Выбрать главу

— Ei, eu consigo andar — protesto, ainda sonolenta.

Ele bufa.

— Preciso entrar com você no colo em casa.

Coloco os braços em volta do pescoço dele.

— Vai subir os trinta andares? — Abro um sorriso de desafio.

— Sra. Grey, tenho o prazer de anunciar que você engordou um pouco.

— O quê?

Ele sorri.

— Portanto, se não se importar, vamos usar o elevador. — Ele semicerra os olhos ao me fitar, mas sei que é brincadeira.

Taylor abre as portas do vestíbulo do Escala e sorri.

— Bem-vindos, Sr. e Sra. Grey.

— Obrigado, Taylor — diz Christian.

Dirijo um breve sorriso a Taylor e vejo-o voltar para o Audi, onde Sawyer o espera na direção.

— Como assim eu engordei um pouco?

Fuzilo-o com o olhar, mas seu sorriso se amplia. Ele me aconchega mais contra o peito ao me carregar pelo hall.

— Não muito — garante ele, mas seu rosto se entristece de repente.

— O que foi? — Tento manter o temor em minha voz sob controle.

— Você ganhou os quilos que tinha perdido quando me deixou — diz ele calmamente enquanto chama o elevador. Uma expressão desolada toma seu rosto.

Sua angústia repentina e surpreendente faz meu coração se apertar.

— Ei. — Enrosco os dedos em seu cabelo, puxando-o em minha direção. — Se eu não tivesse ido embora, você estaria aqui comigo agora?

Os olhos dele se suavizam, adquirindo o matiz do céu em dia de tempestade, e ele me oferece seu sorriso tímido, o meu preferido.

— Não — responde, e entra no elevador ainda comigo no colo. Inclina-se e me beija ternamente. — Não, Sra. Grey, não estaria. Mas eu saberia que poderia mantê-la segura, porque você não ia me desafiar.

Ele parece vagamente arrependido… Merda.

— Gosto de desafiar você. — Estou testando o terreno.

— Eu sei. E isso me deixa muito… feliz. — Ele sorri novamente, mesmo em meio à sua tensão.

Ai, graças a Deus.

— Mesmo eu estando gorda? — sussurro.

Ele ri.

— Mesmo você estando gorda.

Ele me beija novamente, de maneira mais calorosa dessa vez, e eu cravo os dedos em seu cabelo, puxando-o contra mim, nossas línguas se enroscando uma na outra em uma dança lenta e sensual. Quando o elevador soa, avisando que chegou à cobertura, estamos ambos sem fôlego.

— Muito feliz — murmura ele.

Seu sorriso está mais misterioso agora, os olhos turvos e plenos de uma promessa libidinosa. Ele balança a cabeça como que para se recuperar do beijo e me carrega para dentro.

— Bem-vinda ao lar, Sra. Grey.

Ele me beija de novo, agora de maneira mais casta, e me brinda com o sorriso Christian-Grey-patenteado-de-muitos-gigawatts, os olhos cheios de alegria.

— Bem-vindo ao lar, Sr. Grey.

Abro um sorriso largo, radiante, meu coração correspondendo ao seu convite implícito e transbordando de felicidade.

Achei que Christian fosse me colocar no chão agora, mas não: comigo no colo, ele atravessa o vestíbulo, depois o corredor e a enorme sala, colocando-me sentada na ilha da cozinha, onde fico com as pernas penduradas. Ele então pega duas flûtes no armário e uma garrafa de champanhe gelado — Bollinger, nosso preferido. Habilidosamente ele abre a garrafa e, sem deixar derramar uma gota, verte a bebida cor-de-rosa nas duas taças e me oferece uma. Tomando a outra para si, afasta minhas pernas delicadamente e coloca-se no meio.

— A nós, Sra. Grey.

— A nós, Sr. Grey — sussurro, ciente de meu sorriso tímido.

Brindamos de leve com nossas taças e tomamos um gole.

— Sei que você está cansada — sussurra ele, esfregando o nariz no meu —, mas eu realmente gostaria de ir para a cama… e não dormir. — Ele me beija no cantinho da boca. — É a nossa primeira noite depois de voltarmos para casa e você é realmente minha. — Sua voz vai sumindo à medida que ele deposita ternos beijos no meu pescoço. Anoitece em Seattle e eu estou exausta, mas o desejo brota fundo no meu ventre.

