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Christian tem andado mais calmo desde “a conversa”. É como se ele tivesse tirado um grande peso de cima dos próprios ombros. A sombra da Mrs. Robinson não está mais tão presente entre nós; talvez por eu ter decidido não me preocupar mais... ou então por ele ter decidido assim — não sei dizer. Eu agora me sinto mais próxima dele do que jamais me senti. Talvez porque ele finalmente confiou em mim. Espero que continue a confiar. Além disso, ele está aceitando melhor a vinda do bebê. Ainda não saiu para comprar um berço, mas tenho grandes expectativas.

Eu o contemplo, devorando-o com os olhos enquanto ele dirige. Ele tem o ar descontraído, tranquilo… e sensual, com o cabelo despenteado, óculos Ray-ban, paletó listrado, camisa de linho branco e calça jeans.

Ele me olha e aperta minha perna logo acima do joelho, seus dedos me acariciando delicadamente.

— Que bom que você não mudou de roupa.

Na verdade, eu vesti uma jaqueta jeans e troquei os sapatos por outros sem saltos, mas continuo de minissaia. Seus dedos descansam sobre meu joelho. Coloco a mão sobre a dele.

— Você vai continuar me provocando?

— Talvez. — Christian sorri.

— Por quê?

— Porque sim. — Ele alarga o sorriso, mais infantil do que nunca.

— Olhe que eu posso pagar na mesma moeda — murmuro.

Seus dedos se movem provocativamente por cima da minha coxa.

— Vá em frente, Sra. Grey. — Seu sorriso se amplia ainda mais.

Pego sua mão e a coloco de volta sobre seu joelho.

— Bom, segure essas mãos nervosas.

Ele ri.

— Como quiser, Sra. Grey.

Droga. Desse jeito, meu tiro vai sair pela culatra.

* * *

CHRISTIAN PARA NA entrada para carros da nossa casa nova. Ele estaciona junto ao teclado numérico e digita um número; os portões de ferro branco trabalhado se abrem. Subimos a alameda ladeada de árvores, sob uma cobertura de folhas mescladas de verde, amarelo e cobre. A grama alta da campina já está ficando com tons dourados, mas ainda há algumas flores silvestres amarelas pincelando a relva. O dia está bonito. O sol brilha no céu e o cheiro acre e salgado do canal se mistura com o aroma do outono vindouro no ar. É um lugar tranquilo. E pensar que vamos construir nosso lar aqui!

A alameda faz uma curva e adiante surge nossa casa. Estacionados na frente estão vários grandes caminhões com o logotipo da Grey Construction gravado nas laterais. A casa está coberta de andaimes, onde trabalham diversos operários com capacetes de obra.

Christian para o carro em frente ao pórtico e desliga o motor. Posso sentir seu entusiasmo.

— Vamos procurar o Elliot.

— Ele está aqui?

— Espero que sim. Pelo que ele está recebendo...

Solto um resmungo de desdém, e Christian ri ao sairmos do carro.

— E aí, mano! — grita Elliot de algum lugar desconhecido. Ambos olhamos em volta. — Aqui em cima! — Ele está no telhado, acenando para nós e sorrindo de orelha a orelha. — Já era hora de vocês darem uma passada por aqui. Fiquem aí mesmo. Estou descendo.

Dou uma olhada para Christian, que dá de ombros. Alguns minutos depois, Elliot aparece na porta da frente.

— E aí, mano. — Ele aperta a mão de Christian. — E como vai você, senhorinha? — Ele me levanta e me gira no ar.

— Melhor, obrigada. — Dou uma risadinha sem ar, minhas costelas protestando. Christian olha zangado para o irmão, mas Elliot o ignora.

— Vamos para o escritório. Vocês vão precisar disso aqui. — E dá tapinhas no capacete.

* * *

A CASA É APENAS o esqueleto. O piso está coberto com um material duro e fibroso que parece aniagem; algumas das paredes originais desapareceram, substituídas por outras. Elliot nos conduz pelo local, explicando o que está acontecendo, enquanto os operários — e algumas operárias — trabalham por toda parte ao nosso redor. Fico aliviada ao ver que a escada de pedra, com sua intricada balaustrada de ferro, permanece no mesmo lugar, inteiramente coberta por capas de proteção brancas.

