Christian aquiesce e abre a capota do R8. Lá dentro há uma cesta de piquenique e a toalha xadrez que compramos em Londres.
— Venha — diz ele, segurando a cesta e a toalha com uma das mãos e estendendo a outra na minha direção. Juntos caminhamos até a campina.
* * *
— CLARO, ROS, pode providenciar.
Christian desliga. É o terceiro telefonema durante o nosso piquenique. Ele chutou para longe os sapatos e as meias e agora está me observando, os braços sobre os joelhos dobrados. Seu paletó está jogado sobre a minha jaqueta, por causa do sol quente. Estou deitada a seu lado, estirada na toalha de piquenique, nós dois rodeados pela grama alta verde e dourada, longe do barulho da casa e fora do alcance dos olhos curiosos dos operários. Estamos em nosso refúgio bucólico. Ele me dá na boca mais um morango, que eu mastigo com prazer, fitando seus olhos, que começam a escurecer.
— Gostoso? — sussurra ele.
— Muito.
— Saciada?
— De morangos, já.
Seus olhos reluzem perigosamente, e ele sorri com malícia.
— A Sra. Jones prepara um piquenique de primeira — diz.
— Ah, isso é — sussurro.
Subitamente mudando de posição, ele se deita de forma a descansar a cabeça na minha barriga. Fecha os olhos e parece satisfeito. Enfio os dedos no seu cabelo.
Ele solta um suspiro pesado, depois franze o rosto e verifica o número que aparece na tela do seu BlackBerry. Revirando os olhos, atende a ligação.
— Welch — fala rápido. Ele se enrijece, ouve por um ou dois segundos e de repente se ergue de um salto.
— Dia e noite… Obrigado — diz entre os dentes, e desliga.
A metamorfose em seu estado de espírito é instantânea. Adeus ao meu marido provocante e galanteador, que foi substituído por um frio e calculista mestre do universo. Ele estreita os olhos por um momento e depois me dirige um sorriso frio e assustador. Sinto um calafrio na espinha. Christian pega o BlackBerry e pressiona um número de discagem rápida.
— Ros, quantas ações da Madeireira Lincoln nós temos? — Ele se ajoelha.
Meu couro cabeludo começa a pinicar. Ah, não, o que é isso?
— Então, incorpore as ações à GEH e demita a diretoria… menos o CEO… Não me interessa… Já ouvi você, agora faça o que estou mandando… Obrigado… Mantenha-me informado. — Ele desliga e me olha impassível por um instante.
Puta merda! Christian está furioso.
— O que aconteceu?
— Linc — murmura ele.
— Linc? O ex da Elena?
— Ele mesmo. Foi ele quem pagou a fiança do Hyde.
Olho para ele boquiaberta; estou chocada. Ele pressiona com força os lábios.
— Bom… ele vai parecer um idiota — murmuro, abismada. — Afinal, o Hyde cometeu outro crime depois que foi solto.
Os olhos de Christian se estreitam, e ele sorri.
— Muito bem colocado, Sra. Grey.
— O que você acabou de fazer? — Eu me ajoelho, encarando-o.
— Acabei de foder com ele.
Ah!
— Hmm… isso parece um pouco impulsivo — murmuro.
— Sou um cara que age na empolgação do momento.
— Sei bem disso.
Seus olhos se estreitam e seus lábios se apertam.
— Eu tinha esse plano na manga já faz algum tempo — diz ele secamente.
Franzo a testa.
— É?
Ele faz uma pausa, parecendo pesar algo mentalmente, e depois respira fundo.
— Um tempo atrás, quando eu tinha vinte e um anos, Linc encheu a mulher de porrada. Quebrou o maxilar dela, o braço esquerdo e quatro costelas, porque ela estava transando comigo. — Seus olhos endurecem. — E agora eu descobri que ele pagou a fiança de um homem que tentou me matar, sequestrou a minha irmã e fraturou o crânio da minha esposa. Já chega. Acho que é hora de dar o troco.
Fico lívida. Puta merda.
— Muito bem colocado, Sr. Grey — sussurro.