* * *

CHRISTIAN REPOUSA TRANQUILAMENTE ao meu lado e eu fito as listras rosadas e douradas do amanhecer pelas amplas janelas. Seu braço descansa sobre os meus seios, e eu tento adaptar minha respiração à dele, em um esforço para voltar a dormir, mas em vão. Estou completamente desperta, meu corpo ainda funcionando em outro fuso horário, minha mente em plena atividade.

Tanta coisa aconteceu nas últimas três semanas — a quem eu quero enganar?, nos últimos três meses — que ainda não sinto meus pés tocando o chão. E aqui estou eu, Sra. Christian Grey, casada com o mais delicioso, sensual, filantrópico e absurdamente rico figurão que qualquer mulher poderia querer. Como isso tudo aconteceu tão rápido?

Viro-me de lado a fim de contemplá-lo. Sei que ele costuma ficar me olhando enquanto durmo, mas raramente tenho a oportunidade de retribuir. Ele parece tão jovem e despreocupado dormindo… os longos cílios abertos como um leque tocando seu rosto, uma leve sombra da barba por fazer contornando seu maxilar e os lábios bem delineados ligeiramente abertos, relaxados, à medida que ele respira profundamente. Quero beijá-lo, colocar minha língua na sua boca, correr meus dedos por seu rosto macio apesar da aspereza da barba que desponta. Preciso me controlar fortemente para não tocá-lo nem perturbá-lo. Hmm… eu poderia só passar os dentes de leve no lóbulo da orelha dele e depois chupar. Meu inconsciente me encara zangado por sobre seus óculos de leitura, deixando de lado o segundo volume das Obras completas de Charles Dickens, e mentalmente me pune. Deixe o pobre homem em paz, Ana.

Vou voltar ao trabalho na segunda-feira. Temos o dia de hoje para recuperarmos nossa rotina. Vai ser estranho não ver Christian o dia inteiro, depois de passarmos juntos quase todos os minutos das três últimas semanas. Eu me recosto e fito o teto. Algumas pessoas poderiam pensar que passar tanto tempo juntos seria sufocante, mas não é o caso. Adorei cada minuto que passei com ele, mesmo enquanto brigávamos. Cada minuto… exceto a notícia sobre o incêndio na sede da empresa.

Meu sangue gela. Quem iria querer machucar Christian? Volto a me atormentar com esse mistério. Alguém ligado ao trabalho? Alguma ex? Um funcionário insatisfeito? Não faço ideia, e Christian continua evasivo sobre o caso, fornecendo-me o mínimo de informação na tentativa de me proteger. Suspiro. Meu bravo cavaleiro das luzes e das trevas, sempre tentando me proteger. Como vou fazê-lo se abrir mais comigo?

Ele se mexe e eu fico imóvel, para não acordá-lo, mas o efeito é exatamente o oposto. Droga! Dois olhos brilhantes me fitam.

— O que houve?

— Nada. Volte a dormir. — Tento usar meu sorriso reconfortante. Ele se espreguiça, esfrega o rosto e sorri.

— Jet lag? — pergunta.

— Será que é isso? Não consigo dormir.

— Tenho a panaceia universal bem aqui, só para você, meu amor.

Ele sorri como um menino, fazendo-me revirar os olhos e dar um sorriso falso ao mesmo tempo. E assim, num piscar de olhos, meus pensamentos sombrios ficam de lado e meus dentes agarram sua orelha.

* * *

CHRISTIAN E EU ESTAMOS cruzando a Interestadual 5 no sentido norte, em direção à ponte 520, no Audi R8. Vamos almoçar na casa dos pais dele, um almoço de domingo de boas-vindas. A família inteira estará lá, além de Kate e Ethan. Vai ser estranho termos companhia depois de passarmos esse tempo todo sozinhos. Não tive oportunidade de falar com Christian a maior parte da manhã. Ele ficou fechado no escritório enquanto eu desarrumava as malas. Ele disse que eu não precisava fazer isso, que a Sra. Jones se encarregaria da tarefa. Essa, porém, é outra coisa com a qual tenho que me acostumar: contar com ajuda doméstica. Deslizo os dedos distraidamente pelo forro de couro da porta para me desviar de minhas divagações. Sinto-me um pouco inquieta. Será o jet lag? Ou o incêndio?