E agora tenho Christian. Ele nunca morou de verdade com ninguém, acho. Vou ter que perguntar a ele — se ainda estiver falando comigo.
Mas acho mesmo que devo vestir o que bem entender. Eu me lembro de suas regras. Sim, isso deve ser difícil para ele, mas com certeza ele pagou por esse vestido. Deveria ter dado instruções mais claras à Neiman: nada muito curto!
E essa saia não é tão curta assim, é? Dou uma olhada no espelho da portaria. Droga. Sim, é bem curta, mas agora já bati o pé. E sem dúvida vou ter que enfrentar as consequências. Pergunto-me vagamente o que ele vai fazer, mas primeiro preciso de dinheiro.
* * *
DOU UMA OLHADA no meu saldo no caixa eletrônico: cinquenta e um mil seiscentos e oitenta e nove dólares e dezesseis centavos. São cinquenta mil a mais do que deveria ter! Anastasia, você vai ter que aprender a ser rica também, se disser sim. E é assim que começa. Saco meus parcos cinquenta dólares e caminho até o mercado.
* * *
ASSIM QUE CHEGO, vou direto para a cozinha, e não posso deixar de sentir um arrepio de tensão. Christian ainda está no escritório. Caramba, já passou a maior parte da tarde lá dentro. Decido que minha melhor opção é enfrentá-lo e ver o tamanho do meu problema. Dou uma olhada cautelosa pela porta do escritório. Ele está ao telefone, olhando pela janela.
— E o especialista em Eurocopters vai chegar na segunda-feira à tarde?... Ótimo. Basta me manter informado. Diga a eles que vou precisar do relatório inicial na segunda-feira à noite ou na terça-feira pela manhã. — Ele desliga e gira em sua cadeira, mas trava assim que me vê, a expressão impassível.
— Oi — sussurro.
Ele não responde, e meu coração despenca até o estômago. Com cuidado, entro no escritório e dou a volta em sua mesa, até onde ele está sentado. Ele continua sem dizer nada, os olhos fixos nos meus. Fico de pé diante dele, sentindo-me uns cinquenta tons idiota.
— Voltei. Você está bravo comigo?
Ele suspira, pega a minha mão e me puxa até o seu colo. Envolvendo os braços ao redor de mim, enterra o nariz em meu cabelo.
— Estou.
— Desculpe. Não sei o que deu em mim. — Enrosco-me em seu colo, inalando seu cheiro celestial, sentindo-me segura, apesar de ele estar bravo comigo.
— Nem eu. Use as roupas que você quiser — murmura. Ele corre a mão pela minha perna nua até a minha coxa. — Além do mais, esse vestido tem suas vantagens. — E se inclina para me beijar.
Assim que nossos lábios se tocam, sou dominada por uma paixão ou uma lascívia ou uma necessidade profunda de fazer as pazes, e o desejo corre solto em meu sangue. Pego sua cabeça nas mãos, enfiando os dedos em seu cabelo. Christian geme, seu corpo responde, e ele morde faminto meu lábio inferior — meu pescoço, minha orelha, sua língua invadindo minha boca, e antes que eu perceba, ele está abrindo a calça, colocando-me de pernas abertas em seu colo e entrando em mim. Agarro o encosto da cadeira, meus pés mal tocando o chão... e nós começamos a nos movimentar.
* * *
— GOSTO DO SEU JEITO de pedir desculpas. — Ele respira em meu cabelo.
— E eu gosto do seu. — Rio, aninhando-me em seu peito. — Você já acabou?
— Deus do céu, Ana, você quer mais?
— Não! O trabalho.
— Vou acabar em meia hora, mais ou menos. Ouvi sua mensagem na minha caixa postal.
— De ontem.
— Você parecia preocupada.
— Eu estava preocupada. — Abraço-o com força. — Não é do seu feitio não responder.
Ele beija meu cabelo.
— Seu bolo deve ficar pronto em meia hora. — Sorrio para ele e levanto do seu colo.
— Mal posso esperar. O cheiro que veio do forno estava delicioso, sugestivo mesmo.
