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Havia ele descoberto alguma coisa, ou estava tentando obter alguma informação dela.

Ashley falou com cuidado:

- Ele estava interessado em mim, delegado, mas eu não sentia nada por ele. Deixei isso bem claro para ele.

O delegado assentiu.

- Sabe, eu acho que foi gentil da sua parte ir ao apartamento dele entregar-lhe os tais papéis.

Ashley quase disse "Que papéis?", mas de repente se lembrou.

- Não foi incômodo algum. Estava no meu caminho.

- Certo. Alguém devia odiar muito Tibble para fazer o que fez.

Ashley ficou sentada, tensa, sem dizer nada.

- Sabe o que eu odeio? - falou o delegado Blake. - Assassinatos que não são solucionados. Sempre me deixam frustrado. Porque quando um assassinato fica sem solução, eu não acho que isso signifique que os criminosos foram tão espertos assim. Mas sim que a polícia não foi suficientemente esperta. Bem, até agora, dei sorte. Resolvi todos os crimes que me caíram nas mãos. - Ele levantou-se. - Não pretendo desistir deste. Caso consiga pensar em qualquer coisa que possa ser útil, a senhorita vai me ligar, não vai?

- Claro que vou.

Depois que o delegado saiu, Ashley pensou: Será que ele veio até aqui como uma advertência? Será que sabe mais do que está me contando?

Toni estava mais absorta do que nunca na Internet. Gostava mais dos bate-papos com Jean Claude, mas isso não a impedia de ter outros correspondentes nos chat rooms. A cada chance que tinha, sentava-se diante do computador, e as mensagens digitadas iam de um lado para o outro, respingando na tela do computador.

- Toni? Por onde você tem andado? Eu vivo no chat room à sua espera.

- Vale a pena esperar por mim, meu querido. Fale-me de você. O que você faz?

- Eu trabalho numa farmácia. Nós podemos nos dar bem.

Você transa drogas?

-Caia fora.

- É você, Toni?

- A resposta aos seus sonhos. Você, Mark?

- Eu, mesmo.

- Faz um bom tempo que você não aparece aqui pela Internet.

- Tenho andado ocupado. Eu gostaria de conhecer você, Toni.

- Mark, me diga uma coisa, o que você faz?

- Sou bibliotecário.

- Que legal! Um monte de livros e tudo mais...

- Quando a gente pode se encontrar?

- Por que você não pergunta a Nostradamus?

- Oi, Toni, meu nome é Wendy.

- Oi, Wendy.

- Você parece ser uma pessoa divertida.

- Gosto da vida.

- Talvez eu possa ajudá-la a gostar ainda mais.

- Qual é a sua sugestão?

- Sabe, espero que você não seja uma dessas pessoas de mentalidade estreita, que têm medo de experimentar coisas novas que possam ser interessantes. Eu gostaria de lhe propiciar uns bons momentos.

- Obrigada Wendy! Você não tem o equipamento de que preciso.

E então, Jean Claude Parent voltou.

- Bon nuit. Comment ça va? Como vai?

- Muito bem. E você?

- Senti saudades. Estou querendo muito conhecer você em pessoa.

- Eu também. Obrigada por ter me enviado a sua fotografia. Você é bonitão.

- E você é linda. Eu acho que é muito importante nós nos conhecermos. A sua empresa vem para a convenção de informática aqui em Quebeque?

- O quê? Não, que eu saiba! Quando vai ser?

- De hoje há três semanas. Muitas empresas grandes virão. Vou torcer para que você venha.

- Eu também.

- Vamos nos encontrar no chat room amanhã no mesmo horário?

- Claro. Até amanhã.

- Demain.

Na manhã seguinte, Shane Miller foi até a mesa de Ashley.

- Ashley, você está sabendo sobre essa grande convenção de informática que vai ser realizada em Quebeque?

Ela assentiu.

- Estou. Parece interessante.

- Eu estava discutindo agorinha mesmo se deveríamos enviar um pessoal nosso para lá.

- Todas as empresas vão estar representadas - disse Ashley.

- A Symantec, a Microsoft, a Apple. A prefeitura de Quebeque está preparando um grande espetáculo para todo mundo. E uma viagem dessas poderia valer como um presente de Natal.

Shane Miller sorriu pelo entusiasmo dela.

- Vou estudar o assunto.

Na manhã seguinte, Shane Miller chamou Ashley ao seu escritório.

