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- Monsieur Parent. É sempre um prazer revê-lo.

- Obrigado André! Esta é a Senhorita Toni Prescott, Sr. Nicholas.

- Muito prazer, Senhorita Prescott. Sua mesa está reservada.

- A comida é excelente aqui - assegurou Jean Claude a Toni quando eles já estavam sentados. -Vamos começar tomando um champanhe.

Eles pediram paillard de vitela, torpille, salada e uma garrafa de Valpolicella.

Toni continuava admirando o anel de esmeralda que Jean Claude lhe dera.

- É tão lindo! - exclamou.

Jean Claude se inclinou por cima da mesa.

- Tu aussi. Não há como lhe dizer da alegria que estou sentindo por termos finalmente nos encontrado.

- Eu também não tenho palavras - disse Toni baixinho.

A música começou. Jean Claude olhou para Toni.

- Você gostaria de dançar?

- Adoraria!

Dançar era uma das paixões de Toni, e quando chegava à pista de dança, ela se esquecia de tudo mais. Era uma menininha dançando com o pai, e a mãe dizendo: "Que menina desajeitada!" Jean Claude estava dançando bem próximo a ela.

- Você dança muito bem.

- Obrigada! - Ouviu só, mamãe?

Toni pensou: Eu gostaria que isto não tivesse fim, que continuasse assim para sempre.

No caminho de volta para o hotel, Jean Claude falou:

- Chérie... Você gostaria de passar na minha casa para coroarmos a noite?

Toni se mostrou um pouco indecisa e disse:

- Hoje não, Jean Claude.

- Amanhã, pode ser?

Ela apertou-lhe a mão.

- Amanhã.

As três da madrugada, o polícia René Picard fazia a ronda pela Grande Allée, no Quartier Montcalm, quando percebeu que a porta da frente de uma casa de dois andares com fachada em tijolos aparentes estava escancarada. Ele estacionou a viatura junto ao meio-fio e saiu para investigar. Caminhou até à porta e chamou: - Bon soir Y a-t-il, quelqu'un? Não houve resposta alguma. A casa estava tranqüila, de uma forma que não parecia natural. Desabotoando a cartucheira, o policial Picard entrou e começou a vasculhar o primeiro andar, perguntando se havia alguém à medida que passava de um cômodo para outro. A única resposta que obteve foi um estranho silêncio. Ele voltou ao saguão de entrada. Havia uma bela escadaria que levava ao andar de cima.

- Alô! - Nada.

O policial Picard começou a subir a escada. Quando chegou ao último degrau, sua arma já estava na mão. Ele tornou a chamar e pôs-se a andar pelo corredor comprido. Logo adiante, encontrou a porta de um quarto entreaberta. Aproximou-se dela, escancarou-a e empalideceu.

- Mon Dieu!

Às cinco horas da mesma madrugada, no edifício de pedras cinzas e tijolos amarelos do Story Boulevard, onde ficava a Central de Polícia, o inspetor Paul Cayer estava perguntando:

- O que temos aí?

O polícia Guy Fontaine respondeu:

- O nome da vítima é Jean Claude Parent. Ele foi esfaqueado pelo menos uma dúzia de vezes e castrado. O legista diz que o assassinato ocorreu há três ou quatro horas. Encontramos um recibo do restaurante Pavillon no bolso do paletó de Parent. Ele tinha jantado lá ontem à noite. Nós tiramos o dono do restaurante da cama.

- E então?

- Monsieur Parent esteve no Pavillon com uma mulher chamada Toni Prescott, uma morena, muito atraente, com sotaque inglês. O gerente da joalheria de monsieur Parent disse que, durante o dia, monsieur Parent havia levado à loja uma mulher, que correspondia à mesma descrição, que apresentou como Toni Prescott. Ele lhe deu um anel de esmeralda muito caro. Nós também acreditamos que monsieur Parent tenha praticado sexo com alguém antes de morrer e que a arma do crime tenha sido a lâmina de aço de uma espátula de abrir envelopes de papel. Havia impressões digitais nela. Nós as enviamos para o nosso laboratório e para o FBI. Estamos aguardando os laudos.

- Vocês já pegaram essa Toni Prescott?

- Non.

- E por que não?

