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Fico ruborizada com seu elogio e sorrio com timidez, acompanhando-o pelo amplo salão.

— No que está pensando? — pergunta Christian suavemente, tomando um gole de seu habitual café após o jantar.

— Em Versalhes.

— Ostentoso, não é?

Ele sorri. Olho em volta, para o esplendor não comentado da sala de jantar do Fair Lady, e aperto os lábios.

— Isso aqui não é ostentoso — diz Christian, um pouco na defensiva.

— Eu sei. É lindo. A melhor lua de mel que uma mulher poderia querer.

— Verdade? — diz ele, genuinamente surpreso. E abre seu sorriso tímido.

— Claro que sim.

— Só temos mais dois dias aqui. Tem alguma coisa que você queira ver ou fazer?

— Só quero estar com você — murmuro.

Ele levanta, dá a volta na mesa e me beija na testa.

— Bom, você pode ficar sem mim por uma hora? Preciso ver meus e-mails, descobrir o que está acontecendo em Seattle.

— Claro — digo efusivamente, tentando esconder minha decepção diante da ideia de passar uma hora sem ele. É muita obsessão eu querer ficar com ele o tempo todo?

— Obrigado pela câmera — diz ele, e vai para o escritório.

* * *

DE VOLTA À NOSSA CABINE, decido checar meus e-mails também, e abro o laptop. Há alguns da minha mãe e de Kate, contando-me as últimas fofocas e me perguntando como vai a lua de mel. Ia ótima, até alguém decidir incendiar a empresa de Christian… Assim que termino de responder a minha mãe, aparece mais um e-mail de Kate na minha caixa de entrada.

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De: Katherine L. Kavanagh

Data: 17 de agosto de 2011 11:45

Para: Anastasia Grey

Assunto: Ai meu Deus!!!!

Ana, acabei de ficar sabendo do incêndio no escritório do Christian.

Vc acha que foi criminoso?

Bjocas

K.

Kate está on-line! Pulo em cima do meu mais novo brinquedo — o Skype — e vejo que ela está disponível. Rapidamente digito uma mensagem.

Ana:Ei, está aí?

Kate:SIM, Ana! Tudo bem? Como vai a lua de mel? Viu meu e-mail? O Christian sabe do incêndio?

Ana:Tudo bem. A lua de mel está ótima. Sim, vi seu e-mail. Sim, Christian sabe.

Kate:Imaginei. As notícias sobre o que aconteceu não são muito completas. E o Elliot não me fala nada.

Ana:Você está catando uma matéria?

Kate:Você me conhece bem demais.

Ana:Christian não me disse muita coisa.

Kate:Elliot soube pela Grace!

Ah, não… Tenho certeza de que Christian não vai querer que isso se espalhe por toda Seattle. Tento minha patenteada técnica de distrair a persistente Kavanagh.

Ana:Como vão Elliot e Ethan?

 ------------------------------Kate:Ethan foi aceito no mestrado de psicologia em Seattle. Elliot é um fofo.

Ana:Mandou bem, Ethan.

Kate:E o nosso ex-dominador preferido?

Ana:Kate!

Kate:O que foi?

Ana:VOCÊ SABE O QUÊ!

Kate:Ok. Desculpe.

Ana:Ele vai bem. Mais do que bem. :)

Kate:Bem, contanto que você esteja feliz, eu fico feliz.

Ana:Estou transbordando de felicidade.

Kate::)Tenho que correr. A gente se fala depois?

Ana: Não sei. Veja se estou on-line. Esse negócio de fuso horário é um saco!

Kate:É verdade. Te amo, Ana.

Ana:Também te amo. Até mais. Bj.

Kate:Até mais. <3

Com certeza Kate não vai largar a pista dessa história. Com ar de enfado, fecho o Skype antes que Christian veja a nossa conversa. Ele não iria gostar do comentário sobre o ex-dominador, e não tenho certeza se ele é completamente ex…

Suspiro alto. Kate sabe de tudo desde nossa noite de bebedeira três semanas antes do casamento, quando finalmente sucumbi à inquisição Kavanagh. Foi um alívio finalmente falar com alguém sobre isso.

Olho o relógio. Já se passou cerca de uma hora desde o jantar e estou com saudades do meu marido. Volto para o deque para ver se ele terminou seu trabalho.

Estou na Galeria dos Espelhos e Christian está parado ao meu lado, sorrindo para mim com amor e afeição. Você parece um anjo. Eu olho para ele alegremente, mas quando me viro para o espelho, percebo que estou sozinha e que o salão é cinza e sombrio. Não! Viro depressa a cabeça de novo para seu rosto e o vejo sorrir triste e melancolicamente. Ele coloca meu cabelo atrás da minha orelha. Então, se vira sem falar nada e se afasta devagar, o som dos seus passos ecoando no imenso salão, para longe dos espelhos, em direção às portas duplas ornamentadas no final da sala… um homem solitário, um homem sem reflexo… E é quando acordo, sem ar, o pânico tomando conta de mim.

— Ei — sussurra ele ao meu lado na escuridão, sua voz cheia de preocupação.

Ah, ele está aqui. Ele está bem. O alívio me percorre.

— Ah, Christian — murmuro, tentando controlar os batimentos do meu coração.

Ele me abraça, e só então percebo que há lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

— Ana, o que foi?

Ele afaga minha face, enxugando as lágrimas, e percebo a angústia em sua voz.

— Nada. Um pesadelo bobo.

Ele beija minha testa e minhas faces úmidas, confortando-me.

— Foi só um sonho ruim, querida — murmura ele. — Estou aqui com você. Vou protegê-la.

Inebriada pelo seu cheiro, aninho-me em seu corpo, tentando ignorar a desorientação e a devastação que senti no sonho. Nesse momento, sei que meu medo mais profundo e mais sombrio é perdê-lo.

CAPÍTULO CINCO

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Eu me mexo inquieta, instintivamente procurando por Christian, apenas para sentir sua ausência. Merda! Acordo no mesmo instante e olho ansiosa à minha volta. Christian me observa, sentado na pequena cadeira de braço estofada que fica próxima da cama. Ele se abaixa e coloca algo sobre o chão, depois se levanta e se deita na cama ao meu lado. Está vestindo a bermuda jeans que antes era calça e uma camiseta cinza.

— Ei, não entre em pânico. Está tudo bem — diz ele, a voz suave e reconfortante, como se estivesse falando com um animal selvagem acuado.

Ele afasta com carinho uma mecha de cabelo do meu rosto, e imediatamente me sinto mais tranquila. Percebo que ele tenta — sem sucesso — esconder a própria preocupação.

— Você anda tão apreensiva nos últimos dias — murmura ele, os olhos bem abertos e sérios.

— Estou bem, Christian.

Abro um sorriso largo, pois não quero que ele perceba como estou preocupada com a história do incêndio. A dolorosa recordação de como me senti quando o Charlie Tango foi sabotado e Christian ficou desaparecido — o vazio extremo, a dor indescritível — volta a me assombrar, a memória me importunando e atormentando meu coração. Mantenho o sorriso fixo no rosto e tento sufocá-la.

— Você estava me vendo dormir?

— Estava — responde ele, observando-me fixamente, perscrutando meu rosto. — Você estava falando.