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— Vamos embora — Christian me chama, apressado.

— Tenho que trocar de roupa.

Pego a mão dele, com a intenção de puxá-lo pelas portas francesas e levá-lo para cima comigo. Ele franze as sobrancelhas, sem compreender, e puxa minha mão de leve, para me deter.

— Pensei que você quisesse tirar o meu vestido — explico.

Seu semblante se ilumina.

— Correto — diz ele, e abre um sorriso lascivo. — Mas não vou tirar sua roupa aqui, senão só iríamos embora depois de… Sei lá… — Gesticulando a mão comprida, ele deixa a frase incompleta, mas está bastante claro o que quer dizer.

Fico vermelha e solto sua mão.

— E também não solte o cabelo — murmura ele, com ar sério.

— Mas…

— Nada de “mas”, Anastasia. Você está linda. E quero que seja eu a tirar o seu vestido.

Ah. Faço um ar de desagrado.

— Guarde as roupas que você separou para sair daqui — ordena ele. — Vai precisar delas. Taylor já pegou a sua mala.

— Tudo bem.

O que foi que ele planejou? Christian não me contou para onde vamos. Na verdade, acho que ninguém sabe nosso destino. Nem Mia nem Kate conseguiram extrair a informação dele. Aproximo-me de minha mãe e de Kate, que estão circulando ali por perto.

— Não vou me trocar.

— O quê? — diz minha mãe.

— Christian não quer que eu tire o vestido.

Dou de ombros, como se isso explicasse tudo. Ela franze a testa por um breve instante.

— Você não deve obediência a ele — diz ela, com tato.

Kate resmunga ao ouvir isso, e tenta disfarçar com uma tosse fingida. Olho para ela com desaprovação. Nenhuma das duas tem ideia da briga que Christian e eu tivemos sobre isso. Não quero retomar a discussão. Nossa, meu Cinquenta Tons pode ficar bravo… e ter pesadelos. As lembranças me deixam tensa.

— Eu sei, mãe, mas ele gosta desse vestido e eu quero agradar meu marido.

Sua expressão fica mais leve. Kate revira os olhos e discretamente se retira para nos deixar sozinhas.

— Você está tão linda, querida. — Carla afasta gentilmente uma pequena mecha do meu cabelo e acaricia meu queixo. — Estou tão orgulhosa de você, meu amor. Christian será um homem muito feliz a seu lado. — Ela me puxa para um abraço.

Ah, mãe!

— É incrível como você parece adulta agora. Começando uma vida nova… Lembre-se apenas de que os homens são de outro planeta e tudo vai ficar bem.

Dou uma risada. Christian é de outro universo; ah, se ela soubesse…

— Obrigada, mãe.

Ray se junta a nós, sorrindo com doçura para nós duas.

— Você criou uma menina linda, Carla — diz ele, os olhos brilhando de orgulho.

Ray está muito elegante nesse smoking preto com a faixa de um tom pálido de cor-de-rosa. Sinto as lágrimas surgirem no fundo dos meus olhos. Ah, não… até agora eu consegui não chorar.

— E você cuidou dela e a ajudou a crescer, Ray. — A voz de Carla é nostálgica.

— Cada minuto foi maravilhoso para mim. Você está me saindo uma noiva fantástica, Annie. — Ele pega a mesma mecha solta de cabelo e coloca-a atrás da minha orelha.

— Ah, pai…

Sufoco um soluço, e ele me abraça daquele seu jeito apressado e desconfortável.

— E também vai se sair uma esposa fantástica — sussurra ele, a voz rouca.

Quando Ray me solta, vejo Christian novamente ao meu lado.

Eles dão um aperto de mãos caloroso.

— Cuide da minha menina, Christian.

— É o que farei, Ray. Carla. — Ele cumprimenta meu padrasto com a cabeça e dá um beijo em minha mãe.

O resto dos convidados formou um comprido arco humano que nos conduzirá até a frente da casa.

— Pronta? — pergunta Christian.

— Sim.

