disfarçar a esperança na voz.

A Sra. Jones coloca os ovos mexidos na minha frente, novamente mal disfarçando o sorriso.

Christian sorri.

— Aproveitar com você — anui ele.

Estou com tanta fome que paro de flertar com o meu marido.

— É bom ver você comer — murmura ele. Então se levanta e se inclina para beijar minha cabeça. — Vou tomar um banho.

— Hmm... posso ir junto para esfregar as suas costas? — pergunto, com a boca cheia de torrada e ovos mexidos.

— Não. Coma.

Ao se afastar do balcão, Christian tira a camiseta, oferecendo-me uma bela visão de seus ombros esculpidos e de suas costas nuas enquanto sai tranquilamente do salão. Paro de mastigar por um instante. Ele está fazendo isso de propósito. Por quê?

* * *

CHRISTIAN ESTÁ RELAXADO na Drive North. Acabamos de deixar Ray e o Sr. Rodriguez assistindo a um jogo de futebol na nova televisão de tela plana que desconfio ter sido comprada por Christian para o quarto de Ray no hospital.