- O que você acha de passar o Natal em Quebeque?

- Nós vamos? Que legal - falou Ashley, entusiasmada.

Antigamente, ela passava os feriados natalinos com o pai, mas este ano estava abominando a idéia.

- É melhor levar muita roupa de frio.

- Não se preocupe. Vou levar. Estou ansiosa para viajar, Shane!

Toni estava no chat room da Internet.

- Jean Claude, a empresa vai enviar um grupo nosso para Quebeque!

- Formidável! Fico muito satisfeito. Quando você vai chegar?

- De hoje há duas semanas. Seremos quinze ao todo.

- Merveilleux! Tenho a impressão de que algo muito importante vai acontecer

- Eu também.

Algo muito importante.

Ashley assistia ansiosamente aos noticiários toda noite, mas não havia progresso algum quanto ao assassinato de Dennis Tibble. Ela começou a relaxar. Se a polícia não conseguisse associá-la ao caso, não haveria como fazer qualquer ligação com seu pai. Ela chegou a se preparar meia dúzia de vezes para falar com ele sobre o assunto, mas todas às vezes acabou retrocedendo. E se ele fosse inocente? Seria capaz de perdoá-la por acusá-lo de assassino? E se ele for culpado - eu não quero saber, pensou Ashley. Eu não poderia agüentar. E se ele fez essas coisas terríveis, em sua mente, fez isso para me proteger Pelo menos, não vou precisar encará-lo neste Natal.

Ashley telefonou para o pai em São Francisco. Ela disse, sem preâmbulos:

- Não vou poder passar o Natal com você este ano, papai. Minha empresa está me enviando para uma convenção no Canadá.

Houve um prolongado silêncio.

- O momento não é muito propício, Ashley. Você e eu sempre passamos o Natal juntos.

- Não tenho como evitar...

- Você é tudo que eu tenho, sabe disso.

- Eu sei, papai, e... Você é tudo que eu tenho.

- É o que importa.

Importa a ponto de chegar a matar por causa disso?

- Onde vai ser a convenção?

- Em Quebeque...

- Ah! É um lugar maravilhoso. Não vou lá há anos. Sabe o que eu vou fazer? Não tenho nada marcado no hospital nessa época. Vou pegar um avião para me encontrar com você lá, e vamos cear juntos.

Ashley falou rapidamente:

- Acho que não é um a...

- Faça uma reserva para mim no hotel em que você for se hospedar. Não é bom quebrar a tradição, certo?

Ela ficou um pouco indecisa e acabou dizendo devagar:

- Não, papai. Não é.

Como é que eu vou encará-lo?

Alette estava empolgada. Falou para Toni:

- Eu nunca fui a Quebeque. Há museus por lá?

- Claro que há - disse -lhe Toni. - Lá tem de tudo. Muitos desportos de inverno. Esqui, patinação no gelo...

Alette estremeceu.

- Eu odeio o frio. Não quero saber de esportes. Mesmo de luvas, meus dedos ficam enregelados. Prefiro visitar os museus...

No dia 21 de dezembro, o grupo da Global chegou ao Aeroporto Internacional Jean-Lesage, em Sainte-Foy, e foi levado ao famoso Chateou Frontenac, em Quebeque. Fazia um frio tremendo, abaixo de zero, e as ruas estavam cobertas de neve. Jean Claude dera a Toni o número do telefone de sua casa. Ela ligou para ele assim que se instalou no hotel.

- Espero que eu não esteja ligando muito tarde.

- Mas não! Não posso acreditar que você esteja aqui. Quando vou poder vê-la?

- Bem, nós todos vamos ao centro de convenções amanhã de manhã, mas eu poderia dar uma fugidinha para almoçar com você.

- Bon! Há um restaurante, Le Paris-Brest, na Grande Allée Est. Você pode se encontrar comigo lá a uma da tarde?

- Estarei lá.

O Centre des Congres de Quebeque, no René Lévesque Boulevard, é a última palavra em edifícios de aço e vidro, com quatro andares e capacidade para receber milhares de participantes numa só convenção. As nove da manhã, os enormes saguões estavam abarrotados de peritos em informática oriundos de todos os cantos do mundo, trocando as mais recentes informações sobre os desenvolvimentos da área. Eles ocupavam as salas de multimídia, os estandes de mostra e os centros de vídeo-conferência. Meia dúzia de seminários ocorriam simultaneamente. Toni estava enfadada.