Ele pega minha mão e me guia por baixo dos braços esticados, enquanto nossos convidados gritam boa sorte e parabéns e jogam arroz sobre nós dois. Esperando-nos com sorrisos e abraços no final do túnel estão Grace e Carrick. Eles se revezam para nos cumprimentar. Grace se emociona novamente quando nos despedimos apressadamente.

Taylor está à nossa espera para nos levar dali no Audi SUV. Christian segura a porta do carro aberta para mim, e jogo meu buquê de rosas brancas e cor-de-rosa para a multidão de jovens que se formou atrás de mim. Mia triunfantemente o pega no alto, com um sorriso de orelha a orelha.

Entro no SUV rindo da maneira audaciosa como Mia agarrou o buquê, e Christian se abaixa para pegar a bainha do meu vestido. Logo que me vê confortavelmente instalada dentro do carro, ele acena um adeus para a multidão.

Taylor abre a porta do carro para ele.

— Parabéns, senhor.

— Obrigado, Taylor — responde Christian, sentando-se ao meu lado.

Enquanto o motorista arranca, os convidados jogam arroz sobre o automóvel. Christian pega minha mão e beija os nós dos meus dedos.

— Até aqui tudo bem, Sra. Grey?

— Até aqui tudo ótimo, Sr. Grey. Para onde vamos?

— Aeroporto — diz ele simplesmente, e sorri com uma expressão de esfinge.

Humm… o que ele está tramando?

Taylor não se dirige para o terminal de embarque, como eu esperava; em vez disso, passa por um portão de segurança e vai diretamente para a pista. O quê? E então eu vejo: o jatinho de Christian… Grey Enterprises Holdings, Inc. Escrito em imensas letras azuis na fuselagem.

— Não me diga que você está novamente usando um bem da empresa para uso pessoal!

— Ah, espero que sim, Anastasia. — Christian sorri.

Taylor para perto da escada que leva até o avião e salta do Audi a fim de abrir a porta para Christian. Eles discutem alguma coisa rapidamente; então Christian abre minha porta — e, em vez de dar um passo para trás e me deixar passar, ele se abaixa e me pega no colo.

Uau!

O que você está fazendo? — Solto um gritinho.

— Carregando você para dentro.

— Ah… — Não deveria ser quando chegássemos em casa?

Ele me leva sem esforço escada acima, e Taylor nos segue com minha mala. Deixa-a na porta do avião antes de retornar ao Audi. Dentro da cabine, reconheço Stephan, o piloto de Christian, em seu uniforme.

— Bem-vindos a bordo, senhor. Olá, Sra. Grey. — Ele sorri.

Christian me coloca no chão e aperta a mão de Stephan. Ao lado do piloto está uma morena de uns… trinta e poucos anos, talvez? Ela também está de uniforme.

— Parabéns aos dois — continua ele.

— Obrigado, Stephan. Anastasia, você já conhece o Stephan. Ele vai ser nosso comandante hoje, e esta é a copiloto Beighley.

Ela cora quando Christian a apresenta, e pisca rápido. Tenho vontade de bufar de raiva. Mais uma mulher completamente encantada pelo meu marido lindo-até-demais-para-o-meu-gosto.

— Prazer em conhecê-la — Beighley me cumprimenta efusivamente.

Sorrio com simpatia para ela. Afinal de contas… ele é meu.

— Tudo certo para decolarmos? — pergunta Christian, dirigindo-se aos dois oficiais, enquanto dou uma olhada na cabine.

O interior é todo composto de madeira clara e couro creme. De extremo bom gosto. Do outro lado vejo mais uma jovem uniformizada — uma morena muito bonita.

— Tudo pronto. O tempo está bom daqui até Boston.

Boston?

Turbulências?

— Só a partir de Boston. Há uma frente fria sobre Shannon que talvez cause certa instabilidade ao avião.

Shannon? Irlanda?

Certo. Bom, espero só acordar depois de passarmos o mau tempo — diz Christian, tranquilo.

Acordar?

Vamos nos preparar, senhor — diz Stephan. — Os senhores ficarão sob os cuidados atenciosos de Natalia, nossa comissária de bordo.