O quê?
De fato, vários banhistas abandonaram a indiferença e agora nos olham interessados. De repente, Christian me pega pela cintura e me lança no ar, deixando-me cair na água e afundar até bater na areia macia por baixo das ondas. Volto para a superfície tossindo, engasgando e rindo.
— Christian! — repreendo-o, encarando-o com o olhar firme.
Pensei que fôssemos fazer amor no mar… mais uma primeira vez. Ele morde o lábio inferior, contendo seu divertimento. Jogo água nele, que revida jogando em mim.
— Temos a noite inteira — diz ele, rindo como um bobo. — Mais tarde, baby.
Ele então mergulha, emergindo a um metro de distância; depois, em um estilo fluido e gracioso, nada para longe da praia, para longe de mim.
Rá! Meu Cinquenta Tons provocante e brincalhão! Protejo os olhos do sol vendo-o se afastar. Ele adora me provocar… O que posso fazer para trazê-lo de volta? À medida que nado retornando para a praia, avalio minhas opções. Nas espreguiçadeiras, as bebidas que ele pediu esperam por nós, e tomo um gole rápido da Coca Diet. Christian é uma manchinha ao longe.
Hum… Eu me deito de bruços e, atrapalhando-me um pouco, tiro a parte de cima do biquíni e a jogo despreocupadamente sobre a espreguiçadeira de Christian. Prontinho… vamos ver como eu posso ser atrevida, Sr. Grey. Engula essa. Fecho os olhos e deixo o sol aquecer minha pele… aquecer meus ossos, e começo a divagar sob o calor, meus pensamentos voltando para o dia do meu casamento.
— Pode beijar a noiva — anuncia o reverendo Walsh.
Sorrio para o meu marido.
— Finalmente você é minha — sussurra ele, puxando-me para seus braços e me beijando castamente na boca.
Estou casada. Sou a Sra. Christian Grey. Estou tonta de alegria.
— Você está maravilhosa, Ana — murmura ele, e sorri, o olhar brilhando de amor… e de algo mais escuro, mais picante. — Não deixe ninguém tirar esse vestido; só eu, entendeu?
Seu sorriso aquece a quase quarenta graus quando as pontas de seus dedos percorrem meu rosto, fazendo meu sangue ferver.
Ai, meu Deus… Como ele consegue fazer isso, mesmo aqui com todas essas pessoas olhando para nós?
Concordo em silêncio. Nossa, espero que ninguém nos ouça. Por sorte, o reverendo Walsh discretamente deu um passo para trás. Dou uma olhada para o grupo reunido em elegantes trajes de casamento: minha mãe, Ray, Bob e os Grey estão aplaudindo — até Kate, minha dama de honra, que está linda em um vestido cor-de-rosa claro, ao lado de Elliot, irmão e padrinho de Christian. Quem diria que até Elliot pudesse se arrumar tão bem? Todos exibem sorrisos enormes e radiantes — menos Grace, que chora graciosamente em um delicado lenço branco.
— Pronta para festejar, Sra. Grey? — murmura Christian, abrindo um sorriso tímido para mim.
Eu derreto. Ele está divino em um smoking preto e simples com gravata e faixa prateadas. Está… estonteante.
— Mais do que nunca — respondo, com um sorriso bobo no rosto.
Mais tarde, a festa de casamento está a todo vapor… Carrick e Grace foram até a cidade. Eles reinstalaram o toldo e o decoraram lindamente em tons de cor-de-rosa claro, prateado e marfim, aberto dos lados e dando para a baía. Felizmente o tempo está bom, e o sol de fim de tarde brilha sobre a água. Há uma pista de dança em uma ponta da grande tenda, e um farto bufê na outra.
Ray e minha mãe estão dançando e rindo juntos. Tenho um sentimento dúbio vendo-os assim próximos. Espero que meu casamento com Christian dure mais. Não sei o que eu faria se ele me deixasse. Quem casa a correr, toda a vida tem para se arrepender. O provérbio é um fantasma a me assombrar.
Kate está ao meu lado, linda no seu vestido longo de seda. Ela me fita e franze o cenho.
— Ei, este deveria ser o dia mais feliz da sua vida — repreende-me ela.
— E é — sussurro.