Na sala de estar principal, a parede dos fundos foi removida para dar lugar à parede de vidro proposta por Gia, e o terraço está começando a ser alterado. Apesar da bagunça, a vista ainda é estonteante. O novo visual da reforma é harmonioso, combinando com o charme antigo da casa… Gia fez um bom trabalho. Elliot explica pacientemente os passos da obra e nos dá uma estimativa de tempo para cada parte. Ele espera que possamos estar instalados até o Natal, embora Christian considere esse prazo excessivamente otimista.

Puxa vida — passar o Natal com vista para o Canal. Mal posso esperar. Uma onda de entusiasmo se forma dentro de mim. Vejo a nós dois enfeitando uma árvore enorme, enquanto um menininho de cabelo acobreado nos observa maravilhado.

Elliot termina a excursão pela cozinha.

— Vou deixar vocês dois livres para andar por aí. Cuidado. Estamos num canteiro de obras.

— Claro. Obrigado, Elliot — murmura Christian, pegando a minha mão. — Feliz? — ele me pergunta quando nos vemos sozinhos. Estou olhando para a estrutura do cômodo e imaginando onde vou pendurar os quadros de pimenta que compramos na França.

— Muito. Adorei. E você?

— Idem. — Ele sorri.

— Ótimo. Eu estava pensando nos quadros de pimenta aqui.

Christian aquiesce.

— Quero colocar nesta casa as suas fotos que o José tirou. Você tem que decidir onde.

Fico vermelha.

— Em algum lugar onde eu não precise vê-las sempre.

— Não fale assim — repreende-me ele, esfregando o polegar no meu lábio inferior. — São os meus quadros prediletos. Adoro o que está no meu escritório.

— Não sei por quê — murmuro, e beijo seu polegar.

— Tem coisas piores para se fazer do que ficar olhando o seu lindo rosto sorridente o dia inteiro. Está com fome?

— Fome de quê? — sussurro.

Ele dá um sorriso malicioso, seus olhos escurecendo. Desejo e esperança começam a correr em minhas veias.

— De comida, Sra. Grey. — E ele pousa um beijo suave na minha boca.

Faço cara de zangada e solto um suspiro.

— Estou. Ultimamente eu ando sempre com fome.

— Podemos fazer um piquenique, nós três.

— Nós três? Alguém mais está vindo?

Christian inclina a cabeça para o lado.

— Daqui a uns sete ou oito meses.

Ah… Pontinho. Abro um sorriso bobo para ele.

— Achei que você fosse gostar de comer ao ar livre.

— Na campina? — indago.

Ele faz que sim.

— Claro. — Sorrio.

— Este vai ser um excelente lugar para se criar uma família — murmura ele, me olhando.

Família! Mais de um? Será que me atrevo a mencionar isso agora?

Christian estende os dedos sobre a minha barriga. Puta merda. Prendo a respiração e coloco minha mão sobre a dele.

— É difícil de acreditar — sussurra ele, e pela primeira vez percebo fascinação em sua voz.

— Eu sei. Ah! Aqui. Tenho uma prova. Uma foto.

— Você tem? O primeiro sorriso do bebê?

Tiro da carteira a ultrassonografia do Pontinho.

— Está vendo?

Christian examina a imagem atentamente, olhando por vários segundos.

— Ah… Pontinho. Claro, estou vendo. — Ele parece distante, admirado.

— Seu filho — sussurro.

— Nosso filho — corrige-me ele.

— O primeiro de muitos.

— Muitos? — Ele arregala os olhos de susto.

— Pelo menos dois.

— Dois? — Ele pronuncia a palavra com cautela. — Não podemos pensar em uma criança de cada vez?

Eu sorrio.

— Claro.

Saímos novamente, voltando à quente tarde de outono.

— Quando você vai contar para os seus pais?

— Logo — murmuro. — Pensei em contar ao Ray hoje de manhã, mas o Sr. Rodriguez estava lá. — Dou de ombros.