— Ana, é assim que eu ajo. Normalmente não sou vingativo, mas não posso deixar o Linc se safar dessa vez. O que ele fez com a Elena… Bom, ela devia ter dado queixa, mas não. Preferiu assim.
Ele continua: Mas ele realmente ultrapassou todos os limites com o Hyde. O Linc tornou tudo isso pessoal quando começou a perseguir a minha família. Vou acabar com ele, fazer a sua empresa quebrar bem debaixo do nariz dele e vender as partes para quem der a maior oferta. Vou fazer com que ele peça falência.
Puxa…
— Além disso — Christian ri afetadamente —, vamos faturar um bom dinheiro com o negócio.
Os olhos que eu encaro são cinzentos e estão em chamas, mas subitamente se suavizam.
— Eu não queria assustar você — sussurra ele.
— Você não me assustou — minto.
Ele levanta uma sobrancelha, achando graça.
— Você só me pegou de surpresa — murmuro, e depois engulo em seco. Christian às vezes é bem assustador.
Ele roça os lábios nos meus.
— Vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para manter você segura. Para manter a minha família segura. Para deixar este menininho em segurança — murmura ele, e estende a mão sobre a minha barriga, acariciando delicadamente.
Ah… Minha respiração fica suspensa. Christian me encara, os olhos escurecendo. Seus lábios se abrem quando ele inspira e, em um movimento deliberado, as pontas dos seus dedos roçam meu sexo.
Puta merda. O desejo detona como um dispositivo incendiário, ardendo nas minhas veias. Agarro sua cabeça, meus dedos se enfiando no seu cabelo, e o puxo forte até minha boca encontrar a dele. Ele leva um susto, surpreso com meu ataque, e dá livre acesso à minha língua dentro de sua boca. Ele geme e retribui meu beijo, seus lábios e sua língua famintos pelos meus, e durante um instante nós consumimos um ao outro, perdidos em línguas, lábios e respirações e a sensação mais do que doce de redescobrir um ao outro.
Ah, eu quero esse homem. Já faz muito tempo. E o quero aqui, agora, ao ar livre, na nossa campina.
— Ana — fala ele, sem fôlego, em êxtase, e sua mão desliza pela lateral do meu corpo até a bainha da minha saia. Eu me contorço para desabotoar a camisa dele, e sou só dedos e polegares. — Uau, Ana… pare. — Ele se afasta, o maxilar contraído, e agarra as minhas mãos.
— Não. — Meus dentes prendem seu lábio inferior, e eu puxo. — Não — murmuro novamente, encarando-o. Eu o solto. — Quero você.
Ele inspira profundamente. Está dividido, a indecisão estampada em seus luminosos olhos cinzentos.
— Por favor, eu preciso de você. — Todos os poros do meu ser suplicam. É isso o que fazemos.
Ele geme, capitulando, e sua boca encontra a minha, moldando meus lábios junto aos seus. Uma das mãos agarra a minha cabeça enquanto a outra desliza pelo meu corpo até a minha cintura, e cuidadosamente ele me faz deitar de costas e se deita também, ao meu lado, sem jamais desfazer o contato com a minha boca.
Ele se afasta e ergue o torso, olhando-me fixamente de cima.
— Você é tão linda, Sra. Grey.
Acaricio seu lindo rosto.
— Você também, Sr. Grey. Por dentro e por fora.
Ele franze o cenho, e meus dedos traçam uma linha nas rugas formadas em sua testa.
— Não faça essa cara. Para mim, você é lindo sim, mesmo quando está zangado — sussurro.
Ele geme mais uma vez, e sua boca se prende à minha, empurrando-me para o gramado macio por baixo da toalha.
— Senti sua falta — murmura ele, e seus dentes arranham de leve o meu queixo. Meu coração dispara.
— Também senti sua falta. Ah, Christian.
Seguro seu cabelo com força, e com a outra mão aperto seu ombro.
Seus lábios descem até o meu pescoço, deixando beijos doces no caminho, e seus dedos também agem, desabotoando minha blusa com destreza, de cima a baixo. Abrindo-a com avidez, Christian beija a curva macia dos meus seios. Ele solta murmúrios de apreciação, sons baixos e guturais, que ecoam dentro do meu corpo até os locais mais íntimos e profundos.