— Ah, Ana, o que há com você? Está pensando em sua mãe com Ray?
Admito tristemente.
— Eles estão felizes.
— Só porque se separaram.
— Você está com dúvidas? — pergunta Kate, preocupada.
— Não, de jeito nenhum. É só que… eu amo tanto o Christian. — Fico travada; não consigo, ou talvez eu não deseje, articular meus temores.
— Ana, está na cara que ele adora você. Sei que foi um início pouco convencional para um relacionamento, mas eu vi como vocês passaram felizes esse último mês. — Ela pega minhas mãos e as aperta com carinho. — Além disso, agora é tarde — acrescenta, com um sorriso bem-humorado.
Dou uma risadinha. Ninguém melhor do que Kate para apontar o óbvio. Ela me puxa para um Abraço Especial de Katherine Kavanagh.
— Ana, vai dar tudo certo. E se ele tocar em um fio do seu cabelo, vai se ver comigo. — Ela me solta e sorri para alguém atrás de mim.
— Oi, baby. — Christian me abraça de surpresa e me beija na têmpora. — Kate — ele a cumprimenta. Ainda age friamente com ela mesmo depois de seis semanas.
— Olá novamente, Christian. Vou procurar o seu padrinho.
E, sorrindo para nós dois, ela se dirige até Elliot, que está bebendo com o irmão dela, Ethan, e nosso amigo José.
— Hora de irmos — murmura Christian.
— Já? Esta é a primeira festa em que eu não ligo de ser o centro das atenções. — Giro em seus braços para fitá-lo.
— Você merece. Está deslumbrante, Anastasia.
— Você também.
Ele sorri, e sua expressão torna-se mais quente.
— Este lindo vestido ficou perfeito em você.
— Este pedaço de pano velho?
Coro e puxo o delicado acabamento de renda do vestido de casamento, simples e bem-cortado, desenhado para mim pela mãe de Kate. Adoro o fato de a renda deixar apenas os ombros descobertos — recatado mas sedutor, espero.
Ele se inclina e me beija.
— Vamos. Não quero mais dividir você com essa gente toda.
— Podemos ir embora da nossa própria festa de casamento?
— A festa é nossa, baby, podemos fazer o que quisermos. Já cortamos o bolo. E agora eu quero tirar você daqui e tê-la só para mim.
Dou uma risadinha.
— Você me tem para a vida toda, Sr. Grey.
— Fico muito feliz de ouvir isso, Sra. Grey.
— Ah, aqui estão vocês! Os dois pombinhos.
Dou um gemido de desgosto por dentro… A mãe de Grace nos encontrou.
— Christian, querido: mais uma dança com a sua avó?
Ele contorce os lábios.
— É claro, vovó.
— E você, linda Anastasia, vá e faça um velho feliz: dance com o Theo.
— O Theo, Sra. Trevelyan?
— Vovô Trevelyan. E acho que você já pode me chamar de vovó. Agora, de verdade, vocês dois têm que começar a trabalhar para me darem bisnetos. Não vou durar muito mais tempo. — Ela nos lança um sorriso afetado.
Christian a olha horrorizado.
— Venha, vovó — diz, rapidamente pegando a mão dela e levando-a até a pista de dança. Ao se afastar, ele olha para mim, quase fazendo bico por ter sido contrariado, e revira os olhos. — Até mais, baby.
Ao me encaminhar na direção do Sr. Trevelyan, sou abordada por José.
— Não vou pedir outra dança. Acho que já monopolizei muito do seu tempo na pista… Estou feliz de vê-la feliz, Ana, mas é sério: eu estarei aqui… se precisar de mim.
— Obrigada, José. Você é um bom amigo.
— Pode contar comigo. — Seus olhos escuros brilham com sinceridade.
— Eu sei. Obrigada, José. Agora, se me der licença, tenho um encontro marcado com um senhor de idade.
Ele faz uma expressão confusa.
— O avô do Christian — esclareço.
Ele sorri.
— Boa sorte, Ana. Boa sorte com tudo.
— Obrigada, José.
Depois de dançar com o eternamente encantador avô de Christian, posto-me diante das portas francesas e fico apreciando o sol, que mergulha lentamente sobre Seattle, lançando sombras azul-claras e alaranjadas sobre a baía.