Ray se junta a nós, sorrindo docemente para nós duas.
— Você criou uma menina linda, Carla — diz ele, os olhos brilhando de orgulho.
Ray está muito garboso nesse smoking preto com a faixa de um tom pálido de rosa. Sinto as lágrimas surgirem no fundo dos meus olhos. Ah, não… até agora eu consegui não chorar.
— E você cuidou dela e a ajudou a crescer, Ray. — A voz de Carla é nostálgica.
— Cada minuto foi maravilhoso para mim. Você está me saindo uma noiva fantástica, Annie. — Ele pega a mesma mecha solta de cabelo, coloca-a atrás da minha orelha.
— Ah, pai…
Sufoco um soluço, e ele me abraça daquele seu jeito apressado e desconfortável.
— E também vai se sair uma esposa fantástica — sussurra ele, a voz rouca.
Quando Ray me solta, vejo Christian novamente ao meu lado.
Eles dão um aperto de mãos caloroso.
— Cuide da minha menina, Christian.
— É o que farei, Ray. Carla. — Ele cumprimenta meu padrasto com a cabeça e dá um beijo em minha mãe.
O resto dos convidados formou um comprido arco humano que nos conduzirá até a frente da casa.
— Pronta? — pergunta Christian.
— Sim.
Ele pega minha mão e me guia por baixo dos braços esticados, enquanto nossos convidados gritam boa sorte e parabéns e jogam arroz sobre nós dois. Esperando-nos com sorrisos e abraços no final do túnel estão Grace e Carrick. Eles nos abraçam e nos beijam. Grace se emociona novamente quando nos despedimos apressadamente.
Taylor está à nossa espera para nos levar dali no SUV Audi. Enquanto Christian segura a porta do carro aberta para mim, jogo meu buquê de rosas brancas e cor-de-rosa para a multidão de jovens que se formou atrás de mim. Mia triunfantemente o pega no alto, com um sorriso de orelha a orelha.
Entro no SUV rindo da maneira audaciosa como Mia agarrou o buquê, e Christian se abaixa para pegar a bainha do meu vestido. Logo que me vê confortavelmente instalada dentro do carro, ele acena um adeus para a multidão.
Taylor abre a porta do carro para ele.
— Parabéns, senhor.
— Obrigado, Taylor — responde Christian, sentando-se ao meu lado.
Enquanto o motorista arranca, os convidados jogam arroz sobre o automóvel. Christian pega minha mão e beija os nós dos meus dedos.
— Até aqui tudo bem, Sra. Grey?
— Até aqui tudo ótimo, Sr. Grey. Para onde vamos?
— Aeroporto — diz ele simplesmente, e sorri com uma expressão de esfinge.
Humm... o que ele está tramando?
Taylor não se dirige para o terminal de embarque, como eu esperava; em vez disso, passa por um portão de segurança e vai diretamente para a pista. O quê? E então eu vejo: o jatinho de Christian... Grey Enterprises Holdings, Inc. Escrito em imensas letras azuis na fuselagem.
— Não me diga que você está novamente usando o patrimônio da empresa para fins pessoais!
— Ah, espero que sim, Anastasia. — Christian sorri.
Taylor para perto da escada que dá para o avião e salta do Audi para abrir a porta para Christian. Eles discutem alguma coisa rapidamente; então Christian abre minha porta — e, em vez de dar um passo para trás e me deixar passar, ele se abaixa e me pega no colo.
Uau!
— O que você está fazendo? — Solto um gritinho.
— Carregando você para dentro.
— Ah... — Não deveria ser quando chegássemos em casa?
Ele me leva sem esforço escada acima, e Taylor nos segue com minha mala. Deixa-a na porta do avião antes de retornar ao Audi. Dentro da cabine, reconheço Stephan, o piloto de Christian, em seu uniforme.
— Bem-vindo a bordo, senhor. Olá, Sra. Grey. — Ele sorri.
Christian me coloca no chão e aperta a mão de Stephan. Ao lado do piloto está uma morena de uns... trinta e poucos anos, talvez? Ela também está de uniforme.
— Parabéns aos dois — continua ele.
