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Sem me dar o trabalho de bater à porta, irrompo em seu escritório. Christian está a sua mesa, falando ao telefone. Ele ergue um olhar de contrariedade e surpresa, mas a irritação em seu rosto some quando ele vê que sou eu.

— Mas então, não dá para ampliar mais? — pergunta, continuando a conversa ao telefone mas mantendo os olhos em mim.

Sem hesitação, circundo sua mesa, e ele, franzindo o cenho, vira a cadeira para ficar de frente para mim, uma expressão intrigada no rosto. Percebo que ele está pensando: O que será que ela quer? Quando monto nele, suas sobrancelhas se erguem de súbito, em surpresa. Coloco os braços em volta de seu pescoço e me aconchego em seu corpo. Ele cautelosamente me envolve com um braço.

— Hmm… É, Barney. Pode esperar um momento? — E encosta o aparelho no ombro. — Ana, aconteceu alguma coisa?

Balanço a cabeça em negativa. Levantando meu queixo, ele me olha bem nos olhos. Solto a cabeça da mão dele e a deito embaixo do seu queixo, aninhando-me ainda mais em seu colo. Intrigado, ele me aperta ainda mais em seu braço e me beija no alto da cabeça.

— Certo, Barney, o que você estava dizendo? — continua Christian, segurando o telefone contra a orelha com o ombro, e digita uma tecla no laptop.

Uma imagem granulada e em preto e branco de circuito fechado de TV surge na tela, revelando um homem de cabelo escuro vestindo um macacão claro. Christian pressiona outra tela e o homem está caminhando em direção à câmera, mas de cabeça baixa. Quando ele se aproxima, Christian congela a imagem. É uma sala branca e muito iluminada, e à esquerda do homem vemos o que parece ser uma série de armários escuros. Deve ser a sala dos servidores da empresa.

— Ok, Barney, mais uma vez.

A tela ganha vida. Uma janela aparece em volta da cabeça do homem na gravação do circuito fechado e de repente é ampliada. Eu levanto o corpo, fascinada.

— É o Barney que está fazendo isso? — pergunto baixinho.

— É — responde Christian. — Tem como definir melhor a foto? — pergunta ele a Barney.

A imagem fica borrada mas depois ganha foco novamente, definindo um pouco melhor o homem que propositadamente olha para baixo, evitando a câmera. Enquanto o observo, sinto na espinha um calafrio de reconhecimento. Há algo de familiar na linha do seu maxilar. Ele tem um cabelo estranho, é curto, preto e seboso, todo desgrenhado… e na imagem melhorada, percebo um brinco, uma argolinha.

Puta merda! Eu sei quem é.

— Christian — sussurro —, é Jack Hyde.

CAPÍTULO SETE

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—Você acha? — pergunta Christian, surpreso.

— É a linha do maxilar. — Aponto para a tela. — E os brincos e o formato dos ombros. E ele tem o mesmo porte também. Deve estar usando uma peruca; ou então cortou e pintou o cabelo.

— Barney, você ouviu isso? — Christian pousa o telefone sobre a mesa e ativa o viva-voz. — Aparentemente você conhece o seu ex-chefe nos mínimos detalhes, Sra. Grey — murmura, e não parece nem um pouco satisfeito. Olho zangada para ele, mas sou salva por Barney.

— Sim, senhor, ouvi o que a Sra. Grey disse. Estou agora mesmo passando toda a gravação digitalizada do circuito fechado de TV por um software de reconhecimento de fisionomia. Vamos ver por onde mais esse filho da puta… perdão, madame: onde esse homem esteve dentro da empresa.

Olho ansiosa para Christian, que ignora o xingamento de Barney. Está examinando a foto na tela bem de perto.

— Por que ele faria isso? — pergunto a Christian.

Ele dá de ombros.

— Vingança, talvez. Não sei. Não dá para entender por que algumas pessoas se comportam de determinada maneira. Só estou com raiva de você ter trabalhado tão próxima dele. — Seus lábios se apertam, formando uma linha tensa e fina, e ele passa o braço pela minha cintura.