- Não conseguimos encontrá-la. Verificamos em todos os hotéis. Procuramos em nossos arquivos e nos do FBI. Ela não tem certidão de nascimento, não está cadastrada na previdência social, nem carteira de habilitação.

- Impossível. Será que ela saiu da cidade?

O polícia Fontaine balançou a cabeça.

- Acho que não, inspetor. O aeroporto fechou à meia-noite. O último comboio saiu de Quebeque ontem às cinco e trinta e cinco da tarde. O primeiro comboio partirá hoje às seis e trinta e nove. Enviamos uma descrição dela para a estação rodoviária, para as duas empresas de táxi e para a companhia de limusines.

- Pelo amor de Deus! Temos o nome, a descrição e as impressões digitais dela. Essa mulher não pode desaparecer assim.

Uma hora depois, chegou o laudo do FBI. Eles não haviam conseguido identificar as impressões digitais. Não havia registro algum de Toni Prescott.

Capítulo Oito

Cinco dias depois de Ashley ter voltado de Quebeque, seu pai estava ao telefone.

- Acabei de voltar

- Voltar? -Ashley precisou de um instante para se recordar

- Ah, o seu paciente na Argentina. Como vai ele?

- Vai sobreviver

- Que bom!

- Você pode vir até São Francisco para jantarmos amanhã?

Ela estremeceu diante da simples ideia de encará-lo, mas não conseguiu pensar em desculpa alguma.

- Tudo bem.

- Vamos nos encontrar no restaurante Lulu. Às oito.

Ashley estava esperando no restaurante quando o pai entrou. Mais uma vez ela percebeu os olhares de admiração estampados nos rostos das pessoas. Seu pai era um homem famoso. Ele arriscaria tudo que tinha só para...?

Ele estava à mesa.

- Que bom ver você, minha querida! Fiquei sentido pela ceia de Natal!

Ela se forçou a dizer:

- Eu também.

Ashley estava olhando para o cardápio, sem vê-lo, tentando colocar os pensamentos em ordem.

- O que você vai querer?

- Eu... Eu não estou com muita fome - disse ela.

- Você precisa comer alguma coisa. Está ficando magra demais.

- Vou querer frango, então...

Ela ficou olhando para o pai, enquanto ele fazia o pedido, e imaginou se teria coragem de comentar sobre o assunto.

- Como foram as coisas em Quebeque?

- Tudo muito interessante - disse Ashley. - A cidade é linda.

- Precisamos ir lá juntos uma hora dessas.

Ela tomou uma decisão e tentou manter o tom de voz o mais à vontade que conseguiu.

- Precisamos, sim. A propósito... Em junho último eu fui à reunião de dez anos de formatura da minha turma do segundo grau em Bedford.

Ele assentiu.

- E gostou?

- Não. - Ela falou devagar, escolhendo as palavras com cuidado. - Eu... Descobri que no dia seguinte à nossa partida para Londres, o corpo de Jim Cleary... Foi encontrado. Ele foi esfaqueado... E castrado. - Ela ficou sentada, olhando para ele, esperando uma reação.

O Dr. Paterson franziu o cenho.

- Cleary? Ah, sim! Aquele rapaz que vivia atrás de você! Eu a salvei das mãos dele, não salvei?

O que significaria aquilo? Seria uma confissão? Ele a teria salvado de Jim Cleary matando-o?

Ashley respirou profundamente e prosseguiu.

- Dennis Tibble foi assassinado da mesma forma. Foi esfaqueado e castrado. - Ela ficou olhando para o pai, enquanto ele pegava um pãozinho e passava a manteiga com delicadeza.

Quando ele finalmente se pronunciou, disse:

- Não me surpreende, Ashley. As pessoas ruins costumam encontrar o fim que merecem.

E ali estava um médico falando, um homem dedicado a salvar vidas. Eu jamais vou entendê-lo, pensou Ashley. E nem sei se quero. Quando o jantar terminou, Ashley não tinha conseguido chegar muito perto da verdade.

- Eu gostei muito de Quebeque, Alette. Eu gostaria de voltar um dia. Você se divertiu? - disse Toni.

- Eu gostei dos museus. - falou Alette, timidamente.

- Você já telefonou para o seu namorado em São Francisco?