— Obrigado, Stephan. Anastasia, você já conhece o Stephan. Ele vai ser nosso comandante hoje, e esta é a primeira-oficial Beighley.
Ela cora quando Christian a apresenta, e pisca rápido. Tenho vontade de bufar de raiva. Mais uma mulher completamente encantada pelo meu marido lindo-até-demais-para-o-meu-gosto.
— Prazer em conhecê-la — Beighley me cumprimenta, efusivamente.
Sorrio com simpatia para ela. Afinal de contas... ele é meu.
— Tudo certo para decolarmos? — pergunta Christian, dirigindo-se aos dois oficiais, enquanto dou uma olhada na cabine.
O interior é todo composto de madeira clara e couro creme. De extremo bom gosto. Do outro lado vejo mais uma jovem uniformizada — uma morena muito bonita.
— Tudo pronto. O tempo está bom daqui até Boston.
Boston?
— Turbulências?
— Só a partir de Boston. Há uma frente fria sobre Shannon que talvez cause certa instabilidade ao avião.
Shannon? Irlanda?
— Certo. Bom, espero só acordar depois de passarmos o mau tempo — diz Christian, tranquilo.
Acordar?
— Vamos nos preparar, senhor — diz Stephan. — Os senhores ficarão sob os atenciosos cuidados de Natalia, nossa comissária de bordo.
Christian desvia o olhar na direção da moça e franze o cenho, mas vira-se de volta para Stephan com um sorriso.
— Excelente — diz.
Ele pega minha mão e me leva até um dos suntuosos assentos de couro. Deve haver cerca de doze no total.
— Sente-se — diz ele, tirando o paletó e desabotoando o fino colete de brocado prateado.
Sentamo-nos em duas poltronas individuais, uma de frente para a outra, com uma mesinha incrivelmente lustrada no meio.
— Bem-vindos a bordo, senhores, e meus parabéns. —Natalia surgiu ao nosso lado e nos oferece uma taça de champanhe rosé.
— Obrigado — diz Christian, e Natalia sorri polidamente ao se retirar para os fundos do avião. — Brindemos a uma feliz vida de casados, Anastasia.
Christian levanta a taça em direção à minha e batemos de leve as duas. O champanhe é delicioso.
— Bollinger? — pergunto.
— Exato.
— A primeira vez que tomei Bollinger foi em uma xícara de chá. — Sorrio.
— Eu me lembro bem daquele dia. Sua formatura.
— Aonde estamos indo? — Não consigo conter minha curiosidade nem um minuto mais.
— Shannon — responde Christian, os olhos reluzentes de entusiasmo. Parece um menininho.
— Na Irlanda? Vamos para a Irlanda!
— Para reabastecer — acrescenta ele.
— E depois? — pergunto logo em seguida.
Seu sorriso aumenta e ele balança a cabeça.
— Christian!
— Londres — responde ele, encarando-me com intensidade para avaliar minha reação.
Engulo em seco. Minha Nossa! Achei que talvez estivéssemos indo a Nova York ou Aspen ou ao Caribe. Mal posso acreditar. Durante toda a minha vida eu quis conhecer a Inglaterra. Uma chama se acende dentro de mim; sinto-me incandescente de felicidade.
— Depois, Paris.
O quê?
— Depois, sul da França.
Uau!
— Sei que você sempre sonhou em conhecer a Europa — diz ele, suavemente. — Quero fazer seus sonhos se tornarem realidade, Anastasia.
— Você é o meu sonho, Christian.
— Digo o mesmo quanto a você, Sra. Grey — sussurra ele.
Ah, nossa...
— Aperte o cinto.
Dou um sorriso e obedeço.
Enquanto o avião começa a taxiar na pista, tomamos tranquilamente nosso champanhe, rindo um para o outro sem motivo aparente. Não posso acreditar. Aos vinte e dois anos, finalmente estou partindo dos Estados Unidos em direção à Europa — indo justamente a Londres.
Uma vez no ar, Natalia nos serve mais champanhe e prepara nosso banquete de casamento. É realmente um banquete: salmão defumado, seguido de perdiz assado com salada de feijão verde e batatas dauphinoise, tudo preparado e servido pela ultraeficiente Natalia.