Lembro-me da alegria de Christian em Londres, quando ele descobriu que, durante a única reunião a que ele deveria comparecer, eu havia raspado completamente meus pelos pubianos, só por curiosidade. Claro que eu não tinha alcançado os altos padrões do Sr. Exigente…
— O que foi que você fez? — exclama Christian.
Ele não consegue esconder que está horrorizado, embora ache engraçado. Senta-se na cama da nossa suíte no hotel Brown’s, perto de Piccadilly, acende a luz do abajur e me olha fixamente, boquiaberto. Deve ser meia-noite. Fico tão vermelha quanto o feltro que cobre as mesas do quarto de jogos, e tento puxar minha camisola de seda para baixo, para que ele não possa ver. Ele pega minha mão para me impedir.
— Ana!
— Eu… hmm… raspei.
— Isso eu posso ver. Por quê? — Ele está sorrindo de orelha a orelha.
Cubro o rosto com as mãos. Por que estou com tanta vergonha?
— Ei — diz ele suavemente, e puxa minha mão para longe. — Não esconda. — Ele está mordendo o lábio para não rir. — Diga. Por quê?
Seus olhos dançam de alegria. Por que ele está achando isso tão engraçado?
— Pare de rir de mim.
— Não estou rindo de você. Desculpe. Estou… encantado.
— Ah…
— Vamos, diga. Por quê?
Respiro fundo.
— Hoje de manhã, depois que você saiu para a reunião, eu estava tomando banho e fiquei me lembrando de todas as suas regras.
Ele não diz nada. O bom humor na sua expressão desaparece e ele me olha com cautela.
— E eu vi que já tinha cumprido quase todas, e pensei também em como eu me sentia a respeito disso; então me lembrei do salão de beleza e pensei… que você podia gostar. Não tive coragem suficiente para depilar. — Minha voz diminuiu até tornar-se um suspiro.
Ele me fita, os olhos brilhando — dessa vez não por achar graça da minha loucura, mas cheios de amor.
— Ah, Ana — suspira Christian. Ele se inclina e me dá um beijo terno. — Você me encanta — sussurra contra minha boca, e me beija de novo, segurando meu rosto com as mãos.
Depois de um momento sem fôlego, ele levanta o corpo e se apoia em um cotovelo. Seu bom humor está de volta.
— Acho que tenho que fazer uma inspeção minuciosa no seu trabalho manual, Sra. Grey.
— O quê? Não.
Ele só pode estar de brincadeira! Eu me cubro, protegendo minha área recém-desmatada.
— Ah, não faça isso, Anastasia.
Ele pega minhas mãos e as afasta, movendo-se agilmente de modo a ficar entre minhas pernas e a prender minhas mãos dos lados. Então me lança um olhar ardente, que poderia causar sérios incêndios, mas, antes que eu arda em chamas, ele desliza os lábios desde a minha barriga descoberta até meu sexo. Eu me contorço embaixo dele, relutantemente conformada com meu destino.
— Ora, o que temos aqui?
Christian dá um beijo onde, até essa manhã, havia pelos pubianos, e então passa na minha pele seu queixo áspero de barba por fazer.
— Ah! — exclamo.
Uau… isso mexe comigo.
Seus olhos buscam os meus, cheios de desejo obsceno.
— Acho que faltou um pedacinho — murmura ele, e puxa gentilmente a minha pele, expondo uma reentrância.
— Ah… droga — exclamo, torcendo para que isso dê um fim ao exame francamente intrusivo que ele está fazendo.
— Tenho uma ideia.
Ele salta nu da cama e vai até o banheiro.
O que será que ele está fazendo? Ele volta instantes depois, trazendo um copo d’água, uma caneca, meu barbeador, seu pincel de barba, um sabonete e uma toalha. Coloca a água, o pincel, o sabonete e o barbeador na mesa de cabeceira e me olha fixamente, segurando a toalha.
Ah, não! Meu inconsciente atira com força para o lado as Obras completas de Charles Dickens, levanta-se da poltrona e coloca as mãos na cintura.
— Não. Não. Não — protesto, minha voz em tom agudo.
