Eu realmente poderia cuidar de você.
Merda, de onde veio isso? Mas, pensando bem, estou mesmo precisando de uma nova submissa. Já faz... o quê?... dois meses desde Susannah? E aqui estou eu, salivando por essa garota de cabelo castanho. Tento um sorriso e concordo com ela. Não há nada de errado com o consumo — afinal, é ele que conduz o que sobrou da economia americana.
— O senhor foi adotado. Até que ponto acha que isso moldou sua maneira de ser?
O que isso tem a ver com o preço do petróleo, cacete? Faço cara de desgosto. Que pergunta ridícula. Se eu tivesse ficado com a prostituta drogada, provavelmente estaria morto. Dou uma resposta vaga, tentando não alterar o tom da minha voz, mas ela insiste, perguntando quantos anos eu tinha quando fui adotado. Cale a boca dessa garota, Grey!
— Isso é assunto de domínio público, Srta. Steele. — Minha voz é glacial. Ela deveria saber isso. Agora parece arrependida. Ótimo.
— O senhor teve que sacrificar a vida familiar por causa do trabalho.
— Isso não é uma pergunta — retruco rispidamente.
Ela enrubesce de novo e morde aquele maldito lábio. Mas tem a delicadeza de se desculpar.
— O senhor teve que sacrificar a família por causa do trabalho?
Que me importa a porra de uma família?
— Eu tenho uma família. Tenho um irmão, uma irmã e pais amorosos. Não tenho interesse em expandir minha família além desse ponto.
— O senhor é gay, Sr. Grey?
Que merda é essa?! Não acredito que ela tenha dito isso em voz alta! A pergunta que minha própria família não ousa, para meu divertimento. Como ela ousa! Tenho que lutar contra a vontade de arrastá-la para fora da cadeira, colocá-la de costas sobre os meus joelhos e arrancar seu couro, e então trepar com ela em cima da minha mesa, com as suas mãos amarradas com força às costas. Isso responderia à pergunta. Como pode esta mulher ser tão frustrante? Respiro fundo para me acalmar. Para meu deleite vingativo, ela parece bastante constrangida com a própria pergunta.
— Não, Anastasia, não sou. — Arqueio as sobrancelhas, mas mantenho a expressão impassível. Anastasia. É um bonito nome. Gosto da maneira como a minha língua se dobra para pronunciá-lo.
— Peço desculpas. Está... hum... escrito aqui. — Nervosa, ela coloca o cabelo atrás da orelha.
Ela não conhece as próprias perguntas? Talvez não tenham sido escritas por ela. Eu lhe questiono isso, e ela fica branca. Puta merda, é uma menina realmente muito atraente, só um pouco apagada. Eu iria mais longe, até: diria que ela é linda.
— Hmm... não. Kate... A Srta. Kavanagh. Ela compilou as perguntas.
— Vocês são colegas no jornal dos alunos?
— Não. Eu divido o apartamento com ela.
Não é de se admirar que esteja tão atrapalhada. Coço o queixo, pensando se devo ou não deixar as coisas bem piores para ela.
— Você se ofereceu para fazer esta entrevista? — indago, e sou recompensado com um olhar submisso: olhos bem abertos, temendo a minha reação. Gosto do efeito que provoco nela.
— Fui convocada. Ela está passando mal — diz, suavemente.
— Isso explica muita coisa.
Alguém bate à porta e Andrea aparece.
— Sr. Grey, desculpe interromper, mas a próxima reunião é em dois minutos.
— Ainda não terminamos aqui, Andrea. Por favor, cancele a próxima reunião.
Andrea olha pasma para mim. Eu a encaro. Fora! Agora! Estou ocupado com a pequena Srta. Steele aqui. Andrea fica rubra, mas se recompõe rapidamente.
— Está bem, Sr. Grey — diz ela, e, virando-se, sai da sala.
Volto minhas atenções para essa criatura intrigante e frustrante no meu sofá.
— Onde estávamos, Srta. Steele?
— Por favor, não quero incomodá-lo.