Eu sorrio timidamente para ele, sentindo-me um pouco envergonhada, e ele espelha minha expressão. Caramba, somos mesmo tão diferentes? Talvez sejam suas memórias de infância de bolo no forno. Inclinando-me, deixo um beijo rápido no canto de sua boca e volto para a cozinha.
* * *
JÁ TENHO TUDO pronto quando o ouço sair do escritório, e acendo uma vela dourada no topo do bolo. Ele abre um sorriso de orelha a orelha enquanto caminha na minha direção, e eu canto “Parabéns pra você” baixinho. Ele se abaixa e assopra a vela, de olhos fechados.
— Já fiz meu pedido — diz ao abri-los novamente e, por algum motivo, seu olhar me faz corar.
— A cobertura ainda está mole. Espero que você goste.
— Mal posso esperar para provar, Anastasia — murmura ele, fazendo a frase soar tão sensual.
Corto uma fatia para cada um de nós, e comemos com garfinhos pequenos.
— Hum — geme ele, satisfeito. — É por isso que quero casar com você.
E eu rio de alívio... ele gostou.
* * *
— PRONTA PARA ENFRENTAR minha família? — Christian desliga o motor do R8.
Estamos estacionados na garagem de seus pais.
— Pronta. Você vai dizer a eles?
— Claro. Estou ansioso para ver a reação deles. — Ele abre um sorriso malicioso para mim e sai do carro.
São sete e meia da noite, e apesar de ter sido um dia quente, uma brisa fresca sopra da baía. Aperto a echarpe ao meu redor ao sair do carro. Estou usando um vestido de festa verde-esmeralda que encontrei hoje de manhã quando estava vasculhando o armário. Ele tem um cinto largo combinando. Christian pega a minha mão, e seguimos para a porta da frente. Carrick abre a porta antes que ele possa bater.
— Christian, olá. Feliz aniversário, meu filho. — Ele pega a mão estendida de Christian, mas o puxa num abraço breve, surpreendendo-o.
— Er... Obrigado, pai.
— Ana, que bom ver você de novo. — Ele também me abraça, e nós o seguimos para dentro da casa.
Antes de chegarmos à sala de estar, Kate atravessa o corredor, fumegando, na nossa direção. Parece furiosa.
Ah, não!
— Vocês dois! Quero falar com vocês — rosna em seu tom de “é melhor vocês não se meterem comigo”.
Olho nervosa para Christian, que dá de ombros e decide fazer sua vontade, e nós a seguimos até a sala de jantar, deixando Carrick confuso sob o umbral da porta da sala de estar. Ela fecha a porta e se vira para mim.
— Que porra é essa? — sussurra e agita uma folha de papel na minha direção.
Completamente confusa, pego a folha e dou uma olhada rápida. Minha boca fica seca. Puta merda. É a minha resposta ao e-mail de Christian, discutindo o contrato.
CAPÍTULO VINTE E DOIS
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Fico pálida, meu sangue congela, e o medo me domina o corpo. Instintivamente, dou um passo, colocando-me entre ela e Christian.
— O que é? — murmura Christian num tom cauteloso.
Eu o ignoro. Não posso acreditar que Kate esteja fazendo isso.
— Kate! Você não tem nada a ver com isso. — Cravo meus olhos irados nela, a raiva substituindo o medo.
Como ela se atreve? Não agora, não hoje. Não no aniversário de Christian. Surpresa com a minha reação, ela pisca, os olhos verdes arregalados.
— Ana, o que é? — pergunta Christian de novo, num tom mais ameaçador.
— Christian, você pode sair, por favor? — peço a ele.
— Não. Mostre para mim. — Ele me estende a mão, e sei que não vai aceitar um não como resposta; sua voz é fria e ríspida. Relutante, entrego-lhe o e-mail.
— O que ele fez com você? — pergunta Kate, ignorando Christian. Ela parece muito apreensiva. Uma miríade de imagens eróticas me passa pela cabeça, e eu coro.
— Não é da sua conta, Kate. — Não consigo afastar a exasperação de minha voz.
— Onde você conseguiu isso? — pergunta Christian, a cabeça inclinada de lado, o rosto inexpressivo, mas a voz... tão ameaçadoramente calma. Kate cora.