— Sra. Grey, se é para fazer um trabalho, então que seja bem-feito. Levante os quadris. — Seus olhos brilham como uma tempestade de verão.
— Christian! Você não vai me raspar.
Ele inclina a cabeça para o lado.
— Por que não?
Eu fico vermelha… Não é óbvio o porquê?
— Porque… é tão…
— Íntimo? — sussurra ele. — Ana, intimidade é o que eu mais quero ter com você, e você sabe disso. Além do mais, depois de certas coisas que já fizemos, não venha dar uma de tímida comigo. Eu conheço essa parte do seu corpo melhor do que você.
Olho embasbacada para ele. Tão arrogante… É verdade, ele a conhece muito bem — mas mesmo assim…
— Isso é estranho! — Minha voz soa afetada e aguda.
— Não é estranho; é excitante.
Excitante? Jura?
— Isso excita você? — Não consigo esconder a perplexidade na minha voz.
Ele solta um suspiro irritado.
— Não está vendo que sim? — E dá uma olhadela para o próprio membro. — Eu quero raspar você — sussurra.
Ah, que se dane. Eu me deito, cobrindo o rosto com o braço para não ter que assistir à cena.
— Se isso o faz feliz, Christian, vá em frente. Você é tão excêntrico — resmungo, ao mesmo tempo que levanto os quadris, e ele coloca a toalha embaixo, depois dá um beijo na parte interna da minha coxa.
— Ah, baby, você tem toda a razão.
Ouço o barulho da água quando ele mergulha o pincel de barba no copo, e depois a suave torção do pincel na caneca. Ele pega meu tornozelo esquerdo e abre minhas pernas, e a cama afunda um pouco quando ele se senta entre elas.
— Eu queria mesmo amarrar você agora — murmura ele.
— Prometo ficar parada.
— Ótimo.
Dou um suspiro quando ele passa o pincel cheio de espuma na região que cobre meu osso púbico. Está morno. A água no copo deve estar quente. Eu me contorço um pouco. Faz cócegas… Mas é gostoso.
— Não se mexa — repreende-me Christian, e passa o pincel de novo. — Ou eu amarro mesmo você — acrescenta, sombriamente, e um arrepio delicioso percorre minha coluna.
— Você já fez isso antes? — pergunto hesitante quando ele pega a lâmina de barbear.
— Não.
— Ah. Que bom. — Dou um sorriso amarelo.
— Mais uma primeira vez, Sra. Grey.
— Hmm. Eu gosto de primeiras vezes.
— Eu também. Lá vai. — E, com uma delicadeza que me surpreende, ele passa a lâmina por minha pele sensível. — Fique parada — repete, distraidamente, e sei que ele está na verdade muito concentrado.
Em questão de minutos ele pega a toalha e tira o excesso de espuma.
— Pronto. Assim está melhor — conclui, e eu finalmente tiro o braço do rosto para fitá-lo: ele afasta o corpo, para admirar seu trabalho.
— Satisfeito? — pergunto, a voz rouca.
— Muito.
Ele abre um sorriso maldoso e lentamente começa a enfiar um dedo em mim.
— Mas aquilo foi divertido — diz Christian, com olhos de zombaria.
— Para você, talvez.
Tento fazer beicinho. Mas ele tem razão… foi… excitante.
— Vou ter que lembrar a você que o que fizemos depois foi bastante satisfatório.
Christian volta a se barbear. Olho rapidamente para baixo. Ah, sim, foi bastante satisfatório. Eu não tinha ideia de que a ausência de pelos pubianos pudesse fazer tanta diferença.
— Ei, estou apenas implicando com você. Não é assim que fazem os maridos desesperadamente apaixonados por suas esposas?
Christian ergue meu queixo e me fita, os olhos subitamente cheios de ansiedade, e tenta decifrar minha expressão.
Hmm… Hora da vingança.
— Sente-se — murmuro.
Ele me olha sem entender. Empurro-o suavemente para o tamborete branco do banheiro. Perplexo, ele se senta e eu tiro a lâmina de barbear da sua mão.