Ah, não, baby. É a minha vez agora. Quero saber se existem segredos escondidos atrás desses lindos olhos.
— Quero saber sobre você. Acho que é muito justo.
Quando me inclino para trás e pressiono os lábios com os dedos, seus olhos se voltam para minha boca e ela engole em seco. Ah, sim — o efeito usual. E é gratificante saber que ela não está completamente alheia aos meus encantos.
— Não há muito que saber — diz ela, o rubor voltando. Eu a estou intimidando. Ótimo.
— Quais são seus planos para depois que se formar?
Ela dá de ombros.
— Não fiz planos, Sr. Grey. Só preciso passar nas provas finais.
— Temos um excelente programa de estágios aqui.
Cacete. O que deu em mim para falar isso? Estou quebrando uma regra de ouro — nunca, nunca transar com alguém do trabalho. Mas, Grey, você não está transando com essa garota. Ela parece surpresa, e seus dentes se enterram no lábio inferior novamente. Por que isso é tão excitante?
— Ah. Vou me lembrar disso — balbucia ela. Então, pensando melhor, acrescenta: — Apesar de não ter certeza se me encaixaria aqui.
Ora essa, e por que não? O que tem de errado com a minha empresa?
— Por que diz isso? — pergunto.
— É óbvio, não é?
— Não para mim. — Fico confuso com a sua resposta.
Ela se afoba de novo ao pegar o gravador. Merda, ela está indo embora. Mentalmente, repasso minha agenda para esta tarde — nada que não possa esperar.
— Gostaria que eu a levasse para conhecer a empresa?
— Tenho certeza de que o senhor é ocupado demais, Sr. Grey, e tenho uma longa viagem pela frente.
— Vai voltar dirigindo para Vancouver? — Olho para fora da janela. É longe à beça, e está chovendo. Merda. Ela não deveria dirigir com esse tempo, mas não posso proibi-la. Pensar nisso me irrita. — Bem, seria melhor dirigir com cuidado. — Minha voz é mais severa do que eu pretendia.
Ela quer ir embora, e, por alguma razão que não sei explicar, não quero que ela se vá.
— Conseguiu tudo de que precisava? — acrescento, em um nítido esforço para fazê-la ficar mais.
— Sim, senhor — responde ela calmamente.
Sua resposta me derruba — a maneira como essas palavras soam, saindo daquela boca inteligente —, e rapidamente imagino aquela boca à minha disposição.
— Obrigada pela entrevista, Sr. Grey.
— O prazer foi meu — respondo.
E é verdade, porque faz muito tempo que não fico fascinado assim por alguém. Esse pensamento me perturba.
Ela se levanta e eu estendo a mão, ansioso para tocá-la.
— Até a próxima, Srta. Steele. — Minha voz é baixa; ela coloca sua pequena mão na minha.
Sim, eu quero chicotear e comer essa garota no quarto de jogos. Tê-la aprisionada e ávida... precisando de mim, confiando em mim. Engulo em seco. Isso não vai acontecer, Grey.
— Sr. Grey. — Ela acena com a cabeça e recolhe logo a mão... rápido demais.
Merda, não posso deixar que ela se vá assim. É evidente que está desesperada para sair daqui. Irritação e inspiração me atingem simultaneamente enquanto a vejo sair.
— Só estou garantindo que passe pela porta, Srta. Steele.
Ela fica corada no ato, seu delicioso tom de rosa.
— É muita consideração sua, Sr. Grey — retruca ela.
A Srta. Steele sabe ser poderosa! Dou um sorriso enquanto ela sai, e então a sigo. Tanto Andrea como Olivia me olham em choque. Sim, sim. Estou apenas levando a garota até a saída.
— Você veio de casaco? — pergunto.
— De jaqueta.
Faço cara feia para Olivia, que tem um sorriso bobo no rosto, e ela imediatamente se levanta de um salto para apanhar uma jaqueta azul-marinho. Eu a pego das mãos dela e a olho fixamente, impelindo-a a se sentar. Por Deus, Olivia é irritante — cercando-me o tempo todo.