— Temos também o conteúdo do hard drive dele, senhor — acrescenta Barney.

— Sim, eu me lembro. Você tem o endereço do Sr. Hyde? — pergunta Christian, rispidamente.

— Tenho sim, senhor.

— Alerte Welch.

— Com certeza. Também vou dar uma olhada nas imagens das câmeras de segurança da cidade e ver se consigo rastrear os movimentos dele.

— Procure saber qual é o carro dele.

— Sim, senhor.

— Barney pode fazer tudo isso? — sussurro.

Christian faz que sim e abre um sorriso presunçoso.

— O que tem no hard drive? — sussurro.

O rosto de Christian se endurece e ele balança a cabeça.

— Nada de mais — diz, os lábios apertados, o sorriso fechado.

— Conte.

— Não.

— É sobre você ou sobre mim?

— Sobre mim. — Ele suspira.

— Que tipo de coisa? Seu estilo de vida?

Christian balança a cabeça em negativa e encosta o dedo indicador nos meus lábios para me fazer calar a boca. Faço cara feia para ele. Mas ele aperta os olhos, e é um aviso claro de que devo segurar a língua.

— É um Camaro 2006. Vou mandar os detalhes para Welch também — diz Barney, animadamente, ao telefone.

— Ótimo. Quero que você me avise em que outros lugares do meu prédio esse canalha andou. E compare essa imagem com a foto que consta no arquivo de funcionários da SIP. — Christian me encara, cético. — Quero ter certeza de que é ele.

— Já fiz isso, senhor, e a Sra. Grey tem razão. É mesmo Jack Hyde.

Abro um sorriso largo. Viu? Posso ser útil. Christian acaricia minhas costas.

— Muito bem, Sra. Grey. — Ele sorri, o rancor de antes já esquecido. E, dirigindo-se a Barney, diz: — Quero que me informe quando tiver rastreado todos os movimentos dele no QG. E também verifique se ele teve acesso a outras propriedades da GEH e avise à equipe de segurança para que possam fazer outra varredura em todos os prédios.

— Sim, senhor.

— Obrigado, Barney. — Christian desliga.

— Ora, ora, Sra. Grey, parece que você não é só decorativa, mas útil também.

Seus olhos se iluminam com uma expressão de diversão maldosa. Sei que ele está me provocando.

— Decorativa? — zombo, entrando na provocação.

— Muito — fala ele baixinho, plantando um selinho carinhoso em meus lábios.

— Você é muito mais decorativo do que eu, Sr. Grey.

Ele sorri e me beija com mais força, enrolando minha trança no seu pulso e me envolvendo em seus braços. Quando paramos para tomar fôlego, meu coração está disparado.

— Está com fome? — pergunta ele.

— Não.

— Eu estou.

— Fome de quê?

— Bem… De comida, na verdade.

— Vou preparar alguma coisa para você. — Dou uma risadinha.

— Adoro ouvir isso.

— Eu oferecendo comida para você?

— Você rindo.

Ele beija meu cabelo e eu me levanto.

— E então, o que gostaria de comer, senhor? — pergunto docemente.

Ele aperta os olhos.

— Está sendo gentil, Sra. Grey?

— Sempre, Sr. Grey.

Ele abre um sorriso de esfinge.

— Olhe que ainda posso deitar você no meu joelho — murmura ele, sedutoramente.

— Eu sei. — Sorrio. E, apoiando-me nos braços da sua cadeira, inclino-me e lhe dou um beijo. — Essa é uma das coisas que eu amo em você. Mas guarde as palmadas para depois. Agora você está com fome.

Ele abre seu sorriso de menino, e meu coração se derrete.

— Ah, Sra. Grey, o que eu vou fazer com você?

— Vai responder à minha pergunta: o que quer comer?

— Alguma coisa leve. Surpreenda-me — diz ele, repetindo minhas palavras no quarto de jogos hoje mais cedo.

— Vou ver o que posso fazer.

Saio rebolando do escritório e vou à cozinha. Mas desanimo quando encontro a Sra. Jones lá.