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— Só os chupões é que me incomodam — sussurro. — Todo o resto… o que você fez — abaixo a voz ainda mais — com as algemas, eu gostei. Quer dizer, gostar é pouco. Foi incrível. Você pode fazer aquilo comigo de novo a qualquer hora.

Ele muda de posição.

— Incrível?

Minha deusa interior, surpresa, ergue o olhar do livro de Jackie Collins que estava lendo.

— Sim.

Abro um sorriso. Flexiono os dedos dos pés no seu sexo, que começa a endurecer, e vejo mais do que ouço sua inspiração aguda, seus lábios se entreabrindo.

— Você realmente deveria estar usando seu cinto de segurança, Sra. Grey.

Ele fala baixo, e eu flexiono os dedos uma vez mais. Ele inspira, seus olhos escurecem, e ele aperta meu tornozelo em advertência. Ele quer que eu pare? Que eu continue? Então faz uma pausa, fecha a cara e pesca do bolso o onipresente BlackBerry, para atender a uma chamada, enquanto olha para o relógio. Sua expressão torna-se ainda mais carregada.

— Barney — fala rispidamente.

Que saco. O trabalho nos interrompendo de novo. Tento tirar os pés do seu colo, mas ele aperta ainda mais meu tornozelo.

— Na sala do servidor? — pergunta ele, incrédulo. — Ativou o sistema de supressão de incêndio?

Incêndio! Tiro os pés do seu colo, e dessa vez ele deixa. Volto para o meu lugar, coloco o cinto e fico mexendo, nervosa, na pulseira de trinta mil euros. Christian pressiona novamente o botão na porta do seu lado e a tela de privacidade desce.

— Alguém se machucou? Algum equipamento danificado? Sei… Quando? — Christian olha para o relógio de novo e passa os dedos no cabelo. — Não. Nem os bombeiros nem a polícia. Pelo menos por enquanto.

Um incêndio? No escritório de Christian? Olho pasma para ele, um turbilhão na minha cabeça. Taylor se ajeita para ouvir melhor a conversa.

— Ele já fez isso? Bom… Tudo bem. Quero um relatório detalhado dos danos provocados. E uma lista completa de todos os que tiveram acesso ao local nos últimos cinco dias, incluindo o pessoal da limpeza… Encontre a Andrea e peça para ela me ligar… Pois é, parece que o argônio realmente funciona, vale seu peso em ouro.

Relatório dos danos? Argônio? Um sino distante da aula de química soa em minha mente — um elemento químico, eu acho.

— Eu sei que está cedo… Quero que você me envie um e-mail daqui a duas horas… Não, eu precisava saber. Obrigado por ligar.

Christian desliga e imediatamente disca um número no BlackBerry.

— Welch… Ótimo… Quando? — Ele olha para o relógio mais uma vez. — Uma hora, então… Certo… Dia e noite no armazenamento remoto de dados… Ótimo. — Ele desliga. — Philippe, preciso estar a bordo em uma hora.

Monsieur.

Merda, é o Philippe, e não o Gaston. O carro acelera.

Christian me olha rapidamente, a expressão indecifrável.

— Alguém se machucou? — pergunto baixinho.

Ele balança a cabeça.

— Pouquíssimos danos. — Ele pega minhas mãos e as aperta, para me tranquilizar. — Não se preocupe com isso. Minha equipe está trabalhando.

E lá está ele, o CEO, no comando, no controle, nem um pouco agitado.

— Onde foi o incêndio?

— Na sala do servidor.

— Na sede da empresa?

— Foi.

Suas respostas são curtas, então sei que ele não quer falar sobre o assunto.

— Por que tão poucos danos?

— A sala do servidor está equipada com o que há de mais moderno em termos de sistema de supressão de incêndio.

Obviamente.

— Ana, por favor… Não se preocupe.

— Não estou preocupada — minto.

— Não temos certeza de que o incêndio foi criminoso — diz ele, indo direto ao âmago da minha ansiedade.

Levo a mão ao pescoço, com medo. Primeiro o Charlie Tango e agora isso?

O que está por vir?

CAPÍTULO QUATRO

_________________________________________

Estou agitada. Christian se entocou no seu escritório a bordo faz mais de uma hora. Já tentei ler, ver TV, pegar sol — inteiramente vestida —, mas não consigo relaxar nem me livrar desse sentimento inquietante. Depois de colocar um short e uma camiseta, tiro minha pulseira ridiculamente cara e saio à procura de Taylor.

— Sra. Grey — cumprimenta-me, tomando um susto e largando o romance de Anthony Burgess que está lendo. Está sentado na antessala que precede o escritório de Christian.

— Eu gostaria de sair para fazer compras.

— Sim, senhora. — Ele se levanta.

— E queria ir de jet ski.

Ele fica boquiaberto.

— Hã… — Taylor franze o cenho, sem palavras.

— Não quero incomodar Christian com isso.

Ele reprime um suspiro.

— Sra. Grey… hã… Acho que o Sr. Grey não ficaria muito confortável com isso, e eu gostaria de manter meu emprego.

Ah, pelo amor de Deus! Tenho vontade de externar meu desapontamento, mas em vez disso apenas estreito os olhos, suspirando pesadamente e expressando, eu acho, a quantidade exata de indignação e frustração por não ser senhora do meu próprio destino. Mas não quero que Christian fique zangado com Taylor — nem comigo, aliás. Passando confiantemente por ele, bato na porta do escritório e entro.

Christian está no BlackBerry, apoiado sobre a mesa de mogno. Ele ergue os olhos.

— Andrea, só um minuto — murmura ao telefone, a expressão séria.

Seu olhar é de educada expectativa. Merda. Por que eu me sinto como uma estudante que entrou na sala do diretor? Esse homem me possuiu algemada ontem mesmo. Eu me recuso a ser intimidada, ele é meu marido, droga. Endireito os ombros e abro um largo sorriso.

— Estou indo fazer compras. Vou levar o segurança comigo.

— Claro, leve um dos gêmeos, e Taylor também — diz ele, e sei que o que está acontecendo é grave, porque ele não me questiona mais do que isso. Continuo encarando-o, imaginando se posso ajudá-lo.

— Mais alguma coisa? — pergunta Christian. Ele quer que eu vá embora.

— Quer que eu traga alguma coisa para você?

Ele abre aquele seu sorriso doce e tímido.

— Não, baby, não precisa. A equipe a bordo me ajudará se for preciso.

— Tudo bem.

Quero beijá-lo. Que inferno, eu posso fazer isso: ele é meu marido. Indo até ele de forma decidida, dou um selinho em seus lábios, o que o surpreende.

— Andrea, já ligo de volta para você — balbucia ele.

Christian coloca o BlackBerry na mesa atrás de si, me abraça e me beija apaixonadamente. Estou sem fôlego quando ele me solta. Seus olhos estão escuros e desejosos.

— Você está me distraindo. Tenho que resolver isso para poder voltar para a nossa lua de mel.

Ele passa o dedo indicador pela minha face e acaricia meu queixo, levantando meu rosto.

— Tudo bem. Desculpe.

— Por favor, não peça desculpas, Sra. Grey. Adoro ser interrompido por você. — Ele beija o canto da minha boca. — Vá gastar dinheiro. — E me solta.

— Pode deixar.

Dou um sorriso amarelo para ele ao sair do escritório. Meu inconsciente faz cara de desprezo e aperta os lábios. Você não disse que estava indo de jet ski, ela me castiga com sua voz melódica. Eu a ignoro… Megera.

Taylor está me esperando com paciência.

— Tudo certo com o alto-comando… Podemos ir?

Sorrio, tentando afastar o sarcasmo da minha voz. Taylor não esconde seu sorriso de admiração.

— Sra. Grey, primeiro as damas.

* * *

TAYLOR PACIENTEMENTE ME explica os controles do jet ski e como pilotá-lo. Ele tem uma autoridade calma e gentil sobre o veículo; é um bom professor. Estamos na lancha a motor, sacudindo e dando voltas nas águas calmas do porto ao lado do Fair Lady. Gaston nos observa, sua expressão escondida atrás dos óculos escuros, e tem alguém da tripulação do Fair Lady no controle da lancha. Credo — três pessoas comigo, só porque quero fazer compras. É ridículo.